terça-feira, 21 de setembro de 2021

EVERGRANDE PODE SE TRANSFORMAR EM “EVERPEQUENA” ARRASTANDO O CAPITALISMO PARA UM NOVO CRASH FINANCEIRO GLOBAL: A ÚNICA SAÍDA É A REVOLUÇÃO SOCIALISTA MUNDIAL!

Em 2008 a China “suportou” bem a crise capitalista global que desencadeou o colapso financeiro de grandes bancos nos Estados Unidos e na Europa em consequência do colapso do mercado hipotecário (crise dos títulos sub-prime). Em resposta à crise mundial lançou um plano de gastos estatais da ordem de 25% do PIB e autorizou uma expansão monumental do crédito. Desse modo, o governo restauracionista chinês repetiu um “ótimo” desempenho anterior, da crise asiática em 1997, evitando a desvalorização de sua moeda nacional em meio a uma crise de dívida externa privada em todos os chamados “tigres” do sudeste Asiático. Mesmo assim, a crise asiática de 1997 se espalhou pelo planeta até atingir o “default” de vários países latino-americanos. Agora com a iminente quebra da mega corporação, Evergrande, a própria China enfrenta uma crise financeira, com repercussões internacionais que não demorarão a se manifestar em todo o sistema capitalista global. 

Evergrande, a segunda maior incorporadora chinesa e uma das maiores mundo, está caminhando para a falência inevitável com uma dívida total de US$300 bilhões, valor maior do que as reservas cambiais do Brasil, e perto do total da dívida pública do país. A crise do grupo imobiliário já se arrasta há algum tempo, em um esforço das autoridades econômicas chinesas para que os credores buscassem refúgio na rolagem da dívida, para evitar uma “catástrofe”.

A “novela” parece ter acabado e os acionistas (investidores) da Evergrande terão que perder todo o seu capital, assim como os credores e trabalhadores da empresa terão grandes prejuízos. Entre os credores estão poderosos fundos financeiros como o Ashmore Group e BlackRock, e os bancos UBS, Swiss, HSBC, Anglo-Chinese. Estas corporações têm títulos “podres” (impagáveis) ​​no valor de 100 bilhões de dólares ao todo. Para absorver parte do choque, o Banco Central forneceu US $ 15 bilhões aos bancos públicos da China.

Ainda é cedo para saber se a decisão de Biden de vender submarinos nucleares à Austrália, para isolar militarmente a costa marítima do antigo Estado Operário, anunciada justamente agora, foi apenas uma coincidência. Porém a aliança AUKUS já se configura como mais um elemento de grande tensão para a China.

O colapso de Evergrande é, no entanto, uma operação financeira de “explosão” controlada para a vida da população chinesa. Acontece que o mercado imobiliário chinês está super saturado, com grande oferta de imóveis. O próprio governo Xi Jinping quer aproveitar a circunstância para baixar os preços de venda e aluguel de imóveis.

A maior consequência da quebra será, no entanto, uma liquidação dos ativos financeiros da Evergrande, que ao acentuar uma abrupta queda dos preços imobiliários levaria à falência de outras grandes incorporadoras que hoje têm, a preços “aquecidos” pelo valor de mercado e contas bancárias em equilíbrio. Muitos dos concorrentes da Evergrande têm ativos cotados na bolsa de Hong Kong, que pode facilmente entrar em colapso. O controlador da corporação tem cerca de 150 grandes credores, que podem ter que vender títulos ou obrigações privadas em sua posse para compensar a perda dos seus próprios investidores. É exatamente por isso que os títulos públicos e privados estão caindo nas bolsas de valores dos mercados periféricos, como ocorreu hoje com o índice Bovespa.

Por outro lado, a prometida reativação econômica internacional está se esvaindo, e com ela as expectativas de altos lucros que se registraram na alta das cotações das ações durante o período pandêmico. Cada vez mais o rentismo financeiro fica dependente dos lucros da Big Pharma, que tem em suas ações negociadas no mercado bursátil a única segurança de ganhos astronômicos. A centelha da crise da corporação gigante chinesa pode desencadear um novo incêndio financeiro mundial, fazendo parecer o crash de 2008 uma “brincadeira de crianças”...