ATIVIDADES ECONÔMICAS PRIVADAS EM CUBA SÃO AMPLIADAS: MEDIDAS VOLTADAS PARA O “MERCADO” E ILUSÕES DA BUROCRACIA CASTRISTA NO CARNICEIRO “DEMOCRATA” BIDEN... OS MARXISTAS CHAMAM A REDOBRAR A DEFESA DA REVOLUÇÃO E SUAS CONQUISTAS FRENTE A “NOVA” TÁTICA DO IMPERIALISMO IANQUE!
O governo cubano anunciou neste sábado (06.02) um aumento substancial da atividade privada em vários setores, o que implica uma grande reforma no Estado Operário deformado e suas empresas no marco de uma economia estatizada e controlada pela burocracia castrista. Por outro lado, como afirma o Cubadebate “Na semana passada, o porta-voz da Casa Branca anunciou a vontade do governo Joe Biden de rever a política dos EUA em relação a Cuba, cujo curso foi notavelmente deteriorado pelo governo anterior”. Compreendemos como Marxistas Revolucionários que a melhor forma de defender as conquistas da revolução neste momento difícil de Pandemia é reforçando o chamado a derrotar o imperialismo em nível mundial e não a estabelecer com a Casa Branca uma política de “coexistência pacífica”, muito menos depositar ilusões no governo do carniceiro “Democrata” Biden enquanto se avança em medidas que ampliam atividades privadas em Cuba voltadas para o “Mercado”. Registre-se também que o governo cubano, em um gesto de “boa vontade” absurdo, segue disciplinadamente as ordens da OMS, inclusive recorrendo ao toque de recolher, medida inútil do ponto de vista científico para conter o surto viral fabricado pela nova ordem mundial do capital financeiro, ainda mais quando o número de mortes na Ilha por Covid-19 é inespressivo (167 óbitos até o final de janeiro).
As medidas econômicas, que haviam sido anunciada em agosto pela ministra do Trabalho, Marta Elena Feito, foram aprovadas na sexta-feira pelo Conselho de Ministros. Segundo o artigo publicado no Cubadebate (06.02) intitulado “Conselho de Ministros: A caminho do aperfeiçoamento do projeto social e econômico cubano as medidas visam “Foram aprovados três regulamentos que complementam o desenvolvimento econômico e social do país. A primeira delas, apresentada pela Ministra do Trabalho e Segurança Social, Marta Elena Feito Cabrera, corresponde à melhoria do trabalho autônomo, da qual, entre outras matérias, é eliminada a lista anterior onde foram recolhidos 127 e ampliada para mais de 2.000 atividades em que é permitida a atividade autônoma, segundo o Classificador Nacional de Atividades Econômicas, apenas 124 são total ou parcialmente limitadas”. O objetivo desta reforma é facilitar o “desenvolvimento do trabalho autônomo”, indicou a Ministra, observando que, segundo ela, vai retirar as amarras das forças produtivas e permitir que os cubanos abram negócios com um perfil mais amplo.
O governo vem ampliando há uma década as atividades que os cubanos podem realizar por conta própria, que se concentram em gastronomia, transporte e aluguel de quartos para o turismo. A ilha de 11,2 milhões de habitantes tem atualmente mais de 600 mil trabalhadores autônomos, o que representa 13% da força de trabalho do país. Esse setor "tem sido severamente impactado pela intensificação do bloqueio" dos Estados Unidos sob a gestão anterior de Donald Trump, e também pelos efeitos da pandemia do coronavírus”.
O ministro da Economia, Alejandro Gil, afirmou que Cuba está
dando um “importante passo para o aumento do emprego, em linha com a ordem
monetária do país”, referindo-se à complexa reforma econômica que entrou em
vigor em 1º de janeiro e após um duro 2020 que registrou uma queda no PIB de
11%.
Aproveitamos as reflexões em torno das novas medidas adotas pelo Conselho de Ministros para reafirmar a defesa incondicional da ilha operária e de suas conquistas históricas rechaçando a ofensiva imperialista através do bloqueio econômico e da política de “reação democrática” levada acabo pela Casa Branca e, ao mesmo tempo, polemizamos com a orientação programática adotada pela burocracia castrista, em que ataca uma série de direitos históricos dos trabalhadores com o objetivo de avançar o processo de restauração capitalista.
Mantemos a vigência programática da revolução política
em Cuba para que o proletariado possa efetivamente ingressar na etapa histórica
do genuíno socialismo.
