BALANÇO DO 7º CONGRESSO NACIONAL DO PSOL: TODAS AS ALAS VOTAM
PELA UNIDADE COM A DIREITA NEOLIBERAL CONTRA BOLSONARO E MAIORIA APROVA FRENTE
ELEITORAL EM APOIO A LULA PRESIDENTE NO 1º TURNO
O 7° Congresso Nacional do PSOL, realizado de forma virtual nesse final de semana, decidiu não apresentar uma pré-candidatura do partido à Presidência da República para que o partido busque centrar esforços na construção de uma frente eleitoral encabeçada por Lula, ou seja, formalizou seu papel de "puxadinho do PT". A decisão foi tomada pela maioria (56%) dos 402 delegados e delegadas. A resolução que defendia apresentar já uma candidatura própria, a do deputado federal Glauber Braga (RJ), recebeu 44% dos votos.
Lembremos que em agosto, a eleição nacional
dos filiados do PSOL foi vencida pelo chamado "campo" reformista que
agrupa Guilherme Boulos, Ivan Valente, Chico Alencar, Edmilson Rodrigues e
Valério Arcary, aliança que vai continuar com maioria na sigla e defende o
apoio a Lula já no primeiro turno. Esse arco uniu a chamada direita e o centro
do partido, incluindo nesse espectro político a tendência Resistência de
Valério Arcary. O “campo” teve aproximadamente 60% dos votos, contra cerca de
40% de grupos concorrentes revisionistas (MES, LSR, Luta Socialista, CST....),
que têm como principais referências o deputado federal Glauber Braga (RJ), o
vereador Babá e a deputada estadual Luciana Genro (RS).
A resolução aprovada no 7º Congresso diz que “As eleições de 2022 são parte decisiva
do processo de superação da extrema-direita. É preciso reunir forças sociais e
políticas para, em primeiro lugar derrotar Bolsonaro, e a partir de 2023 lutar
pela superação da profunda crise social, política, econômica, sanitária e
ambiental que vivemos”, aponta o PSOL. “A prioridade, em nível nacional, deve
ser a construção da unidade entre os setores populares para assegurar a derrota
da extrema-direita. Esse processo de diálogo deve envolver elementos
programáticos, arco de alianças e não pode ser uma via de mão única”.
A resolução aponta também a disposição de uma ampla unidade com a direita contra Bolsoaro:“É preciso estarmos abertos a estabelecer unidade de ação e uma
ampliação da luta pelo impeachment com todos os setores que estejam em
contradição com o governo Bolsonaro. Estamos a favor de articular atos mesmo
com setores sociais e políticos oriundos da direita, mas que estejam a favor do
impeachment e de ir às ruas para conseguir este objetivo”, diz trecho.
Boulos e seu “campo” defendem a possibilidade do partido não lançar candidato à Presidência em 2022, privilegiando assim a composição de uma frente ampla de colaboração de classes. O debate, no entanto, deve continuar no partido até o ano que vem. Até o momento, cresce a possibilidade de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o candidato que atualmente lidera as pesquisas eleitorais.
Os envolvidos apontam que ainda há muitas questões a equacionar, como a posição que o PSOL ocuparia na aliança, o programa político desse grupo de partidos e os demais membros dessa coalizão.
“O partido sai mais forte, foi um processo democrático
interno com a participação de quase 50 mil filiados do Brasil inteiro, e a
posição que defende o PSOL com mais amplitude mantendo sua coerência de
princípios saiu fortalecida desse congresso”, disse Boulos
Segundo Roberto Robaina, dirigente do MES, “Sobre a segunda questão decisiva do congresso, a resposta que o PSOL dará às eleições de 2022, eis um debate que depende exclusivamente do congresso. Pelo que sabemos, é unânime entre os delegados eleitos a decisão de que a tática eleitoral seja ordenada pela necessidade de derrotar Bolsonaro. Creio que, corretamente, predomina a ideia de fazer os cálculos com o genocida disputando o pleito. Essa decisão se expressa de modo muito claro a partir da seguinte definição: o PSOL apoiará no segundo turno qualquer candidato que se oponha a Bolsonaro. Essa é uma resposta à necessidade número um do país. Dialoga com o medo legítimo de milhões de pessoas de que Bolsonaro possa continuar de alguma forma. Isso deve ser dito de modo claro desde o início, desde agora. No segundo turno, nosso engajamento será por qualquer candidato que não seja Bolsonaro."
