sexta-feira, 16 de abril de 2021

RAUL CASTRO RENÚNCIA A SECRETARIA GERAL DO PARTIDO COMUNISTA: CUBA SUFOCADA PELA PANDEMIA E SOB PRESSÃO DA RESTAURAÇÃO CAPITALISTA

O ex-presidente cubano, Raúl Castro, anunciou na sexta-feira (16/04) sua aposentadoria como primeiro Secretário do Partido Comunista de seu país. O anúncio foi feito durante o primeiro dia de sessões do 8º Congresso, que se instalou a 16 de abril e vai até segunda-feira 19. “Quanto a mim, termina a minha tarefa de primeiro secretário da Comissão Central do Partido Comunista de Cuba, com a satisfação de ter cumprido e com a confiança no futuro do país ”, afirmou Castro, durante o primeiro dia de sessões do 8º Congresso. No entanto, indicou que continuará a "militar" no partido como "mais um lutador revolucionário", pronto a dar a sua "modesta contribuição até o fim da vida". Raúl Castro foi o primeiro Secretário do Partido Comunista de Cuba por 10 anos, após assumir esta função política em 19 de abril de 2011.

O início do 8º Congresso do Partido Comunista de Cuba coincidiu com o 60º aniversário da proclamação do “caráter socialista” da Revolução Cubana pelo líder Fidel Castro. Nesse evento máximo do PCC, Raúl Castro, de 89 anos, apresentou seu Informe Central e afirmou que nos últimos anos houve uma escalada do governo dos Estados Unidos contra Cuba, com o ressurgimento das medidas econômicas de embargo. “O objetivo destas medidas são estender o cerco econômico para sabotar o sistema empresarial, obstruir o processo de atualização da economia, quebrar a gestão do Estado e impor a informalidade, a atomização da atividade econômica e o caos, com o objetivo declarado de estrangular o país e provocar um surto social", declarou Raul Castro.

Além de Raúl Castro, grandes dirigentes da geração histórica, aquela que fez a revolução de 1959, devem se retirar, entre eles o número dois do Partido, José Ramón Machado Ventura, de 90 anos, e o comandante Ramiro Valdés, de 88.

Castro também fez referência à pandemia do coronavírus e como Cuba tem feito para evitar um maior número de infecções, com contribuições de cientistas, introdução imediata de insumos, medicamentos e protocolos para o tratamento de pacientes e o desenvolvimento de várias vacinas contra a Covid. Cuba tem o melhor índice de morte por milhão de habitantes de todo o continente latino-americano, e um dos melhores do mundo utilizando largamente fármacos preventivos, os mesmos que são “demonizados” pela OMS e Big Pharma. O início da vacinação dos cubanos com a “Soberana” (imunizante produzido totalmente pelo país), está previsto para junho, quando do encerramento da fase final de testes do fármaco.

O Estado Operário cubano vive sua pior crise econômica em 30 anos. Em 2020, seu PIB caiu 11%, e a pandemia de coronavírus paralisou seu principal motor econômico, o turismo. "O oitavo Congresso deve se concentrar em estabelecer objetivos para a reforma", opina o Raul, enfatizando que a transformação do sistema de propriedade deve ser o principal objetivo, para “acelerar a abertura da economia ao setor privado”. É praticamente o anúncio do fim das bases econômicas socialistas do Estado Operário, assim como ocorreu com a China de Deng Xiaoping.

No congresso de quatro dias, várias análises serão estabelecidas em três comissões. O primeiro, presidido por Manuel Marrero Cruz, Primeiro-Ministro de Cuba, abordará os resultados socioeconômicos alcançados desde o congresso anterior e as projeções para continuar avançando no desenvolvimento das “reformas econômicas” entre outros pontos. A nomeação do atual presidente Díaz-Canel, como novo Primeiro-Secretário, cargo mais importante de Cuba, poderá ocorrer em sua última sessão, na segunda-feira.

Os Marxistas Leninistas que reconhecem o caráter Operário do Estado cubano, seguindo o arsenal teórico deixado pelo revolucionário Leon Trotsky (A Revolução Traída), continuaram o combate em defesa das conquistas históricas da revolução socialista, ocorrida na Ilha há cerca de 60 anos atrás. Neste combate não reconhecemos como uma “alternativa progressista” as reformas de mercado introduzidas pela burocracia castrista, com o objetivo da restauração capitalista similar a da “via chinesa”. Lutaremos em frente única com o Partido Comunista Cubano contra o imperialismo ianque e suas manobras econômicas e militares, porém no mesmo sentido revolucionário não apoiaremos qualquer passo do Castrismo em direção ao retorno de Cuba a um suposto “capitalismo democrático”!