RESGATAR O CARNAVAL COMO SÍMBOLO DA RESISTÊNCIA: TIREM SUAS MÃOS REPRESSIVAS DO LAZER E DA CULTURA POPULAR! PELA AUTO-ORGANIZAÇÃO DOS FESTEJOS NAS RUAS! PELO DIREITO DOS EXPLORADOS SE DIVERTIREM E EXPRESSAREM ALEGORICAMENTE SEU JUSTO ÓDIO CONTRA O CAPITAL. A PANDEMIA FOI POTENCIALIZADA PELO NEOLIBERALISMO (SUCATEAMENTO DO SUS, FALTA DE MEDICAMENTOS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE) E NÃO PELAS MANIFESTAÇÕES POPULARES!
Os festejos de Carnaval estão proibidos em todo o Brasil. O clima de terror sanitário imposto pelos governos burgueses em colaboração com a chamada “esquerda lockdown” acabaram por minar a festa popular mais tradicional do país. A manipulação clara das estatísticas pela mídia e os órgãos estatais às vésperas do carnaval, como denunciou o Blog da LBI, serve justamente para amedrontar o povo explorado e legitimar as medidas repressivas contra as chamadas “aglomerações sociais”. Enquanto isso, os mesmos governos que reprimem as “festas mundanas e subversivas contra a ordem da quarentena” cinicamente patrocinam o chamado “turismo ordeiro e familiar” conservador, reacionário e de elite, tanto que os hotéis nos destinos turísticos nacionais estão lotados, as praias distantes com pousadas tem ocupação de 100% e as regras de restrição de funcionamento não afetam certos “filões” do entretenimento, como bares em resorts de luxo, passeios de embarcações “top” e baladas privadas com segurança particular. Para o povo a lei e o peso da ação da PM, para os “VIPs” e endinheirados o lazer nababesco, como foram as festas dos finais de anos das “celebridades” ou o futebol para poucos da final da Libertadores e Mundial de clubes da FIFA. Mais uma vez afirmamos que a pandemia foi potencializada pelo neoliberalismo (sucateamento do SUS, falta de medicamentos e profissionais de saúde) e não pelas manifestações populares!
O Carnaval, uma festa originariamente espontânea e dos setores explorados, se transformou gradativamente em um espetáculo grandioso, ferreamente controlado e armado pela burguesia e o grande capital que intervierem no evento impondo caríssimos ingressos e desfiles para camarotes de “vips” destinados à “alta sociedade”. Agora essa realidade é reforçada ainda mais com a pandemia, usada como pretexto para impedir o carnaval de rua, espontâneo e de massas!
A burguesia historicamente passou a controlar o Carnaval de rua (transformado em sambódromos e trios elétricos milionários voltados unicamente para a “espetacularização” do evento) nos grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Olinda e interferiu não só na organização do evento (algo perceptível, particularmente, nos elevados preços dos ingressos e de tudo que está em torno da festa), como também, na transformação desta em um espetáculo para a exibição de valores e comportamentos que não têm qualquer correspondência com o espírito popular de sua origem chamado “entrudo”, ou seja, a “festa de libertação” que antecede a quaresma. O entrudo era considerado uma forma de explosão de sentimentos contidos durante o ano todo e com a possibilidade de liberá-los durante os três dias, manifestação cultural que foi a época duramente combatida pela mídia e a elite, sofrendo forte repressão estatal.
É preciso resgatar o carnaval com o genuíno espírito de resistência, lutando ideologicamente para dotar o movimento operário e popular de uma clara conscientização programática acerca do que o terror sanitário imposto pela nova ordem mundial do capital financeiro, que criminaliza os festejos populares e o lazer operário, como o Carnaval espontâneo e não do “mercado”.
Não por acaso há em nossos dias uma campanha orquestrada contra as festas populares nos bairros periféricos, devido à resistência de milhares e milhares de jovens, que se recusam a deixar de se divertir nas praias, bares ou em festas improvisadas, que para o regime, com uma clara marca ditatorial, passaram a ser chamados de “eventos clandestinos”.
Repudiamos essa política repressiva e saudamos a justa reação de milhares que negam a possibilidade do Estado burguês e suas forças repressivas colocarem limites ao seu direito à diversão, após meses do mais insano dos confinamentos e sucateamento da saúda pública, além do fim do auxílio emergencial que gerou mais fome e desemprego, deixando os transportes públicos lotados para serem explorados pelas grandes empresas.
O problema de saúde não está nas manifestações populares, mas nas políticas do Estado burguês, que por não garantirem uma vida digna à população como um todo, colaboram para a existência e o desenvolvimento de todo tipo de doenças, que sempre atingem os setores empobrecidos.
As forças de esquerda que se dizem democráticas deveriam gritar bem alto e fazer marchinhas e enredos denunciado essa realidade das massas oprimidas: “Não a clandestinidade da diversão popular, tirem suas mãos repressivas do lazer do povo trabalhador! Pelo direito elementar da classe operária e do povo de circular, se reunir e brincar o Carnaval de resistência! Por um aumento significativo do orçamento da saúde a partir do não pagamento da dívida externa e interna! Pelo fortalecimento do SUS! O capitalismo é o verdadeiro vírus da morte!”.
Desgraçadamente, a esquerda domesticada pela OMS e a Big Pharma, adeptada da "vacina milagrosa" cujas vendas vem gerando um negócio trilionário, vai no sentido contrário, defendendo a repressão estatal contra as “aglomerações sociais” e se aliando a Igreja reacionária, polícia, a mídia venal e aos governos de plantão, que passaram ser apresentados cinicamente como aliados e parceiros na “defesa da vida”, fechando os olhos que esses setores sempre serviram aos interesses do capital, um sistema onde a vida do povo não tem quaquer valor e importância!
Os Marxistas Revolucionários e amantes do Carnaval de massas, chamamos a retornar o “espírito” guerreiro e subversivo da festa de rua, uma vez que o Carnaval era sinônimo de subversão dos “bons costumes” da elite oligarca ultrarreacionária, inclusive que representava o caráter contestatório político-religioso presente até meados da década de 50, com a sátira política como crítica ao regime político vigente. Esse resgate se faz necessário hoje em tempos de pandemia, de repressão aberta contra o direito dos explorados de se divertirem e terem lazer!