ALEXANDRE VANNUCHI PRESENTE! HONRAR SEU COMBATE A DITADURA MILITAR NA LUTA REVOLUCIONÁRIA CONTRA A FARSA DA DEMOCRACIA DOS RICOS!
Hoje homenageamos Alexandre Vannuchi Leme, morto pela ditadura militar em 17 de março de 1973. Alexandre cursava Geologia na USP e militava na Ação Libertadora Nacional (ALN), organização política fundada por Carlos Marighella, que rompera com o PCB defendendo a luta armada enquanto o Partidão fazia oposição domesticada ao regime militar, sempre a reboque da chamada burguesia “progressista”.
Ele foi preso por agentes do II Exército, pertencentes ao DOI-CODI e torturado durante dois dias até não resistir e morrer. Na venal Folha de S. Paulo, uma notícia fantasiosa e cínica trazia a seguinte manchete: “Terrorista morre atropelado no Brás”. Segundo a matéria, Alexandre morreu atropelado por um caminhão no cruzamento da rua Bresser com a avenida Celso Garcia. Com variações, outros jornalões deram a mesma versão oficial da ditadura assassina. Porém, os militantes do movimento estudantil e as organizações políticas de esquerda da época sabiam que ele havia sido trucidado pela ditadura e denunciaram “Mataram o Minhoca”, referência ao apelido carinhoso de Vannuchi entre seus camaradas e companheiros de luta.
Para os Comunistas o fundamental é reivindicarmos politicamente a decidida batalha ideológica de Alexandre pela derrubada revolucionária da ditadura militar como parte do combate de classe para liquidar a ditadura do capital, seja ela sob a forma de “democracia” ou “ditadura” e abrir caminho para o socialismo!
A denominada “transição” da ditadura para o regime
“democrático” burguês, elaborada pelo general Golbery tinha como estratégia
manter intacta a estrutura e os métodos de repressão política como monopólio do
Estado capitalista. A “Lei de Anistia”, promulgada em 1979, inocentou os
carrascos dos militantes de esquerda, cujo “vespeiro” a burguesia e seus
gerentes e ex-gerentes de farda ou civis não querem abrir, pois traria à tona a
imensa podridão do regime capitalista, seus serviçais militares e civis. Todos
os documentos relativos a este período estão guardados a sete chaves por
exigência das FFAA como ultrassecretos, sendo na verdade esta comissão, tanto
em nível local como nacional, um embuste. Longe de legitimar esta farsa, é
preciso aproveitar as "homenagens" oficiais a Alexandre Vannuchi e
denunciar em viva voz que o regime da democracia dos ricos é apenas o atual
gestor do Estado burguês, um comitê dos negócios comuns da mesma classe reacionária
que promoveu o golpe de 1964 e patrocinou o regime sanguinário.
Sob o capitalismo, seja qual face expresse, o Estado não
perde seu caráter ditatorial de classe. Portanto, a Democracia Burguesa não
pode e nunca irá voltar-se contra os senhores do capital, aos quais servem tão
dedicadamente.
Alexandre Vannuchi se aproximou da ALN porque era contrário
a orientação burguesa do PCB e sua capitulação frente ao golpe militar. Esta
política provocou uma série de rupturas políticas nas fileiras do Partidão. A
paralisia do stalinismo oficial gerou um leque de organizações políticas (ALN,
PCBR, VPR, VAR-Palmares), que expressando uma resposta desesperada da
pequena-burguesia radicalizada, buscaram o caminho do foquismo e da luta
guerrilheira para combater a ditadura militar. Reivindicando praticamente o
mesmo programa etapista e stalinista do PCB, mas criticando sua tática de
integração sindical e parlamentar ao regime burguês e, depois, a ação conjunta
com a própria oposição civil à ditadura militar, essas organizações políticas
viraram as costas para o trabalho sistemático de organização da classe operária
nas fábricas e seguiram o caminho da luta armada praticada por pequenos focos
de militantes, tanto através da guerrilha urbana, como por meio da guerrilha
rural. Não por acaso, a esmagadora maioria dessas organizações estavam
dizimadas uma década após o golpe de 64.
