“GUERREIROS DA LIBERDADE”: CIA TREINA GRUPOS NEONAZISTAS NA UCRÂNIA DESDE O GOVERNO OBAMA
A CIA vem treinando secretamente grupos anti-russos
neonazistas na Ucrânia desde 2015. Tudo aponta que estão inspirando terroristas
de extrema direita no mundo todo. O treinamento foi iniciado pelo governo Obama
e ocorreu em uma base não revelada no sul dos Estados Unidos. A formação foi
posteriormente expandida por Trump e depois por Biden. O programa inclui
treinamento em técnicas de camuflagem, armas de fogo, navegação terrestre e
outras áreas.
Na década de 1960, a CIA trabalhou com radicais cubanos anti-Fidel Castro que transformaram Miami em um centro de violência terrorista. Na década de 1980, a agência apoiou e encorajou os radicais islâmicos no Afeganistão. E, na década de 2010, Washington apoiou os rebeldes não tão “moderados” da Síria que acabaram causando uma série de atrocidades entre civis e forças curdas que deveriam ser aliados dos EUA na região.
Com base em um novo relatório, parece que em breve poderemos adicionar
outro conluio a essa lista de lições fatalmente não aprendidas: neonazistas
ucranianos.
De acordo com uma reportagem recente Yahoo! News, desde 2015, a CIA treina secretamente forças na Ucrânia para servir como “líderes insurgentes”, nas palavras de um ex-oficial de inteligência. Funcionários atuais estão alegando que o treinamento é puramente para coleta de inteligência, mas os ex-funcionários dizem que o programa envolvia treinamento em armas de fogo, camuflagem, entre outras práticas paramilitares.
Dados os fatos, há uma boa chance de que a CIA esteja treinando nazistas, literalmente, como parte desse esforço. O ano em que o programa começou, 2015, também foi o mesmo ano em que o Congresso aprovou uma lei de gastos que incluía centenas de milhões de dólares em apoio econômico e militar à Ucrânia, que foi expressamente modificado para permitir que esse apoio fluísse para milícias neonazista no país, como o Regimento Azov.
De
acordo com o The Nation na época, o texto do projeto de lei aprovado em meados
daquele ano continha uma emenda explicitamente barrando “armas, treinamento e
outras assistências” a Azov, mas o comitê da Câmara encarregado pelo projeto
foi pressionado meses depois pelo Pentágono para remover a linguagem, dizendo
que era falsa e redundante.
Apesar da sua histórica relação com o nazismo – um
ex-comandante disse uma vez que a “missão histórica” da Ucrânia é “liderar as
raças brancas do mundo em uma cruzada final por sua sobrevivência” em “uma
cruzada contra os untermenschen [subhumano] liderados pelos semitas” –, o grupo
Azov foi incorporado à Guarda Nacional do país em 2014, devido à sua eficácia
no combate aos separatistas russos. Armas norte-americanas fluíram para a
milícia, oficiais militares da OTAN e dos EUA foram fotografados se reunindo
com eles, e membros da milícia falaram sobre seu trabalho com treinadores dos
EUA e a falta de triagem de antecedentes para eliminar os supremacistas
brancos.
Diante de tudo isso, não seria surpreendente que os
neonazistas de Azov tenham sido treinados no programa clandestino de
insurgência da CIA. E já estamos vendo os primeiros sinais de bumerangue da
história se repetir.
“Vários indivíduos de grupos de extrema direita nos Estados
Unidos e na Europa buscaram ativamente relacionamentos com representantes da
extrema direita na Ucrânia, especificamente o Guarda Nacional e sua milícia
associada, o Regimento Azov”, afirma um relatório de 2020, do Centro de Combate
ao Terrorismo da Academia Militar dos EUA de West Point. “Indivíduos baseados
nos EUA falaram ou escreveram sobre como o treinamento disponível na Ucrânia
pode ajudá-los em suas atividades paramilitares.”
Uma declaração do FBI de 2018 afirmou que Azov “acredita ter
participado de treinamento e radicalização de organizações de supremacia branca
sediadas nos Estados Unidos”, incluindo membros do movimento supremacista
branco Rise Above, processado por ataques planejados a contra manifestantes em
eventos de extrema direita, incluindo o comício “Unite the Right” de
Charlottesville. Embora pareça que o atirador do massacre da mesquita de
Christchurch não tenha viajado para a Ucrânia como ele afirmou, ele claramente
se inspirou no movimento de extrema direita de lá e usou um símbolo usado por
membros de Azov durante o ataque.
Desde que assumiu o cargo, Joe Biden lançou uma incipiente
“guerra ao terror” doméstica com base no combate ao terrorismo de extrema
direita, embora a estratégia vise discretamente atingir manifestantes e
ativistas de esquerda também, algo está sendo feito. No entanto, ao mesmo
tempo, os três últimos governos, incluindo o de Biden, têm fornecido
treinamento, armas e equipamentos para o movimento de extrema direita que está
inspirando e até treinando esses mesmos supremacistas brancos.
Vale lembrar o absurdo que é a razão pela qual Washington
tem dado assistência aos nazistas ucranianos para que eles possam servir como
um baluarte contra a Rússia, que os falcões de guerra comparam, como sempre, ao
regime de Adolph Hitler e sua expansão pela Europa na década de 1930.
Washington tem apoiado milícias neonazistas na Ucrânia, que por sua vez estão se comunicando e treinando supremacistas brancos nos EUA, que Washington, por sua vez, está alimentando uma burocracia repressiva ameaçadora para combater. É o que alguns chamam de “enxugando gelo” – as forças de segurança nacional dos EUA estão criando as mesmas ameaças que dizem combater.
Em vez de acalmar as tensões simplesmente concordando com as antigas demandas russas de estabelecer um limite rígido para a expansão da OTAN para o leste, Washington aparentemente decidiu que o domínio militar planetário ilimitado é tão importante que vale deitar na cama com fascistas reais.