O MES afirm que "Se tivesse risco a uma candidatura de esquerda ou centro esquerda, concretamente, se tivesse risco de o nome de Lula perder no primeiro turno para um candidato diretamente burguês, seríamos a favor de chamar a votar em Lula no primeiro turno. Mas está muito evidente que sequer esse risco existe. E não há margem qualquer para que Bolsonaro vença as eleições no primeiro turno. Essas questões devem ser esclarecidas porque a novidade neste congresso é que parte da direção atual, hoje maioria, está ensaiando, pela primeira vez na história do partido, abdicar de ter candidatura própria a presidente da República. Para dizer as coisas como são, estão querendo um cheque em branco para negociar as condições do apoio a Lula. Querem que o congresso não defina sobre a tática eleitoral. Querem definir eles mesmos, na próxima direção. Nesse ponto, temos em curso um verdadeiro escândalo e uma capitulação sem precedentes. Esse caminho precisa ser barrado”.
Robaina ainda explica que “Entre os setores da direção que trabalham pelo apoio à candidatura de Lula desde o primeiro turno, há pelo menos dois tipos. Um setor que escreve, trata de justificar, coloca algum condicionamento programático e reivindica alguma compensação eleitoral; outro que apenas apoia Lula, incondicionalmente, sem sequer escrever as razões desse apoio”
O PSOL negocia aliança com PT para apoiar Lula em 2022. Se for concretizada, será a primeira vez que a legenda não terá um candidato próprio e apoiará o PT logo no primeiro turno. A estratégia é patrocinada pela cúpula do PSOL devido à “gravidade do momento político do Brasil” dizem os reformistas sob o comando de Ivan Valente.
Quem está na vanguarda desta defesa é Valério Arcary e seu grupo (sic!) “Resistência”. Segundo o Esquerda On line (18.08), “A unidade da esquerda não pode se limitar à organização da luta pelo Fora Bolsonaro. É necessário construir uma alternativa de poder, que apresente um projeto de transformação social do país dos e para os explorados e oprimidos. Por isso, consideramos que o PSOL deve defender a unidade da esquerda e dos movimentos sociais também nas eleições. Lula, por sua força junto à classe trabalhadora e ao povo pobre, é o nome mais indicado para ser o candidato a presidente por uma frente de esquerda.”.
Para melhor justificar essa aliança utiliza-se do real e concreto perigo do avanço do fascismo e da escalada reacionária que o país atravessa. Ocorre que longe de ser um instrumento político útil para barrar a ofensiva da direita pela ação direta dos trabalhadores, a Frente Popular formada pelo PT e PSOL (cada um tendo seu papel no campo do reformismo) patrocina ilusões do circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos e orienta os trabalhadores a acreditar nas decadentes e apodrecidas instituições do regime político burguês.
De fato, com a atual política de integrar o chamado "centro civilizatório" que apoia o programa ditado pelo OMS (lockdown, vacina e testes, tripé do famoso "fique em casa" para paralisar a luta de classes) não há qualquer motivo para o PSOL não apoiar Lula e uma ampla aliança burguesa para a disputa de 2022. Bolsonaro é usado por um grande arco político (que inclui a Famiglia Marinho e o Itáu) como o "espantalho" de extrema-direita para forjar essa frente de colaboração entre as classes sociais.
Valério declarou recentemente que “com um acordo programático, Lula unifica e representa a esquerda desde o primeiro turno”. O grupo Resistência se alinha com Ivan Valente, Edmilson Rodrigues e a direta do partido para, com sua linha social-democrata, construir a aliança com o PT desde o primeiro turno da disputa presidencial.
Como se observa, trata-se de uma frente eleitoral em gestação que não serve como um ponto de apoio para a luta direta das massas, uma continuidade das gestões petistas que desmoralizaram o movimento operário e corromperam as lideranças sociais via sua integração ao Estado capitalista.
A LBI defende um a Frente Única de Ação contra o fascismo, a construção de comitês populares de autodefesa e da construção da greve geral contra a intervenção militar e para barrar o recrudescimento das ações das hordas fascistas. A “Frente Democrática” entre PT e PSOL desgraçadamente se opõem a esse objetivo de luta direta e aponta o caminho eleitoral.
Cabe ao Marxistas Revolucionários denunciaram mais esse engodo "civilizatório" defendido por Valério que está a serviço de construir governos subservientes a nova ordem mundial do capital financeiro, que mesmo posando de "progressistas" e cinicamente "defensores da vida e da ciência" jogam o proletariado e sua vanguarda nas mãos dos verdadeiros genocidas que representam o grande capital e seu terror sanitário!