Essa orientação foi equivocada na medida que setores da
classe operária e do movimento estudantil ainda resistiam à ditadura militar
até1968. São exemplos desse combate das massas, a greve dos trabalhadores metalúrgicos
de Contagem e Osasco, inclusive com ocupação de fábrica e a manifestação do 1º
de Maio em São Paulo. Em oposição ao oportunismo do PCB e ao foquismo
pequeno-burguês de suas dissidências, a posição correta dos Marxistas
Revolucionários diante do golpe militar deveria ser a defesa da formação de uma
frente única proletária abarcando todos os agrupamentos operários
revolucionários, capaz de tornar-se a espinha dorsal de um poderoso movimento
de massas para a reconquista das liberdades sindicais, operárias e democráticas
(partidos, sindicatos, imprensa, direito de reunião) estranguladas pela
ditadura militar.
Somente a retomada da iniciativa política da classe operária
em torno da defesa de suas reivindicações políticas e econômicas e por meio de
comitês de frente única, que unisse o trabalho revolucionário legal e ilegal,
poderia conseqüentemente, inclusive, arrastar para a luta contra o regime de
exceção amplos setores da pequena burguesia radicalizada, projetando as lutas
operárias em curso, através da construção de comissões de empresas e de
oposições sindicais para desbancar os agentes do capital da direção do
movimento operário.
Apesar das divergências com o programa defendido pela ALN,
desde a LBI rendemos nossa sincera homenagem o militante Alexandre Vannuchi que
lutou contra o regime dos gorilas sendo assassinado devido ao combate que fazia
contra a dominação do país pelo imperialismo e seus títeres de farda.
Desgraçadamente, uma característica fundamental da ANL foi a negação da teoria
Leninista sobre o papel do partido da vanguarda do proletariado no processo
revolucionário. Sob a influência do guevarismo e da experiência da revolução
cubana, adotou como lema “a ação faz a vanguarda”, partindo para a luta armada.
O norte estratégico da ALN era a restauração da Democracia
Burguesa e a criação de um governo que realizasse algumas reformas sociais,
como a reforma agrária, e assumisse uma posição de independência frente ao
imperialismo. Como já havia demonstrado Trotsky nas Teses da Revolução
Permanente e, mais tarde, Lênin nas suas famosas Teses de Abril, essas tarefas
da revolução democrática já não podem mais ser realizadas por nenhum setor dito
“progressista” da burguesia nacional dos países coloniais e semicoloniais,
visto que nesses países a burguesia nativa tem seus interesses diretamente
vinculados ao domínio do capital imperialista. Portanto, só a revolução
proletária e a Ditadura do Proletariado podem assegurar a realização das
tarefas democráticas e de libertação nacional, abrindo caminho diretamente para
o socialismo e não para uma etapa de desenvolvimento capitalista independente
como defendia o stalinismo, visão com a qual, apesar da forma radicalizada da
luta armada, a ALN não rompeu.
Mesmo com todas essas limitações polítcas e programáticas, o
incontestável heroísmo na luta contra a ditadura militar, fazem de Alexandre
Vannuchi um herói dos estudantes brasileiros e de sua vanguarda comunista. Nós
da LBI, que estamos firmes no combate por desmascarar a democracia dos ricos
como uma face da ditadura do capital, dedicamos o melhor de nossas forças e
energias à construção do Partido Bolchevique, nos espelhamos no exemplo
inquebrantável de Alexandre Vanucchi Leme que, apesar dos erros programáticos,
não traiu a causa que defendia, morreu resistindo as torturas da ditadura
militar e pagou com a sua própria vida na luta sem tréguas contra os gorilas
genocidas!