quinta-feira, 31 de março de 2022

PSOL NÃO ESTÁ NA ENCRUZILHADA... NASCEU SOCIAL-DEMOCRATA, TORNOU-SE “PUXADINHO DO PT” E AGORA É CABO ELEITORAL DA CANDIDATURA BURGUESA DE LULA

Setores do PSOL lançaram o documento “PSOL na encruzilhada. Carta aberta à direção e militância” em questionam o apoio eleitoral a Lula e a federação com a Rede. Segundo seus signatários, agrupados em torno de Glauber Braga, Milton Temer, Plinio de Arruda Sampaio Júnior e correntes políticas como a CST, LS, LSR e afins... “É preciso derrotar a política da direção partidária, apoiada pelo campo majoritário, que deixa o PSOL de joelhos frente a chapa PT-tucana. O PSOL não tem vocação para ser puxadinho do PT e, menos ainda, do Banco Itaú. É hora de reafirmar de maneira clara e inequívoca seu compromisso inarredável com a classe trabalhadora”. Na vida real, o PSOL irá apoiar a candidatura burguesa de Lula mesmo com Alckmin sendo o vice na chapa presidencial da Frente Ampla em outubro de 2022.

Demagogicamente Boulos diz que é necessário um “programa de governo de esquerda” quando a direção nacional do PT já anunciou seu programa capitalista de colaboração de classes, o mesmo da gestão anterior de Lula, apoiado pela burguesia e seus partidos da ordem via um pacto social para atacar conquistas e impor a paralisia das lutas operárias. O PSOL está de olho na eleição de uma gorda bancada parlamentar no lastro da eleição do petista.

A carta propõe “Suspensão imediata de toda e qualquer tratativa, formal ou informal, com a candidatura Lula e com os dirigentes da Rede ou qualquer outro partido burguês”, o “Início de negociações programáticas com os partidos da esquerda socialista -PCB, UP e PSTU” e a “Convocação de uma Conferência Eleitoral, com delegados e delegadas eleitos democraticamente, precedida de plenárias de base, para debater a tática eleitoral, o programa e a candidatura própria do PSOL, pronunciando-se sobre o nome do companheiro Glauber Braga como representante do partido no pleito presidencial de 2022”. 

O lançamento de Glauber Braga trata-se uma jogada eleitoral no marco da política reformista para agrupar no 1º turno os descontentes com a “frente ampla” burguesa de Lula, aproximando PCB e PSTU nessa iniciativa política que do ponto de vista programático representa apenas a reedição de um programa de colaboração de classes como teve Boulos em 2018, além de catapultar seu próprio nome para futuras disputas no Rio de Janeiro.

O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, se posicionou contra a iniciativa de uma ala do partido em lançar o deputado federal Glauber Braga (RJ) como candidato à presidência da República. Segundo ele "Hoje um grupo de lideranças do PSOL divulgou manifesto defendendo candidatura do partido à Presidência da República. Considero o momento inoportuno para esse debate. É hora de lutar pela unidade das esquerdas e por um programa anti-neoliberal para 2022. Essa é nossa prioridade”, defendeu Juliano. “Obviamente, é direito de todo filiado ou filiada manifestar suas opiniões sobre qualquer tema que diga respeito ao partido. Mas, como presidente, me oriento pelas posições oficiais do PSOL. E como definiu nosso Diretório Nacional, essa é a prioridade”, complementou compartilhando um manifesto do Diretório Nacional. Juliano reflete a maioria da direção do PSOL (Ivan, Edmilson) que deseja uma frente eleitoral com Lula para catapultar a base parlamentar do partido em uma aberta aliança com o centro e a direita burguesa.

A candidatura de Glauber não vingará mas em contrapartida Lula já recebeu a garantia que o PSOL de conjunto apoiará o candidato da frente popular no segundo turno da eleição presidencial. O “conchavo de alto nível” é permeado pela adoção de um programa de colaboração de classes, tanto para Glauber como para o candidato do PT ao Planalto, com diferença apenas no arco político dessa aliança.

Ainda assim, a iniciativa serve para agrupar os setores que se dizem contra as alianças com a burguesia mas ao final votam "criticamente" em Lula e sua Frente Ampla no segundo turno, como PSTU, PCB, UP e outros grupos políticos menores, uma manobra distracionista que os revolucinários devem desmarcar porque está a serviço de melhor camuflar a estratégia reformista tanto do PT como no próprio PSOL.

De fato, com a atual política de integrar o chamado "centro civilizatório" que apoia o programa ditado pelo OMS (lockdown, vacina e testes, tripé do famoso "fique em casa" para paralisar a luta de classes) não há qualquer motivo para o PSOL não apoiar Lula e uma ampla aliança burguesa para a disputa de 2022. Bolsonaro é usado por um grande arco político (que inclui a Famiglia Marinho e o Itáu) como o "espantalho" de extrema-direita para forjar essa frente de colaboração entre as classes sociais.