AGRAVA-SE A CRISE CAPITALISTA: RENDA SALARIAL DOS
TRABALHADORES BRASILEIROS CAI AO MENOR NÍVEL EM DEZ ANOS
A renda dos trabalhadores brasileiros que vivem nas regiões metropolitanas caiu para menor valor dos últimos dez anos, registrando média de R$ 1.378 no último trimestre de 2021. Embora as pesquisas oficiais apontem para o aumento da ocupação, os altos níveis de informalidade e a inflação tiveram como consequência o empobrecimento da população de todas as classes sociais.Os dados são do boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido em conjunto por pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social da América Latina. O boletim se baseia nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua), do IBGE.
A renda média nas regiões metropolitanas do país foi a mais
baixa da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Ou seja, os brasileiros
estão vivendo com a menor renda do trabalho dos últimos dez anos, pelo menos.
Quando comparado com os patamares pré-pandemia, o estudo observou que a renda
domiciliar ficou, no final de 2021, 10,2% menor que os níveis de 2020.A renda
média é calculada a partir da soma de todos os rendimentos provenientes do
trabalho, incluindo o setor informal, dividida pelo número de moradores por
domicílio nas regiões metropolitanas, com preços deflacionados até o 4º
trimestre do ano passado.
Entre as metrópoles, as situadas nos estados do Norte e
Nordeste registram as menores rendas. Os valores mais baixos foram registrados
na Grande São Luís (R$ 739,93), Manaus (R$ 824,94) e Recife (R$ 831,66),
enquanto que os maiores foram no Distrito Federal (R$ 2.022,91), Florianópolis
(R$ 1.895,68) e São Paulo (R$ 1.679,80). Também avaliada no boletim, os índices
de desigualdade – medido através do coeficiente de Gini – recuou para 0,602 em
média nas metrópoles, o mesmo patamar do primeiro trimestre de 2020. O
coeficiente varia de 0 até 1, sendo mais alta quanto maior for a desigualdade.
O recuo da renda e do poder de compra, por conta da inflação
acima dos 10%, foi generalizado – mas os mais pobres são sempre os mais
prejudicados. No 4º trimestre de 2021, 23,6% dos moradores das metrópoles ainda
viviam em domicílios cuja renda média per capita do trabalho era de até um
quarto de um salário-mínimo. No auge da pandemia esse percentual chegou a
29,7%. Fica evidente que a degradação das condições de vida e da renda do povo
brasileiro é consequência direta da crise capitalista. Somente o bloco da
esquerda reformista procura apresentar para os trabalhadores as eleições
burguesas como uma alternativa de saída do iminente colapso capitalista.