Orgulhamo-nos de em meio à ofensiva mundial do imperialismo contra Cuba e outros regimes políticos que são alvo da sanha guerreirista da Casa Branca, como a Síria, Venezuela e o Irã, estarmos na linha de frente do combate internacionalista para derrotar as grandes potências capitalistas, inclusive em unidade de ação com o PC cubano diante dos ataques do pior inimigo dos povos, o imperialismo.
Desde a trincheira de luta da defesa do Estado
operário cubano e das nações oprimidas, fazemos o combate programático e
político pela construção nestes países de uma autêntica direção revolucionária
para o proletariado.
Desde a queda da URSS e do Muro de Berlim, quando a
restauração capitalista varreu o Leste Europeu e a União Soviética, em uma
profunda derrota do proletariado mundial, a economia cubana perdeu grande parte
dos seus parceiros comerciais impondo-se ainda mais a ilha operária o
isolamento político e econômico. Foram tomadas várias medidas de mercado para
tentar revitalizar sua economia. Não nos opomos por princípio à adoção dessas
medidas, pois até Lenin e o Partido Bolchevique as tomaram na URSS por meio da
NEP.
Alertamos que não temos acordo em aprofundar as relações
econômicas tendo por base o processo de restauração capitalista em curso
promovido pela burocracia castrista, principalmente após o último congresso do
PCC, em que copia parcialmente a chamada “via chinesa”. Trata-se da entrega de
setores da economia para o controle de grupos capitalistas, estreitando cada
vez mais os vínculos da casta dirigente com grandes empresas estrangeiras que
investem no país, ao mesmo em tempo que se fragiliza e ataca conquistas
históricas da revolução.
As bases materiais da divisão da burocracia são as próprias
relações comerciais de Cuba com os Estados capitalistas, principalmente
europeus, que fortalecem no interior da camarilha
burocrática a tendência a que em pouco tempo um setor desta rompa com o aparato
central do castrismo e se lance em luta aberta pela restauração capitalista do
Estado operário.
Por essa razão, a burocracia castrista tenta aparentemente
copiar parcialmente a “via chinesa” de restauração capitalista, em um processo
ordenado e centralizado de medidas que, levadas a frente sob seu controle
político, avançam o ritmo da restauração capitalista. Cuba permite há mais de
uma década a entrada do capital estrangeiro para o desenvolvimento de
indústrias estratégicas como o turismo e, recentemente, a do petróleo, na qual
um consórcio da Repsol-YPF começará a explorar este ano em águas cubanas.
Não é a adoção de medidas de mercado em si pela burocracia que
colocam em decomposição o Estado operário e o fazem retornar gradualmente ao
capitalismo. Se fosse assim, Lenin e Trotsky seriam os ideólogos da restauração
capitalista ao defenderem em 1921 a NEP, uma política de concessões às empresas
capitalistas para investirem na URSS, inclusive em setores estratégicos, como a
exploração de petróleo. Na verdade, qualquer Estado operário, para não se
“decompor” em uma economia mundial capitalista, terá que adotar, em função do
cerco econômico internacional, determinadas medidas de mercado para garantir
sua sobrevivência.
O que os trotskistas combatem a fundo é a estratégia da
burocracia stalinista que, enquanto faz essas concessões, aniquila a existência
dos sovietes e da democracia proletária, instrumentos que colocariam essas
medidas sob controle operário e segue com sua política de “socialismo em um só
país” e de colaboração de classes em escala mundial, sabotando a revolução.
Desta forma, as concessões feitas pela burocracia do PCC como as expressas nas
medida adotadas agora pelo Conselho de Ministros não são uma continuação da
luta de classes sob outra forma para fortalecer a luta pelo socialismo, como
defendia Lenin, mas constituem um fim em si mesmo que termina provocando
objetivamente um processo de restauração capitalista aberto.
Nos últimos meses, o governo cortou subsídios, desvalorizou o CUC (peso conversível cubano), eliminou 500 mil cargos públicos, autorizou a compra e a venda de casas e permitiu a abertura de mais de 400 mil pequenos negócios.
