DRAGÃO DA INFLAÇÃO: IPCA EM 12 MESES É "OFICIALMENTE" DE QUASE 10%... EXPROPRIAR GRANDES REDES ATACADISTAS PARA O POVO TER O QUE COMER!
A inflação, que não dá trégua e castiga o bolso dos brasileiros, registrou oficilamente alta de 0,87% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tinha avançado 0,96%. Foi a maior taxa para o mês desde 2000, devido, principalmente, à forte pressão dos itens energéticos — gasolina, etanol e conta de luz. Mas o dragão inflacionário é mais cruel com a classe trabalhadora e os mais pobres. Enquanto o IPCA subiu 5,67% no ano e 9,68% nos últimos 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos, já chegou à casa de dois dígitos, e acumula avanço de 10,43% nos últimos 12 meses, após alta de 0,88% em agosto.
Para a classe trabalhadora não há diferença alguma entre a “gerencia” de Bolsonaro ou da oposição burguesa, ambos seguem o mesmo modelo estatal de preservar a acumulação para as grandes corporações capitalistas. A única alternativa progressista para as amplas massas exploradas conseguirem viver com dignidade é a expropriação das grandes redes atacadistas, das corporações financeiras e a construção de uma alternativa proletária de poder revolucionário!
Alimentação e transportes (com o peso dos combustíveis) foram os grupos que mais pesaram no IPCA, que, na variação anual, já está muito acima do teto da meta estabelecida para 2021, de 5,25%. A gasolina e o etanol, por exemplo, já acumularam altas de 40,75% e 31,09%, respectivamente, de janeiro a agosto. Especialistas alertam para o fato de que, em setembro, o IPCA vai acelerar, porque haverá o impacto da nova bandeira tarifária na conta de luz.
De acordo com o IBGE, que divulgou nesta 5ª feira, 9 de
setembro, a inflação de agosto, de 0,87% medida pelo IPCA - muito acima das
previsões do Itaú e da LCA Consultores (+0,70%) e do Bradesco (+0,71%), na
maior alta para o mês de agosto deste 3º milênio -, a alta de 2,96% nos
combustíveis foi o principal fator do recorde para agosto, que gerou alta de
1,46% no item Transportes, com contribuição de 0,31 ponto percentual no IPCA
mensal.
A pressão inflacionária deve forçar o Comitê de Política Monetária, que decide a taxa de juros básica (Selic) em 22 de setembro a elevar o atual nível de 5,25% ao ano para 6,25% e sinalizar nova alta de 1 p.p. em outubro. Juros em alta para conter a inflação tendem a refrear o consumo e interromper a recuperação da economia e do emprego no mercado de trabalho. O que só tende a acirrar o cenário de 2022.
O mercado financeiro (segundo a última pesquisa Focus,
divulgada dia 5 pelo Banco Central) está prevendo nível entre 7,50% e 8% este
ano. Mas a nova rodada de pesquisa a ser fechada amanhã e divulgada dia 12,
promete nova escalada da Selic e quedas do PIB. A LCA está prevendo que a Selic
feche o ano em 8% e assim permaneça até dezembro de 2022.
Neste cenário, depois da queda de 0,1% no PIB do 2º
trimestre e com os problemas pontuais na agricultura e na indústria, está
prevendo alta de 5% no PIB de 2021 (com risco de queda) e colocou viés de baixa
na sua previsão (otimista) de alta de 2% no PIB em 2022. O Bradesco espera alta
de 1,8% (era de 2,2%) e o Itaú reduziu a projeção de 1,8% para 1,5%. Já a MBA
associados espera não mais que 1,4%, com tendência de baixa.
A alimentação segue em alta e pressionando as famílias mais
pobres, que são a maioria do eleitorado que decidirá em 2022.
Os reajustes dos combustíveis nas refinarias da Petrobras se refletiram no IPCA e no INPC. Nos primeiros oito meses do ano, a gasolina teve alta de 31,09%. No diesel, o aumento acumulado foi de 28,02%. O etanol também registrou altas sem precedentes: 62,26% em 12 meses, 40,75% no ano, e 4,50% em agosto.
Os efeitos em cascata dos reajustes dos combustíveis
atingiram duramente também os transportes, que subiram 1,46% em agosto, e
11,44% no ano. O gás de botijão teve alta recorde de 23,79% nos primeiros oito
meses deste ano, acumulando em 12 meses, até agosto, 31,70%. O reflexo da alta
do gás de cozinha foi sentido no item alimentação e bebidas, que aumentou
13,94% em 12 meses, ou 4,77% de janeiro a agosto.
Em termos de impacto, as famílias com renda mais baixa, cuja
cesta de consumo é captada pelo INPC, são as que estão sofrendo mais: já vivem,
na média nacional, uma inflação de dois dígitos (10,42% nos 12 meses terminados
em agosto). Mas nada menos que em 11 das 16 cidades e regiões metropolitanas
pesquisadas pelo IBGE, os números já passam de dois dígitos.
Bolsonaro ao comentar a inflação, em especial dos alimentos, culpou os governadores pela alta do ICMS, os acusando de determinarem medidas de restrição ao pequeno comércio. Porém, sua equipe econômica, chefiada pelo rentista Paulo Guedes, não faz nada para conter a especulação com os preços dos alimentos, e apesar de toda sua demagogia “nacionalista”, dá aval para as altas nos combustíveis, no gás de cozinha e no aumento na conta de luz, arrochando ainda mais a renda do povo trabalhador brasileiro.