quarta-feira, 28 de abril de 2021

O “EMBUSTE ANTI-IMPERIALISTA” DO PCB NA LÍBIA: 10 ANOS APÓS APOIAR A “REVOLUÇÃO MADE IN USA”... AGORA CRITICA OS QUE ADOTARAM SUA POSIÇÃO DE SIMPATIA AOS “REBELDES” PATROCINADOS PELA CIA 

O PCB acaba de reproduzir em seu site o artigo “O anti-imperialismo do embuste” (25.04) onde aplaude a posição da autora (Diana Johnstone) em criticar setores da esquerda e intelectuais progressitas por terem apoiado a “Primavera Árabe”, denunciando a posição destes setores na Líbia e na Síria. Segundo o texto “Para esses nostálgicos de revoluções que não aconteceram, todo o levante antigovernamental encontra auxiliares à distância prontos a aclamá-los: os “kosovares” na Sérvia, os curdos em qualquer lugar, os chechenos quando explodiram teatros e escolas na Rússia, os manifestantes em Benghazi (que eram na verdade fundamentalistas islâmicos, ao contrário do que se dizia então), os uigures agora”. O mais tragicômico é que o próprio PCB foi um dos partidos no Brasil que inicialmente embarcou em 2011 de malas e bagagens no apoio aos rebeldes e a essa transição ordenada pelo imperialismo em nome de derrotar as “ditaduras sanguinárias” como ocorreu na Líbia. 

Basta procurar nos artigos da época publicados pelo partido. No texto “A Líbia e o imperialismo” (site PCB, 26 de fevereiro de 2011) podemos ler que “As pessoas progressistas têm simpatia com o que encaram como um movimento popular na Líbia. Podemos ajudar tal movimento principalmente pelo apoio às suas exigências justas mas rejeitando uma intervenção imperialista... É o povo da Líbia que deve decidir o seu futuro”. Esta posição demonstra claramente que o PCB teve inicialmente ilusões na falsa “revolta popular” patrocinada pela Casa Branca na Líbia. 

O PCB seguia a linha do Castrismo que chegou no site Cubadebate a demonstrar inicialmente simpatia com os “rebeldes” monárquicos da Líbia. Naquele momento, o PCB não denunciou o caráter pró-imperialista do movimento dos “rebeldes” de Benghazi, ao contrário, o apresentava como parte das “revoltas populares” iniciadas na Tunísia e no Egito.

Somente quando se delineou a intervenção militar da OTAN, Fidel Castro percebeu que o “conto” da tal “revolução árabe” estava voltado a dar uma cobertura “humanitária” a mais uma invasão ianque, denunciando-a publicamente. A partir desse momento o PCB copiou tal posição, o que consideramos sem dúvida como um avanço.

Apesar disso, o deslocamento rumo a uma genuína posição anti-imperialista por parte do PCB foi extremamente limitado. Prova disso é que enquanto o PCB se colocava contra a intervenção imperialista de forma abstrata na Líbia, em uma especie de “anti-imperialismo de embuste” e sem apontar seus desdobramentos concretos no terreno da luta entre as forças em combate, nós da LBI previamente denunciamos a genocida ação da OTAN contra o país norte-africano e defendemos a frente única militar com o governo de Kadaffi e a vitória das milícias populares que apoiavam o regime contra as tropas abutres invasoras, mantendo nossa independência política diante de sua direção burguesa. 

A LBI esteve na trincheira de luta contra a ingerência das potências abutres na região não apenas na Síria, como fez o PCB depois, mas desde o início das provocações armadas pela CIA na Líbia.

Afirmamos isso porque a LBI foi a primeira organização política em nível mundial a denunciar, ainda em fevereiro de 2011, que as “manifestações” em Benghazi tinham um caráter abertamente pró-imperialista e em nada se aproximavam de uma “revolta popular” e muito menos de uma “revolução”, como delirava o conjunto da esquerda mundial e o próprio PCB. 

Desmascararmos desde o ínício de 2011 os “rebeldes” mercenários a serviço da CIA, treinados no Katar com o apoio do Mossad, como agentes da contrarrevolução que buscavam derrubar o regime nacionalista burguês de Kadaffi para liquidar as conquistas sociais existentes no país, produto da revolução democrática dirigida pelos coronéis pan-arabistas que colocou um fim a monarquia do rei Idris em 1969. 

Caracterizamos que o PCB ainda hoje flerta com traços político-ideológicos baseados no Marxismo-Leninismo, porém sua demagogia classista e “comunista” completamente oca está a serviço de encobrir na prática sua política reformista burguesa e de colaboração de classes, que se expressam nas alianças com o PSOL, PT e o seu arco burguês na eleições de 2020, que não têm um programa de ruptura revolucionária com a ordem burguesa, ao contrário, é refém da democracia dos ricos.

Desgraçadamente o PCB ainda hoje padece do que denuncia nos outros trânsfugas: o anti-imperialista do embuste que somente pode ser superado rompendo com o programa social democrata que avança a passos largos no antigo Partidão!