quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

“REVOLUÇÃO MADE IN USA” NO EGITO COMEÇOU EM FEVEREIRO/2011: TRANSIÇÃO ORDENADA PARIU ATUAL DITADURA ASSASSINA ALIADA DE ISRAEL E DO IMPERIALISMO

Exatamente há 11 anos estava em curso a chamada “Revolução Árabe” no Egito, saudada pelo conjunto da esquerda mundial como um verdadeiro “levante de massas” que traria “democracia” para o país e abriria caminho para o socialismo na terra dos Faraós. Naquele momento a LBI já caracterizou o processo em curso como uma transição política ordenada pelo imperialismo e burguesia nativa, enquanto o revisionismo com seu impressionismo vulgar apoiava acriticamente a “troca de regime” orquestrada nos bastidores pela Casa Branca, devido ao extremo desgaste de Hosni Mubarak, que acabou por renunciar em 11 de fevereiro de 2011.

Após 20 dias de massivos protestos no Egito, apresentados charlatanescamente pela esquerda revisionista como a "revolução árabe", o odiado presidente Hosni Mubarak renunciou. Em um pronunciamento na TV, o vice-presidente Omar Suleiman, anunciou que Mubarak havia transferido o controle do governo a um Conselho Militar Supremo que se comprometeu a convocar eleições "livres" em setembro daquele ano. Logo após o anúncio, os principais representantes do imperialismo, como o então vice-presidente dos EUA, Joseph Biden e o primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron, saudaram a decisão como "um dia histórico".

Seguindo o caminho da Tunísia, após a fuga de Ben Ali, todas as instituições burguesas no Egito permaneceram intactas, sem nenhum traço de reformulação "democrática" após a saída do ditador. A alta-cúpula das FFAA dirige o país até hoje para garantir estabilidade ao regime, seguindo o planejado com a Casa Branca, que havia exigido a renúncia de Mubarak para amortecer a tensão política no país.

Pontuamos em voz solitária que não existiam organismos de poder das massas insurretas, muito menos um núcleo organizado que se contraponha militarmente à hierarquia militar vigente no Egito. Portanto sem a conjunção destes fatores, falar em revolução, ainda que democrática, seria uma piada de péssimo gosto. Hoje o país é dominado por uma feroz ditadura militar aliada dos EUA e Israel, as forças políticas burguesas que fazem oposição aos generais são perseguidas e seus dirigentes presos ou assassinados, como a Irmandade Muçulmana (IM).

O movimento operário encontra-se na defensiva completa e as organizações de esquerda praticamente na clandestinidade. Aos pseudo-trotskistas que saudaram entusiasticamente a “Revolução Árabe” (PSTU, Resistência, CST) restou o profundo silêncio diante da ditadura imposta ao país, não esquecendo que posteriormente essas mesmas correntes apoiaram o golpe militar assassino de AI-Sissi contra o presidente civil Mohamed Morsi (IM) como uma “vitória das massas”, demonstrando sua completa confusão política e alinhamento com a reação burguesa pró-imperialista!

As demandas democráticas e econômicas das massas egípcias que detonaram as manifestações multitudinárias contra Mubarak e seu regime autocrático só ganharão um corpo revolucionário transicional na medida em que possam estabelecer um fio condutor a partir de um norte estratégico. 

Essa tarefa não poderá ser assumida espontaneamente pela própria combatividade das massas, faz-se necessário forjar uma vanguarda revolucionária que seja o embrião de um verdadeiro partido marxista-leninista.