terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

PARAÍSO BRASILEIRO DO RENTISMO: JUROS COM CARTÃO DE CRÉDITO ATINGEM 350% AO ANO, ENQUANTO BANCOS PAGAM MENOS DE 10% NO MESMO PERÍODO PARA A CADERNETA DE POUPANÇA 

Em um cenário econômico nacional do paraíso do rentismo, com todos os setores da economia capitalista, exceto o financeiro, amargando perdas, retrocessos e prejuízos por conta do Grande Reset provocado pela pandemia, o relatório com as estatísticas monetárias do Banco Central (BC), divulgado na última sexta-feira (28:01) traz a informação que a taxa de juros do cartão de crédito, na modalidade rotativa, aumentou 21,8 pontos porcentuais em 2021.Foram 21,8 pontos percentuais que se somaram aos 327,8% ao ano de juros cobrados em dezembro de 2020 resultando no rotativo de 349,6% cobrado ao ano no fim de 2021.Nessa dimensão de três dígitos de taxa de juros, ao final de um ano, hipotéticos R$100.000,00 tomados de um empréstimo, seriam R$ 349.600,00 a pagar. Mais de três vezes a quantia contraída de empréstimo em apenas um ano. Mas os mesmos 100 mil Reais só renderiam bem menos de R$10.000,00 se depositados na Caderneta de Poupança durante um ano.

Já de algum tempo (abril de 2017) os banqueiros, junto com o BC, transformaram a dívida no rotativo em rotativo parcelado, cobrando uma taxa de juros relativamente menor. No entanto, ainda assim, num patamar estratosférico.Em dezembro 2021 os juros do parcelado ficaram em 168,5% ao ano. Além de alta, essa taxa média do rotativo parcelado, aumentou 19,6% pontos percentuais, visto que em dezembro de 2020 a mesma taxa estava em 148,9% ao ano. É também uma conta fácil de fazer. Pegou R$100.00,00 emprestado, em um ano, tem que pagar R$168.500,00 para resgatar a dívida.

O outro lado dos ganhos astronômicos que os bancos estão realizando com essas taxas extorsivas é o nível de endividamento das famílias que atingiu 70,9%, batendo recorde em 2021. Mais grave, o endividamento ocorre até por conta de compras de alimentos em supermercado, com um cenário de salários em queda, o assombro da inflação, da carestia, do desemprego, em uma conjunção de transtornos para a grande maioria dos trabalhadores brasileiros, talvez nunca vistas.

Esse comportamento dos juros está atrelado ao aumento da taxa Selic, que é a taxa básica (piso) da economia nacional e referência para os títulos da dívida pública, que por sua vez, subiu 7,25 pontos porcentuais, de 2,0% a.a. para 9,25% a.a., durante o ano passado, com sinalização de novo aumento de 1,5% a.a. na próxima reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) do BC nos dias primeiro e segundo de fevereiro.Para o Ministro rentista Guedes, o neofascista Bolsonaro e o yuppie Campos Neto, para conter a inflação é preciso aumentar juros.Como a economia capitalista está em recessão, o efeito da alta dos juros só vai fazer a inflação aumentar e derrubar os investimentos na produção industrial, tudo isso no script global planejado pelo Fórum de Davos. 

O discurso oficial do governo e rentistas é que o crédito do cartão de crédito e do cheque especial são altos, que só deve ser usado para emergências e que você não deve tomar dinheiro nessas linhas de crédito, deve fazer educação financeira etc., e tal. Mas o cartão de crédito é uma epidemia. São os bancos, são eles mesmos, atrás da fachada das lojas, supermercados em todo lugar. A banca quer ganhar emprestando no cartão de crédito e no cheque especial. Não mede esforços para o consumidor, o cidadão, usar exatamente essas linhas para as quais criam todo tipo de facilidade.

Aqueles novos rentistas, que estão querendo entrar no rentável negócio como as fintechs, C6, Nubanck, entre outros, não querem romper com essa estrutura, mas apenas fazer uma captação financeira nos extratos econômicos mais proletarizados da população. Além de cobrarem taxas proibitivas, também colaboraram ou até mesmo impulsionaram a dívida extorsiva da população mais pobre. Para as pessoas “comuns” as taxas mensais para as principais modalidades de empréstimos são maiores que os das pessoas jurídicas, inclusive no crédito consignado, onde há total garantia para o rentista...