IMPERIALISMO IANQUE AMEAÇA A CHINA: “PODEMOS PROMOVER OUTRA
GUERRA”
Enquanto os bombardeios e ataques de artilharia do exército russo continuam a semear a morte das milícias naziotanistas na Ucrânia, o Democrata Biden decidiu estender a guerra para além do território da Europa. Na última segunda-feira, o genocida ameaçou a China com represálias devastadoras se o país, que representa a maior concentração de capital na Ásia, não colaborasse com a execução de sanções econômicas contra o governo Putin. A questão foi levantada pela primeira vez em Roma pelo secretário de Segurança Interna, Jack Sullivan, em uma recente reunião que durou sete horas com um diplomata chinês sênior, Yang Jiechi. "A China sofrerá sérias consequências", declarou o funcionário imperialista, "se atrapalhar a pressão ocidental sobre Putin".
A campanha de desinformação da OTAN aludia a uma exigência
para que Pequim não enviasse ajuda militar à Rússia, mas a questão tinha um
alcance maior, a cessação das transações econômicas com aquele país e a
incorporação da China ao bloqueio econômico generalizado que a OTAN ordenou
contra a Rússia.
Como resultado das chamadas "sanções econômicas",
os Estados Unidos confiscaram metade das reservas cambiais internacionais da
Rússia, cerca de 300 bilhões de dólares, que estavam em diferentes bancos no
exterior. Os cinqüenta por cento restantes também não podem ser usados pelo
bloqueio imposto às transações internacionais da Rússia.
"Se a China contornar as sanções internacionais"
(sobre a Rússia), pontifica um editorial do Financial Times (15,3), "é
provável que seja atingida por sanções secundárias". A China, no entanto,
estruturou um sistema internacional de pagamentos, desde muito antes da guerra,
para evitar o monopólio que os Estados Unidos exercem no sistema Swift.
O governo Democrata dos EUA ordenou a expulsão da Rússia
deste sistema de compensação e verificação de cobranças e pagamentos, sem levar
em conta que se trata de uma rede privada supervisionada por três bancos
internacionais. Simplificando, os estados que não aderirem à guerra da OTAN
sofrerão com uma guerra da OTAN. A mesma reconvenção foi feita por Biden à
Índia, que acaba de restabelecer um antigo sistema de compensação de pagamentos
com a Rússia, a pedido da Federação de Exportadores Indianos.
O comércio entre os
dois países atingiu uma soma interessante, 60 bilhões de dólares, e a Índia
precisa do petróleo e do gás da Rússia. A linha de pagamento rupia-rublo
interfere, por outro lado, no monopólio do dólar como moeda internacional. Em
um tom um pouco mais baixo, Biden ameaçou a Índia com retaliações semelhantes
às que prometeu à China.
A extensão da guerra européia à Ásia é ressaltada pela
“observação“ do Financial Times de que "a marinha dos EUA poderia bloquear
a China cortando as principais rotas marítimas". A Turquia, por enquanto,
já fechou a passagem do Bósforo e dos Dardanelos, excluindo a Rússia do Mar
Negro. Na manhã, desta sexta-feira
(18/03) Biden e Xi darão esses avisos um ao outro no nível presidencial
virtual. O imperialismo ianque mantêm
refém um trilhão de dólares da dívida pública com a China, que de fato foi
congelada.
A demanda imediata dos EUA para a China é convocar Putin
para um cessar-fogo incondicional. É um ultimato inadmissível para o presidente
russo, que há muito prepara uma resposta a OTAN na Ucrânia, diante do cerco da
UE e dos preparativos militares da oligarquia ucraniana para tomar de assalto
as regiões separatistas do leste da Ucrânia.
Putin não precisa de
um cessar-fogo imediato em vista do triunfo militar de sua operação, mas dentro
da estrutura de suas demandas. O interesse ianque em um cessar-fogo esconde o
propósito de continuar a guerra por outros meios. A pressão dos EUA sobre a
China é convincente e, ao mesmo tempo, um pretexto para impor tutela política à
China.
Esta extensão internacional da guerra, fora da Europa,
rompeu as linhas de demarcação que prevaleceram até agora, desde a dissolução
da União Soviética, e abriu a dinâmica de uma guerra imperialista mundial. A
OTAN pôs em prática as linhas estratégicas de uma ofensiva político-militar
global, que elaborou com grande antecipação, entretanto não esperava uma
contestação a altura por parte do Kremlin.