sábado, 17 de abril de 2021

ELEIÇÕES REGIONAIS NA BOLÍVIA: O MAS, PARTIDO DO PRESIDENTE ARCE E DE EVO MORALES, SOFRE DERROTAS PARA GOVERNOS E PREFEITURAS. PAÍS DÍVIDIDO AO MEIO ENTRE ESQUERDA BURGUESA E DIREITA GOLPISTA 

A Bolívia mais uma vez foi às urnas, e desta vez para o segundo turno das eleições regionais, que tiveram início em março. No returno foram eleitos os governadores dos 9 departamentos e os 336 prefeitos dos diferentes municípios que constituem o país.  Dos 9 governadores, apenas cinco foram eleitos já no primeiro turno e no último domingo o processo eleitoral foi concluído com o segundo turno, onde o MAS, partido do atual presidente Luis Arce e do ex-Evo Morales, sofreu uma derrota acachapante. 

O partido no governo central, o Movimento pelo Socialismo (MAS), ganhou apenas três, dos nove governadores e 240 prefeitos, sendo que a grande maioria em cidades muito pequenas. Potosí, Oruro e Cochabamba serão gerenciados pelo partido de Evo Morales. No segundo turno, o MAS não conseguiu vencer em nenhuma das disputas, fundamentalmente devido a um processo de profundo desgaste político, com a década de sua gestão central do país, mas também com o fiasco dos poucos meses do presidente Arce. Fato importante foi o colapso de algumas lideranças ligadas ao masismo, e que acabaram se voltando para a oposição. É o caso da prefeita da estratégica cidade de El Alto, Eva Copa, e Damián Condori, governador de Chuquisaca. 

Os números desta eleição são semelhantes aos dos governadores que o MAS alcançaria em 2005, quando Evo assumiu a primeira presidência da república. Foram anos de conflito até a formulação da nova constituição. Esse profundo revés eleitoral é um alerta contra as políticas neoliberais que o governo Arce vem implementando com um discurso que acaba não sendo sustentada pela maioria da população oprimida. A maioria da classe operária rejeitou veementemente o golpe, mas também tem uma experiência negativa com o masismo, seja na versão populista de Evo ou na de “austeridade” do atual presidente Arce.

Talvez a derrota mais importante do MAS  seja a do departamento de Chuquisaca, nas mãos do ex-membro do MAS Damián Condori.  Este também foi o caso de Regis Richtes em Pando, que também fazia parte das fileiras do MAS.  Por outro lado, o departamento de Santa Cruz é conhecido por ser reduto da extrema direita, sendo eleito governador o fascista Fernando Camacho, um dos principais protagonistas do golpe em 2019.  Um pouco semelhante acontece em Tarija, onde Mario Cossío é oposição ao MAS. Em relação a capital La Paz, Santos Quispe também derrotou o candidato do MAS. 

A expressiva derrota do MAS, logo na sequência da vitória nacional de Luis Arce, é óbvio que expressa um sentimento de descontentamento real das massas com a política neoliberal do novo governo. É urgente a construção de uma alternativa revolucionária ao masismo, baseada na ação direta do proletariado, porque rapidamente se dará as bases da reconstituição da extrema direita em direção a um novo golpe de Estado, ou se não a ataques da burguesia e do imperialismo as conquistas sociais e históricas da classe operária boliviana.