FEVEREIRO DE 1945: CONFERÊNCIA DE YALTA-POTSDAM CELEBRA PACTO DE "COEXISTÊNCIA PACÍFICA"
ENTRE A URSS STALINIZADA E O IMPERIALISMO
A orientação do Kremlin, em
nome dos acordos com as potências imperialistas celebrados na Conferência de Yalta-Potsdam, ocorrida entre 4 a 11 de Fevereiro de 1945 sob o comando de Roosevelt, Churchill e Stalin,
conduziu a derrota de vários processos revolucionários ocorridos no pós-guerra.
Na Itália e na França, os PCs, que haviam alcançado um enorme prestígio na
organização da resistência partisans, foram orientados a conformar governos de
unidade nacional com os partidos burgueses. Na Grécia, a traição do stalinismo,
permitiu a derrota da insurreição operária em Atenas, sufocada pelos pesados
bombardeios da aviação britânica. Porém, na Iugoslávia e na China, onde as
orientações de Stálin não foram seguidas, a luta de libertação nacional
resultou na expropriação da burguesia, independente da presença militar do
Exército Vermelho.
Apesar das traições stalinistas, a onda revolucionária que
se abriu no pós-guerra era uma evidência de que a heroica resistência do Estado
operário soviético, ainda que burocratizado, foi um colossal estímulo para a
luta de classes do proletariado mundial... Pressionado pelas potências
imperialistas consideradas “amigas” após a assinatura dos acordos de cooperação
e não agressão de Yalta (1945), na Crimeia às margens do Mar Negro, Stalin leva
às últimas consequências sua política contrarrevolucionária de coexistência
pacífica com a burguesia mundial, debilitando assim sua própria liderança no
movimento comunista internacional. Revoluções no mundo capitalista ocidental
são “afogadas” pela URSS (França, Itália e Grécia) em nome do respeito às
“zonas de influência”, neste período surge até o conceito do “socialismo só em
meio país”, como no Vietnã e Coreia...
O stalinismo, após os acordos de Yalta,
deixará o Oriente como uma área de influência do imperialismo ianque, além da
consideração do sionismo, em sua versão trabalhista como um aliado político,
com o qual desenvolverá uma frente popular em Israel. O velho Partido Comunista
palestino logo mudará seu nome para israelense por considerar as massas árabes
e palestinas como atrasadas e feudais...
Em resumo, a Conferência de
Yalta-Potsdam foi um verdadeiro pacto contrarrevolucionário entre a URSS
stalinizada e o imperialismo mundial em nome da "coexistência
pacífica" entre ambos voltado estrategicamente para impedir o avanço da
luta pela revolução proletária internacional. Feito esse denúncia, é necessário registrar que
constitui um grave erro colocar um sinal de igualdade entre os regimes
stalinista e nazista, como fazem os democratas pequenos burgueses e mesmo os revisionistas do Trotskismo que
classificam ambos como apenas como "regimes totalitários" desprezando as diferenças de conteúdo social de ambos.
O nazismo alemão, assim como o
fascismo italiano, é um instrumento do capital financeiro, seu último recurso
para conter a revolução proletária e o socialismo, mergulhando a sociedade na
barbárie política como forma de preservar a propriedade burguesa, quando a
economia capitalista mundial entra em colapso pela impossibilidade de
desenvolvimento das forças produtivas nos marcos da sociedade burguesa. Hitler
e Mussolini foram financiados pelas grandes corporações capitalistas para impor
o terror ao movimento operário e afastar o fantasma do comunismo. A camarilha burocrática stalinista, por sua vez, instalou-se
como um parasita sobre o Estado operário nascido da Revolução de Outubro, que
já havia expropriado a burguesia e estabelecido a propriedade estatal dos meios
e produção como condição fundamental para o desenvolvimento das forças
produtivas necessárias para a consolidação da sociedade socialista.
As
condições de isolamento da revolução e de atraso da base econômica sobre a qual
se ergueu o nascente Estado operário Soviético, provocaram uma degeneração no
aparelho estatal, que foi transformado num instrumento de domínio burocrático
contra a classe operária. Todavia, a casta burocrática, assentava seu domínio
sobre as bases sociais da Revolução de Outubro. Embora degenerado pela
burocracia, a União Soviética continuava sendo um Estado Operário, uma posição
conquistada pelo proletariado que devia ser defendida a todo custo, como
Trotsky deixou claro no Programa de Transição ao analisar as frações em choque
dentro da burocracia soviética: “Se amanhã a tendência burguesa-fascista, isto
é, a ‘fração Butenko’, entra em luta pela conquista do poder, a ‘fração Reiss’
tomará, inevitavelmente, lugar no outro lado da barricada. Encontrando-se
momentaneamente como aliada de Stálin, ela defenderá, é claro, não a camarilha
bonapartista deste, mas as bases sociais da URSS, isto é, a propriedade
arrancada dos capitalistas e estatizada. Se a ‘fração Butenko’ se achar em
aliança com Hitler, a ‘fração Reiss’ defenderá a URSS contra a intervenção
militar, tanto no interior do país, quando na arena mundial. Qualquer
outro comportamento
seria uma traição”.
O
proletariado internacional e os explorados de todo o mundo, que sofrem
diariamente a opressão de tropas da OTAN a serviço do imperialismo em sua atual
ofensiva militar, como os povos da Coréia do Norte, Afeganistão, Iraque, Haiti, Líbia, Síria e
Palestina..., devem tomar a firme resistência do povo soviético apesar do
Stalinismo como uma prova incontestável de que o imperialismo e sua ofensiva
neoliberal podem ser derrotados política e militarmente. Nos dias atuais, é
fundamental resgatar o legado da vitória da resistência soviética sobre o
nazismo para combater a atual ofensiva imperialista.
Essa luta assume hoje na
batalha contra o imperialismo que cada vez mais recorre à reação burguesa para
impor seus interesses no planeta, como nas intervenções militares na Síria ou
patrocinando os golpistas de extrema direita na Venezuela.