terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

SEGUNDO TURNO DEFINIDO NO EQUADOR: NACIONALISMO NEOLIBERAL DE ARAUZ VERSUS RENTISMO DA DIREITA TRADICIONAL DE LASSO. O PROLETARIADO DEVE CONSTRUIR SUA PRÓPRIA ALTERNATIVA!

Após duas semanas de tentativa de manipulação, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador finalmente divulgou, no último domingo (21/02), o resultado do pleito presidencial que traz Andrés Arauz à frente, com 3.033.753 de votos (32,72%), economista do partido União pela Esperança (UNES) e apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa – disputará o segundo turno no dia 11 de abril contra o banqueiro Lasso, do Movimento Político Criando Oportunidades (Creo) e do Partido Social Cristão (PSC), que somou 1.830.045 de votos (19,74%). Lasso ficou à frente do candidato indigenista da “nova direita” identitária, Yaku Pérez (19,39%), do Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik, por uma estreita margem de votos. Para a Assembleia Nacional, composta de 137 membros, nenhuma força política conseguiu obter a maioria absoluta. 48 parlamentares – 35,03% são da União pela Esperança (32,21%), aliança respaldada pelo correísmo, e que inclui o partido Centro Democrático, de Jimmy Jairala, ex-prefeito de Fuayas. A parlamentar mais votada é Pierina Correa, irmã do ex-presidente, apoiadora de Arauz.Além da UNES, integrarão os blocos legislativos Pachakutik (16,81%); Partido Social Cristão (9,73%); Esquerda Democrática (11,98%), e o Movimento Creo (9,65%).

Independentemente de qual das duas variantes burguesas (esquerda ou direita) seja a vencedora da presidência no Equador, Arauz ou Lasso, terão que enfrentar uma crise capitalista estrutural. A crise econômica, a mais grave que o país vive em quatro décadas, gerando um nível de desemprego e miséria recordes. É que historicamente, as elites da burguesia equatoriana representam uma força social que quer controlar o Estado para subordiná-lo aos seus interesses econômicos por meio da implantação do agressivo modelo empresarial neoliberal, que tem sido a tendência hegemônica durante décadas, final do século 20 e que foi restaurado com força com o governo de Lenin Moreno (2017-2021). Lenin Moreno, em seus quase quatro anos de desgoverno, deixou o Equador em uma lamentável crise social, aliada à corrupção institucionalizada, com altos índices de pobreza e desemprego, e uma enorme dívida contraída com o Fundo Monetário Internacional. 

O presidente Lenin Moreno deixará o governo completamente desgastado, que ao longo de seus quatro anos de mandato se caracterizou por enfrentar constantes manifestações multitudinárias camponesas e populares, exigindo melhorias no emprego, nos salários e na sociedade. Estas enormes mobilizações só não derrubaram o governo por conta da estratégia reformista das direções políticas do movimento de massas no Equador. Agora com uma situação de caos social no país, agravada com as medidas equivocadas para debelar a pandemia do coronavírus, o próximo governo enfrentará objetivamente novas manifestações populares, que devem se catalizar na luta pela conquista do poder operário e camponês. Portanto, o movimento de massas não deve depositar nenhuma ilusão em um possível retorno do correismo, hoje representado na candidatura de Arauz, e muito menos na figura do banqueiro neoliberal Lasso.