“A RÚSSIA TEM O DIREITO DE RETALIAR OS EUA E NÓS O FAREMOS”:
DECLAROU PUTIN EM REDE NACIONAL DE TV
Na última segunda-feira (21/02), Putin convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Rússia. Os participantes adotaram a resolução para reconhecer a independência das Repúblicas de Donetsk e Lugansk. Imediatamente depois, o governo russo assinou um “Acordo de amizade, cooperação e assistência” com ambas as repúblicas populares. A noite, Putin fez um discurso em cadeia nacional de televisão. É uma “batida na mesa” com o qual o Kremlin tenta compensar 30 anos de desastres sociais e políticos, consequência da dissolução contrarrevolucionária da URSS e das contínuas concessões feitas pelos restauracionistas ao imperialismo ianque e que não levaram a lugar nenhum. “Todas as nossas propostas sobre segurança foram ignoradas. A Rússia tem o direito de retaliar, e nós o faremos", declarou Putin em seu discurso na televisão.
É o fim dos Acordos de Minsk, que até agora tinham sido apenas ridicularizados pelo governo neofascista de Kiev e em cuja defesa nenhum dos dois países ocidentais que se comprometeram com o cumprimento, a saber, a Alemanha e a França.
Como muitas vezes acontece, é interessante analisar o discurso televisionado de Putin, especialmente considerando que ele mistura muitas questões que fazem parte da história do movimento comunista internacional.
Em 2014, os imperialistas patrocinaram um golpe de Estado em Kiev que devastou um país inteiro, como anteriormente devastaram o Iraque, o Afeganistão, a Líbia ou a Síria. Os Estados Unidos não estão interessados na Ucrânia, exceto por sua proximidade com a Rússia. Seu interesse é transformar o território em uma grande base militar avançada da OTAN e, eventualmente, um campo de batalha para humilhar a potência militar, herdada a antiga URSS.
Em seu discurso, Putin descreve o país vizinho como uma "colônia" dos EUA, que não hesitou em cometer crimes bárbaros, como o ocorrido na sede sindical de Odessa, onde muitas pessoas foram queimadas vivas pelas hordas nazistas que participaram do golpe de 2014.
Putin emitiu alertas claros para a Ucrânia e usou a expressão "Novorossya", que é característica do nacionalismo russo da época da derrota da Alemanha de Hitler, e denota a vontade de apoiar as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk. Até agora não era comum nos comunicados oficiais russos, falar da independência das repúblicas, onde a chancelaria preferia falar mais genericamente sobre a região de Donbass.
Mas a fala de Putin não para em Donbass e deixa muito claro que afeta toda a Ucrânia. É um sério alerta para o futuro, que aponta que o governo russo pretende parar de curvar-se diante da ofensiva imperialista mundial. Porém para levar adiante a luta consequente contra o principal inimigo dos povos, é necessário tomar medidas concretas, armando a classe operária de um programa na senda da revolução socialista mundial. Obviamente o governo restauracionista de Putin não está à altura desta tarefa histórica, o que não impede os Marxistas Leninistas de se colocarem incondicionalmente no campo da derrota do imperialismo ianque.