Não por acaso, um comunicado do Minstério do interior de 04 de
fevereiro de 2021 publicado no Cubadebate afirma que “Todos os serviços que, de
uma forma ou de outra, alteram a forma como têm sido realizados, desde a
eliminação de subsídios excessivos e gratificações indevidas, até ao tempo que
o pessoal desse ministério teve para preparar e assumir o complexidade do
processo e dar as explicações corretas. Além disso, entender as transformações
que –do ponto de vista interno, econômica e financeiramente– provocou no
comércio interno”.
O legado teórico de Trotsky nos ensinou que era preciso
defender incondicionalmente a URSS, apesar dos erros e traições de Stalin.
Hoje, com Cuba fazemos o mesmo. Ainda que tenhamos críticas à direção do PCC,
jamais nos somamos ao imperialismo e sua corja arquirreacionária nos ataques ao
Estado operário. Pelo contrário! Sempre estivemos na linha de frente da sua
defesa, não apenas como “amigos de Cuba”, mas acima de tudo como
internacionalistas proletários e defensores do socialismo científico como
alternativa à barbárie capitalista que ameaça a existência da própria
humanidade.
Acreditamos que somente a mobilização internacionalista da
classe operária poderá fazer frente aos planos do império para aniquilar
totalmente a enorme referência mundial da revolução cubana. Por isso não
devemos depositar nenhuma confiança nos “acordos” amistosos com os chefes
“democratas” dos estados terroristas como os EUA.
A trágica lição abstraída da guerra da Líbia, onde Kadaffi
“confiou” inicialmente nos abutres imperiais europeus que logo em seguida
devastaram seu país, deve servir como um farol revolucionário para a vanguarda
classista do proletariado mundial na defesa de Cuba.
Tragicamente, diversas correntes que se reivindicam
trotskistas, rompendo com o mais elementar critério de classe, hoje atuam como
verdadeiros agentes da contrarrevolução “democrática”. Já durante a chamada
“crise dos balseiros” em 1994 esses senhores se postaram ao lado dos mafiosos
gusanos e clamavam por “liberdade” em Cuba, quando esta campanha midiática não
passava de uma trama do imperialismo para isolar a ilha e buscar a
desestabilização do regime no lastro do fim da URSS.
Essa conduta vergonhosa, que enlameia o nome do
“trotskismo”, ganhou o justo ódio da classe operária cubana e da vanguarda
internacionalista que defende o Estado operário. Mas o genuíno Trotskismo,
repetimos, não é partidário dessa cantilena montada nos gabinetes do Pentágono
sobre o cínico pretexto da “defesa dos direitos humanos”.
Da mesma forma que denunciamos a farsesca “Revolução Árabe”,
voltada a atacar regimes políticos que são obstáculos aos planos
neocolonialistas para o norte da África e Oriente Médio (primeiro Líbia, agora
Síria e depois Irã), nos postamos contra tais “movimentos democráticos” made in
CIA urdidos contra Cuba.
Não por acaso, fizemos questão de lançar como artigo inicial
de nosso blog político em julho de 2011 um texto somando-se à campanha pela
libertação imediata dos cinco militantes cubanos encarcerados pelo império
terrorista, alertando que o método da ação direta e mobilização permanente da
classe operária mundial era o caminho correto para apontar na libertação dos
companheiros Fernando González, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Gerardo
Hernández e René González, acusados farsescamente de terrorismo pelo então
governo Clinton e que cumpriram severas penas desde 1998, mantidos encarcerados
por um longo período pelo mesmo bando ianque “democrata”, chefiado então pelo
assassino Obama, cujo então vice Biden assumiu a Casa Branca agora em 2021.
Justamente por defendermos incondicionalmente Cuba e as
conquistas históricas da revolução, apontamos que para garantir a manutenção do
Estado Operário os trabalhadores cubanos devem lutar pela imediata expulsão dos
agentes da CIA, combater a nefasta influência ideológica da Igreja Católica e
derrotar todas as organizações anticomunistas camufladas de democráticas.
Ao mesmo tempo, como aponta o Programa de Transição
elaborado por Trotsky em 1938, não defendemos a volta à democracia burguesa e a
legalização de todos os partidos de uma maneira geral em Cuba, mas a revolução
política para que os conselhos populares decidam verdadeiramente como melhor
levar a luta contra os privilégios, a desigualdade social e o reforço da
economia planificada segundo os interesses dos próprios trabalhadores.
Lutamos decididamente contra a destruição do Estado Operário
cubano, já que isso representaria uma enorme derrota para o proletariado
latino-americano e mundial, abrindo um período sem precedentes de avanço
imperialista.