HÁ 50 ANOS TOMBAVA O COMANDANTE CARLOS LAMARCA: UM
COMBATENTE EXEMPLAR DO POVO BRASILEIRO QUE DEU SUA VIDA NA LUTA CONTRA A DITADURA
MILITAR E O REGIME CAPITALISTA
Carlos Lamarca, dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e posteriormente militante incorporado do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) foi morto com cinco tiros em uma mega-operação do Exército na Bahia há 50 anos. Depois de caminhar heroicamente por mais de 300 quilômetros sem comida e água, Lamarca foi assassinado em 17 de setembro de 1971 por agentes da ditadura militar no sertão baiano. No comando da caçada reacionária estava o então major Nilton Cerqueira, um fascínora que, anos mais tarde foi eleito deputado federal e trabalhou como secretário de Segurança do Rio de Janeiro. “Ousar lutar, ousar vencer”. Era assim que Lamarca terminava seus escritos. Foi um dos símbolos da brava resistência ao regime militar, morrendo antes de completar 34 anos.
Carlos Lamarca foi o terceiro entre os seis filhos de
Antônio e Gertrudes Lamarca, uma família modesta da zona norte carioca.
Formou-se, em 1960, pela Escola Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ),
obtendo a patente de Capitão em 1967. Mas foi em São Paulo, no quartel de
Quitaúna, para onde pediu transferência em 1965, que Lamarca, fez sua opção
revolucionária. Na época, Lamarca acompanhava com grande interesse o grupo de
ex-sargentos que, inicialmente vinculado ao Movimento Nacionalista Revolucionário
(MNR), uniu-se a um setor dissidente da Política Operária (POLOP) e deu origem
à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Já como membro da VPR, Lamarca
realizou uma ação de expropriação no quartel de Quitaúna em 24 de janeiro de
1969 em que levou 63 fuzis, metralhadoras e muita munição. Sua ideia era seguir
imediatamente para uma região onde pudesse preparar a guerrilha, o que o
obrigou, de imediato, a separar-se da mulher e dos filhos, enviados para Cuba,
via Itália, no mesmo dia de sua deserção.
Em abril de 1971, sob o cerco sinistro da ditadura, no processo de "diluição" da VPR, ingressou no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). No mês de junho, Lamarca foi para o árido sertão da Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, com a finalidade de estabelecer uma base da organização no interior para preparar a guerrilha camponesa. Com a prisão em Salvador, em agosto, de um militante que conhecia seu paradeiro e a localização de um aparelho onde encontrava-se sua companheira, a psicóloga paulista Iara Iavelberg, os órgãos de segurança iniciaram o cerco à região. A companheira de Lamarca, Iara, foi assassinada por agentes do governo em um apartamento no bairro da Pituba, em Salvador, no dia 20 de agosto de 1971. O regime militar sempre sustentou que ela cometeu suicídio após o cerco policial, o que foi desmentido pelas investigações posteriores. Hoje há provas suficientes de que foi mais uma mentira do governo da época.
Dentre suas corajosas ações contra a ditadura, está o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, em 1970, que resultou na libertação de 70 presos políticos dos porões da ditadura, além de vários assaltos(expropriação revolucionária)a bancos para financiar as ações do grupo armado. Viveu quase um ano clandestino em São Paulo, participando de ações de guerrilha urbana, até se instalar no Vale do Ribeira, com um reduzido grupo de militantes, para realizar treinamentos militares. O local foi descoberto pelos órgãos de segurança em abril de 1970 e cercado por tropas do Exército e da Polícia Militar. Uma gigantesca operação de cerco se prolongou por 41 dias, mas, após dois choques armados, o pequeno grupo guerrilheiro, sob a liderança do capitão rebelde, conseguiu escapar rumo a São Paulo. Este fracassado cerco militar a Lamarca no interior paulista, contou com a ajuda de um jovem “dedo duro” que morava na região, colaborando como “batedor de mata” das forças fascistas em troca de alguma recompensa material. Este mercenário juvenil, nada mais era do que o atual presidente neofascista, Jair Bolsonaro, que como recompensa pela bajulação aos militares da ditadura, ganhou uma vaga na Escola de Cadetes das Agulhas Negras.
Em março de 1971, seis meses antes de sua morte, desligou-se da VPR para se integrar ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que o deslocou para o sertão da Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, com a finalidade de estabelecer uma base da organização naquela região. Em 17 de setembro de 1971, Lamarca foi fuzilado por integrantes da “Operação Pajuçara”, em Ipupiara, no interior da Bahia. Essa operação, iniciada em agosto de 1971, entrou para a história como uma das mais violentas, sobretudo em Buritis, que se tornou à época um verdadeiro campo de concentração, com torturas e assassinatos em praça pública, diante da população.
Lamarca tinha 34 anos quando morreu. Apesar de todas as nossas diferenças com Lamarca, a VPR e o MR-8, o incontestável heroísmo na luta contra a ditadura militar, fazem dele um herói dos trabalhadores brasileiros e de sua vanguarda comunista. A LBI, que se mantém firme no combate por desmascarar a democracia dos ricos como uma face da ditadura do capital e dedica o melhor de suas forças à construção do Partido Revolucionário, espelha-se no exemplo inquebrantável de Lamarca que, apesar dos erros programáticos, não traiu a causa que defendia, morreu em combate e pagou com a sua própria vida na luta contra os gorilas genocidas!
Nossa melhor homenagem a esse herói da luta do proletariado contra a ditadura militar é manter o combate revolucionário ao capitalismo, enfrentando tanto a farsa do regime da democracia dos ricos, como seu gerente de turno, o neofascista Bolsonaro.