quarta-feira, 14 de abril de 2021

BOLSONARO/GUEDES QUEIMAM US$ 70 BILHÕES DAS RESERVAS CAMBIAIS PARA ALIMENTAR O RENSTISMO: MOEDA NORTE-AMERICANA NÃO PÁRA SE SUBIR E CUSTO DE VIDA VAI ÀS ALTURAS NA PANDEMIA 

A venda de quase US$ 70 bilhões em reservas no governo Bolsonaro-Guedes não impediu disparada do dólar, o que gerou preços mais caros e o custo de vida nas alturas na pandemia. A moeda norte-americana subiu 45% desde o fim de 2018. O Banco Central retomou em agosto de 2019 a venda direta de dólares das reservas internacionais brasileiras ao mercado financeiro e se desfez de US$ 68,273 bilhões até março deste ano, segundo números oficiais. Os recursos foram absorvidos pelo rentismo (mercado financeiro), mas a maior disponibilidade de moeda norte-americana não impediu a disparada do dólar. Cotado em R$ 3,87 no fim de 2018, o dólar subiu 45% até o fechamento de março de 2021, em R$ 5,62. Essa ciranda parasitária que alimenta o rentismo mina completamente a economia nacional e liquida com as condições de vida dos trabalhadores.

O modal que hoje vigora na equipe econômica palaciana é o da "não intervenção" no mercado cambial, ou seja, a livre flutuação do Dólar está diretamente relacionada a inoperância efetiva dos chamados "swaps cambiais", um recurso do BC para a venda massiva da moeda estrangeira no sentido de "defender" a cotação do Real, o que não tem dada certo.

O governo Bolsonaro já "queimou" 70 bilhões de Dólares do Tesouro e sinaliza para o mercado que continua "comprador", em síntese, vende Dólar mais barato para logo em seguida comprá-lo mais caro e desta forma alimentar a cadeia da especulação sistêmica. 

É óbvio para qualquer leigo em economia que se trata de uma política estatal que fomenta o "lucro fácil" dos rentistas do mercado financeiro do câmbio. Mas não se trata de "somente" transferir renda do estado para os operadores internacionais de câmbio, a disparada sem limites do Dólar favorece artificialmente alta da inflação em um cenário macro econômico injustificável. 

O consumo nacional está em queda livre em grandes segmentos, por sua vez o governo reduz gastos em investimento e verbas de custeio em todas as áreas do estado, a massa salarial está estagnada e a poupança interna não para de retroceder.

As reservas cambiais do Brasil, cerca de 370 bilhões de Dólares, estão todas aplicadas em títulos da dívida do Tesouro norte-americano, portanto se encontram fisicamente em território estrangeiro, apesar dos reduzidíssimos rendimentos determinados pelas taxas de juros do FED. 

A resolução desta equação parece óbvia, o governo Bolsonaro estimula a desvalorização do Real supondo que suas reservas cambiais depositadas nos EUA ficarão fortalecidas. Em segundo plano atende a "reivindicação" do agronegócio e de grandes exportadores de minérios para desta forma provocar artificialmente um superávit na balança comercial brasileira. 

Porém o "preço" a ser pago por este artifício do governo é desastroso para país, e em primeiro lugar para a classe trabalhadora que verá sua renda salarial ser derretida pela alta de preços gerada por uma "inexplicável" inflação cotada em Dólar.

Em outubro de 2018, dois meses antes de assumir o Ministério da Economia, Paulo Guedes afirmou que, se houvesse "crise especulativa" e o dólar subisse para o patamar de R$ 4,50 a R$ 5, o governo Bolsonaro venderia US$ 100 bilhões para "acelerar o ajuste fiscal", ou seja, reduzir a dívida pública, o que significa aplicar o ajuste neoliberal, alimentar o rentistismo, avançar nas privatizações e aumentar a dependência da moeda norte-americana.

O dólar alto gera o aumento de preços internos pois os insumos e produtos importados ficam mais caros, ao mesmo tempo em que favorece as vendas externas (que se tornam mais rentáveis aos exportadores) em um país cuja pauta de exploração são comodities agro-minerais de pouco valor agregado. 

Como se observa, as metrópoles imperialistas e suas empresas, tendo a frente os EUA e a União Europeia, através de seus governos e das grandes corporações impõe a divisão internacional do trabalho, reservando ao Brasil o papel de semicolônia, exportadora de commodities agrominerais, ao mesmo tempo em que desovam seus produtos manufaturados no país, via nosso enorme mercado consumidor. 

Este controle impossibilita qualquer traço de soberania nacional e independência política, já que a burguesia nativa é sócia menor do imperialismo.

Frente a esta realidade mantida no marco da nova ordem mundial pandêmica é preciso romper o verdadeiro “pacto colonial” que atrasa o desenvolvimento nacional, com os trabalhadores sendo vanguarda deste processo defendendo a expropriação das grandes empresas transnacionais sob o controle operário, o fim da remessa dos lucros para as matrizes centrais e o não pagamento da dívida interna e externa!

O governo Bolsonaro-Guedes não parece se importar com a desorganização da economia nacional para favorecer o "deus" Dólar e seus "pastores" na terra, os rentistas. Somente a construção de uma alternativa classista de massas poderá derrotar este governo fiel amigo do capital financeiro!