EL SALVADOR: GOVERNO DE “ESQUERDA” QUE VIROU DIREITA
ENFRENTA ONDA DE PROTESTOS
Quem militou na esquerda nos anos 80 e 90 não pode esquecer da lendária guerrilha da Frente Farabuto Marti de Libertação Nacional na pequena El Salvador, um país centro-americano. Conquistaram o poder não pela via revolucionária das armas, mas pela via eleitoral. Governaram o país por consecutivas gestões neoliberais, em parceria com a burguesia até que o “herdeiro” da FLMN, o atual presidente Bukele resolveu tirar a “máscara” e assumir o viés declarado de direita pró-imperialista. Com uma agressiva política econômica de “ajustes” sem nenhum tipo de demagogia Social Democrata, o país foi convulsionado por grandes manifestações exigindo o afastamento do presidente salvadorenho. Os atos de protesto coincidiram com a comemoração popular pelos 200 anos de independência do colonizador espanhol.Também houveram manifestações por soberania nacional nas ex-colônias, Guatemala e Honduras, no mesmo período.
Milhares de manifestantes tomaram as ruas da Guatemala até a
Costa Rica nesta última quarta-feira, 15 de setembro, para recordar o
bicentenário da independência dos países da América Central e protestar contra
as medidas impopulares tomadas por governos burgueses centro-americanos, em
defesa da soberania nacional e do respeito aos direitos dos povos indígenas.
Em El Salvador, com faixas com o rosto de Dom Oscar Romero –
assassinado enquanto celebrava uma missa pela resistência popular em 24 de
março 1980, por um atirador de elite treinado pela CIA dos Estados Unidos, a
jornada de protestos exigiu do atual governo de Nayib Bukele(ex-FMLN) a volta
do Estado de Direito e a defesa das liberdades democráticas.
A marcha popular salvadorenha condenou a entrada em vigor da
lei do Bitcoin, a aprovação da reeleição presidencial e a reforma da Lei de
carreira do judiciário, medidas que geraram amplo rechaço no seio do movimento
de massas. Conforme as pesquisas, três de cada cinco salvadorenhos reprovam a
entrada em vigor do Bitcoin, como um valor monetário para o país.
“Com a insurreição não há reeleição! Fora o corrupto Bukele!”,
afirmavam cartazes erguidos por várias entidades sociais e organizações
políticas, que citavam o artigo 87 da Constituição(promulgada com a derrubada
da Ditadura) que: “reconhece o direito do povo à insurreição, com o único
propósito de restaurar a ordem constitucional alterada pela transgressão das
normas relativas à forma de governo ou ao sistema político instituído, ou por
graves violações dos direitos consagrados nesta Constituição”.