segunda-feira, 26 de abril de 2021

OSCAR 2021: HOLLYWOOD ESPELHA A CRISE DO CAPITALISMO PARA TENTAR SOBREVIVER

O filme 'Nomadland' ganhou o Oscar de melhor filme (principal premiação) durante a 93ª edição do prêmio concedido pela poderosa indústria cinematográfica. O evento de transmissão mundial aconteceu neste domingo (25/04) na estação ferroviária Union Station, em Los Angeles. A peça foi escrita e dirigida por Chloé Zhao, que recebeu o Oscar de melhor diretora, enquanto a protagonista, Frances McDormand, foi reconhecida como melhor atriz.

A peça, escrita e dirigida por Chloé Zhao, conta a história de uma mulher de 60 anos que deixa sua cidade natal após a morte do marido e o fechamento da única indústria da região, para embarcar em uma viagem pelo oeste dos EUA, morando em uma van e levando um estilo de vida absolutamente nômade.

O filme que faz parte do gênero drama foi baseado no livro 'Nomadland: Sobrevivendo à América no Século XXI', escrito por Jessica Bruder e publicado em 2017.A protagonista é interpretada por Frances McDormand, que recebeu o Oscar de melhor atriz, enquanto Chloé Zhao ganhou o prêmio de melhor diretora. Chloé, que é chinesa, é apenas a segunda mulher da história a levar a premiação de melhor direção. Desde que o Oscar foi criado, em 1929, apenas cinco mulheres foram indicadas nessa categoria. E somente neste ano, duas mulheres foram indicadas. Além de Chloé, apenas Kathryn Bigelow havia levado a estatueta em 2010.

Em seu discurso de agradecimento, a cineasta citou um poema chinês. "Tenho pensado muito ultimamente sobre como continuo a seguir quando as coisas ficam difíceis. Quando eu era criança na China, meu pai e eu costumávamos memorizar textos e poemas clássicos chineses e recitar juntos.”. No ano passado, o vencedor foi para o diretor de Parasita, o sul-coreano Bong Joon Ho, também um feito histórico. Foi ele quem entregou hoje o prêmio para Chloé Zhao.

A sequência de dois anos consecutivos onde a Academia premia películas de forte temática social, é um claro sinal de que Hollywood passa a espelhar a profunda crise capitalista na “tela grande” para tentar sobreviver. Entretanto ainda estamos bastante distantes do surgimento uma escola de diretores (e também atores) de cinema que estejam aderindo ao Marxismo, como ocorreu no final dos anos 60, com a vaga revolucionária que varreu o mundo. De qualquer forma é cedo para uma caracterização final do atual processo “contestatório” de Hollywood, onde se cruzam elementos puramente comerciais, com ingredientes de caráter ideológico progressista.