sexta-feira, 22 de abril de 2022

GRÉCIA EM LUTA CONTRA O FASCISMO SANITÁRIO: TRABALHADORES DE SAÚDE FAZEM 20 DIAS DE GREVE CONTRA A VACINAÇÃO OBRIGATÓRIA DA COVID 

Na Grécia, 7.500 profissionais de saúde foram suspensos do emprego e do salário por não terem sido vacinados contra a covid. Durante 20 dias, os trabalhadores realizaram protestos contínuos no que constitui a oposição mais consistente e sustentada às restrições sanitárias fascistas impostas pelo governo neoliberal grego. Inclusive cinco enfermeiros declararam greve de fome.

"Não precisamos de passaportes de vacina para sermos livres", declarou Zoe Vagiopulu, um dos suspensos, a uma multidão de manifestantes em Atenas ontem. Vagiopoulou fez um discurso perante o Parlamento que chocou as redes sociais gregas. “Estamos em greve de fome há 20 dias pelo direito ao trabalho. O trabalho é um direito que ninguém pode nos negar.  Somos 7.500 famílias (referindo-se ao número de trabalhadores de saúde que permanecem demitidos) fora do sistema público de saúde, para as quais nossos pais e avós contribuíram, mas das quais estamos excluídos por decisões permanentes que violam a lei e a ordem constitucional”.

Vagiopulu é um dos cinco profissionais de saúde gregos que entraram em greve de fome em 21 de março para protestar contra sua suspensão e restrições sociais e sanitárias relacionadas à pandemia. O Ministério da Saúde grego suspendeu todos os trabalhadores que não receberam uma dose de reforço antes de 31 de março.

Em entrevista a mídia local, Argyri Kagia, radiologista demitido de seu hospital em Atenas desde 1º de setembro do ano passado por se recusar a vacinar, falou sobre a greve de fome e os protestos. Desde o início da greve de fome, disse Kagia, os trabalhadores suspensos estabeleceram uma presença permanente em frente ao Ministério da Saúde grego "todos os dias e todas as noites em turnos".  Protestos e marchas também estão sendo organizados “para vários ministérios e órgãos públicos”.

A greve de fome representa uma nova e inédita fase dos protestos contra as imposições e restrições relacionadas à pandemia. Talvez o equivalente mais próximo seja a greve de fome lançada em setembro passado em Nice, na França, por dois funcionários de um hospital público, Christophe Nait, atendente de emergência, e Thierry Paysant, segurança contra incêndio, para protestar contra a vacinação obrigatória na França.

Em 30 de março, durante uma marcha ao Parlamento grego, a tropa de choque da polícia disparou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, incluindo os cinco grevistas em cadeira de rodas, um dos quais ficou ferido. O incidente foi filmado e divulgado nas redes sociais gregas. Ao contrário dos profissionais de saúde, os policiais na Grécia estão isentos da vacinação obrigatória.

O ministro da Saúde grego Thanos Plevris, conhecido por seus laços com fascistas, foi escoltado pela polícia de choque durante uma visita ao hospital Thriasio, perto de Atenas, em 4 de abril. Os principais meios de comunicação corporativa gregos não noticiaram a greve de fome dos trabalhadores. Desde o início da pandemia em 2020, receberam 40 milhões de euros em subsídios públicos para apoiar o discurso e as restrições impostas pelo governo a pretexto da pandemia.

O reacionário governo grego se absteve de demitir formalmente os trabalhadores, embora os tenha ameaçado com isso, efetivando as suspensões. Em 30 de março, a suspensão do trabalho dos profissionais de saúde não vacinados foi estendida até 31 de dezembro. Os trabalhadores não recebem salário, nem seguro-desemprego, nem contribuem para a sua pensão. A maioria sobrevive graças à solidariedade e ajuda de familiares e amigos.

Depois da Áustria, a Grécia foi o segundo país europeu a impor a vacinação obrigatória a determinados segmentos da população, obrigando qualquer pessoa com 60 anos ou mais a vacinar-se até 15 de janeiro sob pena de multa mensal de 100 euros, a pensão média mensal é de 722 euros.

O governo grego também anunciou que as segundas doses de reforço, usando apenas vacinas experimentais de mRNA (Pfizer e Moderna), estão disponíveis para os idosos a partir de 7 de abril. A disponibilidade da segunda dose da vacina de reforço será estendida à população geral em setembro.

A multa mensal não convenceu a maioria dos idosos não vacinados a se vacinar, ou mesmo a pagar a multa.  De fato, estima-se que cerca de 500.000 idosos ainda não estão vacinados ou não receberam reforço, e apenas 14% dos multados pagaram a multa.