domingo, 14 de fevereiro de 2021

MORRE AOS 90 ANOS CARLOS MENEM, PRIMEIRO PRESIDENTE PERONISTA E NEOLIBERAL DE DIREITA: ALBERTO FERNÁNDEZ SEGUE SEUS PASSOS, MAS COM UMA “CAPA DE ESQUERDA”...

Carlos Menem, o primeiro presidente peronista e neoliberal de direita, do regime democratizante argentino, morre aos 90 anos. O ex-presidente Carlos Saúl Menem, morreu hoje (15/02) aos 90 anos em uma clínica em Buenos Aires onde esteve internado nos últimos dois meses, devido a uma infecção urinária generalizada. Menem assumiu a presidência do país em 1989, quando a Argentina passava por uma grave crise econômica que gerou hiperinflação e descontrole cambial, após uma gestão desastrosas de Raul Alfosin, do Partido Radical.

Menem nasceu em 1930 na província de La Rioja, uma região no noroeste da Argentina, em uma família de origem síria. Ainda jovem universitário, ingressou no Partido Justicialista fundado por Juan Domingo Perón, o presidente golpeado em 1955. Apesar do peronismo ter sido banido pelo regime militar, Menem continuou a militar clandestinamente. Em 1962, aos 32 anos, concorreu à primeira posto eletivo, como candidato a deputado provincial em La Rioja sob a sigla de partido União Popular, o que era legal.  Ele venceu, mas um novo golpe de Estado o impediu de tomar posse como legislador.

A carreira política de Menem atingiu o clímax em 1973, quando triunfou nas eleições para governador de La Rioja, mas não pôde cumprir seu mandato de seis anos devido ao golpe militar de 1976 que encerrou a presidência de Isabel Martínez, viúva de Perón.  Os militares detiveram Menem por dois anos e depois o mantiveram sob vigilância, mas mesmo assim ele continuou sua carreira política. Em 1983, com o fim da ditadura militar, Menem voltou a disputar o governo de La Rioja e repetiu o triunfo que já havia conquistado uma década antes.De lá, ele saltou para a candidatura presidencial peronista em 1989, com uma larga vitória.

Menem assumiu a presidência quando o país passava por uma grave crise capitalista que gerou desemprego e fome no país, algo até então inédito na história da Argentina. O paliativo neoliberal para postergar a crise era a chamada "conversibilidade" que implicava que o Peso argentino valeria o mesmo que um dólar, porém uma manobra de curto fôlego, apesar do impacto inicial “positivo” da medida.

Além da paridade cambial temporária, Menem privatizou cerca de 60 empresas estatais, incluindo algumas que prestavam serviços estratégicos, como distribuição de gás, eletricidade, água, gás, transporte urbano, trens, Aerolineas Argentinas, Correios, aeroportos, minas, estaleiros, fábricas militares e petróleo National Fiscal Oil Fields (YPF), a estatal petroleira do país. Na política internacional, seu alinhamento com os Estados Unidos era incondicional, tanto que o chanceler Menem assegurou que se tratava de "relações carnais" com o imperialismo ianque, uma vergonha ao menos para o discurso peronista.

No que que toca à herança política da sangrenta ditadura militar, Menem anistiou os integrantes dos comandos genocidas, como o CCC, já condenados por crimes contra a humanidade. Mas com a economia estável e dolarizada, que permitiu a milhares de argentinos viajarem para o exterior, criando a ilusão dos “novos milionários” catapultou a popularidade de Menem. Mas seu mandato expirou em 1995 e ele queria permanecer no governo, então pressionou por uma reforma constitucional para cortar o mandato presidencial do governo de seis para quatro anos, mas com a possibilidade de reeleição.

Seu segundo mandato, no entanto, foi marcado por vários escândalos de corrupção.  “A Ferrari é minha, minha, minha”, disse Menem ao resistir em devolver um carro luxuoso que uma empresa privada lhe deu, o que é proibido pela lei de ética para servidores públicos.  A ostentação das viagens luxuosas dos políticos era habitual, bem como o exibicionismo de sua riqueza nas chamadas "revistas do coração".  O presidente jogava tênis, dirigia carros esportivos, dançava em programas de TV, tirava fotos com os Rolling Stones, além de ficar cada vez mais rico.

Em 1995, Menem com sua reeleição, começa a perder popularidade, ao mesmo tempo a bolha de suposto progresso econômico criada durante seu primeiro governo começou a se esvaziar.  A equação "um peso = um dólar" era insustentável, a pobreza e o desemprego aumentaram vertiginosamente e Menem fracassou em tentar um terceiro mandato consecutivo,

Quatro anos depois, oFernando de la Rúa, do Partido Radical ganhou as eleições presidenciais, mas Menem deixou  uma bomba-relógio que explodiu em 2001, com uma grave explosão social e política que deixou dezenas de mortos em protestos e uma pobreza recorde de mais de 50%, De la Rúa renunciou e a Argentina teve cinco presidentes na última semana de 2001, até que Eduardo Duhalde assumiu o cargo interino e convocou eleições para 2003. Foi o chamado “Argentizazo”.

Capitalizando a crise do Governo Radical de Dela Rua, Menem concorreu e venceu o primeiro turno das eleições presidenciais com 24,45% dos votos, mas quando as pesquisas previram sua esmagadora derrota para outro peronista, Nestor Kirchner no segundo turno, ele decidiu retirar a candidatura. Aí começou a sequência Kirchnerista, que alcança o atual governo de Fernández &Fernandez, o qual Menem apoiava discretamente como Senador da República. O presidente Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner, segue a mesma cartilha neoliberal do Peronismo menemista, porém com uma fachada de “esquerda nacional e popular”, um aríete nas mãos da governança global do capital financeiro, pois é o rentista George Soros quem determina a linha econômica do atual governo Fernández.