quinta-feira, 10 de março de 2022

LAVROV NA MESA DE NEGOCIAÇÕES: “NÃO QUEREMOS A MILITARIZAÇÃO DA UCRÂNIA NA OTAN OU SEM OTAN POR SER POSSÍVEL INSTALAR LÁ SISTEMAS QUE VÃO MANTER SOB A MIRA O NOSSO TERRITÓRIO”

As negociações entre o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, e o seu homólogo ucraniano, Dmitry Kuleba, realizadas na cidade turca de Antália, foram concluídas. As conversações duraram 90 minutos. A reunião foi realizada às margens do Fórum Diplomático de Antália. Lavrov declarou que a Rússia encara com seriedade a necessidade de encontrar uma solução nas conversações com a Ucrânia. Durante a reunião na Turquia, Lavrov disse que Moscou não quer a militarização da Ucrânia. "Não queremos a militarização da Ucrânia na OTAN ou sem OTAN, por ser possível sem qualquer OTAN instalar lá sistemas que vão manter sob a mira o nosso território", comentou chefe da diplomacia russa. 

Além disso, o chanceler russo afirmou que a operação especial militar da Rússia na Ucrânia segue conforme planejado. "Se for para responder sobre como está sendo desenrolada a operação militar especial russa, então essas estimativas são dadas, primeiro, por representantes do nosso Ministério da Defesa, e o mais importante, são dadas pelo presidente Vladimir Putin como comandante supremo. Ele já frisou muitas vezes que, em geral, a operação segue conforme planejado."

Sergei Lavrov afirmou também que a mídia ocidental está manipulando as informações quanto a um hospital de maternidade em Mariupol. Além disso, segundo o chanceler, o hospital era usado como base dos radicais do Batalhão Azov.

"Não é pela primeira vez que ouvimos gritos hipotéticos com relação ao que chamam de 'atrocidades' executadas por 'forças armadas russas'. No dia 6 ou 7 de março, não me lembro bem, na reunião do Conselho de Segurança da ONU, a nossa delegação apresentou fatos de que aquele hospital de maternidade há muito tempo foi capturado pelo Batalhão Azov e por outros radicais, que expulsaram de lá todas as mulheres, enfermeiras e todos os funcionários, sendo [este hospital] uma base de um batalhão ultrarradical", explicou.

"Esses dados foram apresentados três dias atrás. Portanto, tirem as conclusões: de que maneira as opiniões públicas têm sido manipuladas por todo o mundo? Também vi essas reportagens [...] muito emocionantes, porém, infelizmente, o outro lado de qualquer situação, o lado que dá uma perspectiva objetiva, nunca recebe atenção especial", adicionou.

Sergei Lavrov afirmou também ter discutido com seu homólogo ucraniano a possiblidade de uma reunião entre Vladimir Putin e Vladimir Zelensky. Entretanto, notou que o encontro não deve ser apenas uma "reunião por reunião".

"Todos sabem muito bem que o presidente Putin nunca recusa contatos. Nós apenas queremos que esses contatos sejam feitos não por si só, mas para alcançar algum tipo de acordos concretos", disse chanceler russo.

O chanceler russo disse também que a Rússia nunca usou petróleo e gás como uma arma. Segundo Lavrov, se a Europa parar de comprar petróleo e gás russos, Moscou "não vai lhe implorar" para que compre.

Experimentos em laboratórios na Ucrânia não eram de natureza pacífica, eles eram destinados ao desenvolvimento de armas biológicas "etnicamente orientadas", declarou Lavrov após negociações com seu homólogo ucraniano.

"Quanto ao fato de eles já terem usado essas armas [biológicas] eu não tenho dados, mas que não eram experimentos pacíficos, mas experimentos destinados à criação de armas biológicas, por assim dizer, etnicamente orientadas, disso praticamente não há dúvida", observou chanceler russo.

Lavrov ressaltou também que a Rússia será capaz de resolver seus problemas econômicos de tal forma que nunca mais dependerá dos governos e empresas ocidentais.