MASSAS LIBANESAS SE LEVANTAM CONTRA O CONFINAMENTO E O INCREMENTO DA MISÉRIA: O LOCKDOWN MIRA MATAR O POVO POBRE E NÃO O CORONAVÍRUS
Esta manhã de sexta-feira (05/02) ocorreu a quarta manifestação semanal consecutiva contra o confinamento, a verdadeira praga do desemprego e o alto custo de vida no Líbano, país duramente castigado pela crise capitalista e pela sabotagem econômica e militar promovida pelo enclave do imperialismo na região, falamos é claro de Israel. Os manifestantes concentraram-se na Plaza de Elia, em Beirute e lançaram slogans contra o aumento dos preços e a deterioração das condições de vida, denunciando o rígido confinamento imposto desde meados de janeiro a pretexto da expansão do contágio do coronavírus.
As massas enfurecidas incendiaram pneus e bloquearam as
estradas que levam à Praça Central. O exército libanês teve que intervir para
reabrir a circulação de veículos. O atual governo nacional é produto de pacto
político entre as duas principais forças do país, o Hezbolah (representando a
resistência muçulmana) em minoria e o partido MPL (Movimento Patriótico Livre),
do presidente maronita cristão, Michael Aoun.
Na última segunda-feira o governo anunciou um novo aumento
no preço do pão árabe, um dos principais itens da mesa libanesa, em um país já
mergulhado em colapso econômico, exatamente no momento em que a falência do
Estado impede o subsídio de produtos básicos como o trigo, apesar do
descontentamento social.
A explosão no porto de Beirute, ocorrida em agosto do ano
passado, foi produzida por meio de um ato terrorista do gerdame israelense,
agravando situação econômica precária do país, e que obrigou o governo nacional
a contrair mais empréstimos com a União Europeia (França), porém o Líbano segue
forçado a seguir a receita neoliberal, com cortes salariais e privatizações
exigidas pelo capital financeiro.
A falência econômica, foi ainda mais agravada pela exigência
de um confinamento estrito, onde milhares de pequenos comerciantes e autônomos
foram literalmente jogados na miséria social. O justo desespero da maioria da
nação gerou um clima de profunda instabilidade política, levando o presidente
Aoun a sequer ter condições de nomear um novo Primeiro Ministro, posto que o
anterior renunciou logo após a explosão no porto. Os protestos tem se
generalizado no país inteiro, em quase todas as cidades do Líbano,
especialmente em Beirute e Trípoli, esta última a cidade mais pobre do país.
Trípoli foi palco de manifestações e confrontos violentos na última semana, com
o resultado de vários ativistas mortos e mais de 400 feridos. Os Marxistas
Leninistas que foram os primeiros a denunciar o bloqueio imperialista e as
operações terroristas de Israel contra o Líbano, visando debilitar a
resistência Hezbolah, não podem se abster de colocar- se na trincheira da luta
de massas, contra as medidas neoliberais e repressivas do governo Aoun,
entretanto sempre delimitando com a direita pró-sionista que tenta tirar
proveito político da intensa crise econômica e social que atravessa o país.