segunda-feira, 26 de abril de 2021

“LULA É UM PELEGO! E DAÍ?”: RUI PIMENTA (PCO) NÃO VÊ PROBLEMA ALGUM EM APOIAR O ANTIGO “CHEFE DA QUADRILHA” E O PT, QUE DENUNCIOU COMO “UM VERDADEIRO PARTIDO CAPITALISTA”

Após o BLOG da LBI ter lançado vários artigos desmascarando o caráter burguês da candidatura Lula para 2022, a costura das alianças com raposas do capital para formar a frente ampla e ter orientado a burocracia sindical da CUT a chamar FHC e Doria para o ato virtual de 1º de Maio, o PCO resolveu “sair da toca” para atacar os “sectários” em geral. No artigo de um dos escribas remunerados de Rui Pimenta, intitulado “A paralisia do sectário: ‘Lula é um pelego!’. E daí?”, encontramos a seguinte afirmação: “É muito curiosa a insistência de alguns companheiros da esquerda em manterem uma posição extremamente sectária sobre Lula. Há aquele que não apoia sua candidatura porque Lula governou para os capitalistas, como se a situação atual fosse exatamente a de 2002.” Como observamos é uma tentativa envergonhada do PCO se defender sorrateiramente de nossas críticas marxistas sobre sua virada oportunista quando em 2002 denunciava Lula como “presidente dos banqueiros” para agora saudar o petista como o “único capaz de unir a esquerda” nas eleições de 2022.


Quase 20 anos se passaram (é verdade!) desde o primeiro governo nacional da Frente Popular, Lula e o PT aprofundaram e muito nesse período seus laços com a burguesia, o golpe parlamentar de 2016 não alterou essa evolução, basta ver que o PT continuou suas alianças com os partidos do capital nos estados e nas eleições municipais de 2020, Lula agora sai atrás do MDB e do Centrão para costurar a tal Frente Ampla para gerenciar o programa de terror sanitário ditado pela governança global do capital financeiro. 

O que nos diz o PCO diante disso, não tem problema do ponto de vista dos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores afinal... “Lula é um pelego! E daí?”. Rui Pimenta defende o apoio eleitoral dos trabalhadores e sua vanguarda ao homem de confiança do grande capital que organizou no Palácio do Planalto a paralisação da luta de classes no Brasil junto com a CUT e estabeleceu o pacto com os empresários onde os “capitalistas nunca ganharam tanto”, segundo as palavras do próprio Lula! 

Para o PCO não existe nada de grave nisso, afinal de contas a legenda oca de Rui Pimenta está completamente corrompida política e materialmente pela Frente Popular desde o último governo Dilma (PT)! Da “noite para o dia”, ou melhor, antes e depois de receber “ajuda” financeira do PT, o PCO passou a ver o mundo divido entre “golpistas e não golpistas” ou “direta versus esquerda”, a luta entre as classes sociais simplesmente desapareceu da pauta programática do Sr. Pimenta, tudo se reduzia ao melhor estilo do velho “Partidão”, ao confronto entre “esquerda versus direita”, sem considerar o caráter de classe desta “esquerda”, mesmo que já tenha grande experiência na gerência do Estado burguês, descarregando o ônus da crise capitalista nas costas dos trabalhadores.

Tentando justificar porque agora é fã de Lula, o PCO busca explicar seu transformismo no artigo em questão: “Sabemos muito bem que Lula não é um revolucionário. Sabemos que, pelo contrário, sua política é de colaboração com a burguesia e, no máximo, nos momentos de radicalização, de reforma social... Entretanto, temos total consciência de que essas profundas divergências são secundárias na etapa atual. E que é possível fazer alianças táticas sem aderir ao seu programa – é possível lutar juntos mantendo as críticas e com uma política independente.” Esse malabarismo político foi usado por todas as correntes pseudo-trotskistas (OT, DS, CS) justamente para sempre justificar seu seguidismo ao PT como vários vezes criticou a OQI, precursora do PCO.

A atual cantilena de Rui Pimenta é uma cópia bastarda da política que o Morenismo (PSTU) adota frente às direções tradicionais do movimento operário, a linha oportunista de “exigências e denúncias”. Segundo essa “tática” tudo estaria baseado na política de Lenin, que nos primeiros meses do Governo Provisório, exigia dos mencheviques a ruptura com os ministros burgueses, para que, diante de sua negativa em romper com a burguesia, as massas tirassem as lições necessárias, fazendo avançar sua consciência revolucionária, superando suas ilusões com o menchevismo.

O problema é que esta orientação tem sido utilizada de forma completamente independente da integração das direções reformistas ao regime e do papel ativo que devem cumprir os revolucionários na evolução da consciência das massas. Se era correto chamar o PT e a candidatura Lula a romper com a burguesia até o final dos anos 80, quando o lulismo ainda contava com um expressivo apoio dos explorados, para acompanhar e tensionar a evolução da consciência das massas à esquerda; quase três décadas depois, quando o PT completou seu ciclo de integração ao regime capitalista, quando em diversas administrações o PT demonstrou-se continuísta do mesmo ataque promovido por todos os governos capitalistas (e até com maior eficiência nas privatizações e destruição das conquistas que as próprias administrações burguesas tradicionais), continuar chamando o lulismo a romper com a burguesia é nada menos que camuflar o seu caráter reacionário, contribuindo já para o atraso da consciência das massas.

O PCO transformou uma caricatura da tática utilizada por Lenin em estratégia, neste sentido, Rui Pimenta converteu Causa Operária em um obstáculo a que os trabalhadores rompam suas ilusões nos partidos reformistas tradicionais. O processo de corrupção política e material de Causa Operária com o seu tamanho giro à direita deve servir de exemplo como o abandono do Trotskismo liquidou completamente uma organização, então chamada OQI, que nasceu combatendo justamente a linha socialdemocrata do Lulismo.

Causa Operária, que no passado lançou até mesmo candidaturas presidenciais denunciando a transformação do PT em um partido capitalista e alertando que Lula era um coronel burguês, agora diz justamente o contrário! A razão de fundo para um giro tão abrupto na política do PCO, que passou de uma caracterização sobre o governo Lula como um “Presidente dos banqueiros” (2004) para o radicalmente oposto “Governo dos trabalhadores” (2010), obviamente não está em alguma mudança substancial na essência do governo da Frente Popular de colaboração de classes.

O motivo da profunda alteração na política do PCO reside na própria relação que passou a estabelecer com o Estado Burguês, tendo é claro como “mediador” deste novo “relacionamento” estabelecido com a burguesia o Partido dos Trabalhadores. Para os Marxistas as bases materiais de sustentação de uma organização revolucionária devem ser absolutamente independentes do Estado e da classe dominante capitalista (e seus agentes políticos), desgraçadamente a cúpula revisionista do PCO desconsiderou este princípio, o “ABC” de um genuíno Partido Leninista. 

Triste ironia para aqueles que em dia de festa, como Rui Pimenta e seu séquito ainda dizem que são "discípulos de Lênin e Trótski e não iremos desperdiçar seus ensinamentos". De fato, o papel aceita tudo... ainda mais se a tinta por comprada pelas sobras do caixa milionário do PT que são dadas de troco aos serviços prestados pelo PCO!