BOLSONARO MUDA PELA TERCEIRA VEZ DIREÇÃO DA PETROBRAS: NAS
TENTATIVAS DE EMPLACAR NOVO PRESIDENTE DA ESTATAL, O “MERCADO” SEMPRE DEU A
ÚLTIMA PALAVRA
O governo neofascista Bolsonaro anunciou na última quarta-feira (06/04) a indicação de José Mauro Ferreira Coelho, presidente do Conselho de Administração da Pré-Sal Petróleo (PPSA), para presidir a Petrobras. Para presidir o Conselho de Administração da estatal, o novo escolhido foi Marcio Andrade Weber. Os novos nomes indicados por Bolsonaro não significam mudança alguma na gestão da estatal, que continuará sob o controle dos rentistas do mercado financeiro. De acordo com o novo presidente, Ferreira Coelho, “temos que ter os preços no mercado doméstico relacionados aos preços de paridade de importação. Se assim não fosse, não teríamos nenhum agente econômico com aptidão, ou com vontade de trazer derivados para o país. E teríamos risco de desabastecimento”. A declaração de Coelho, então secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia (MME), ocorreu em outubro do ano passado, em entrevista à TV Brasil, pouco antes de pedir demissão do cargo, “para assumir novos desafios na iniciativa privada”.
Ferreira Coelho estava para ser contratado pela Copagaz, que abocanhou a Liquigás na privatização por Bolsonaro da então distribuidora de botijões de gás da Petrobrás. Na mídia, circulou o rumor de que José Mauro Coelho já estaria prestando serviços para a empresa privada. Com a disparada nos preços dos derivados de petróleo, atrelados ao dólar, a carestia e sob ameaça de nova greve dos caminhoneiros, que cobravam a promessa de redução no preço do diesel, Bolsonaro resolveu encenar indignação contra o aumento dos preços e mudou o presidente da estatal. Tirou Castello Branco, tirou Silva e Luna, mas não mexeu na política de preços que atrela os derivados do petróleo ao barril no mercado internacional e ao dólar, penalizando os consumidores brasileiros.
Com a indicação desses nomes, o chamado “mercado” prevê que não haverá mudança na política de preços da Petrobrás. Segundo o analista de petróleo e gás da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, a definição do governo dos nomes indicados deve reduzir as dúvidas que afetavam o desempenho das ações da companhia nos últimos dias. O que significa que os donos do petróleo, o povo brasileiro continuará pagando preços absurdos pelos derivados enquanto os acionistas, na maioria estrangeiros, continuarão recebendo bilhões em dividendos.
As indicações de Coelho e Weber ocorrem após o fracasso do governo de tentar emplacar os nomes do lobista de multinacionais do setor de petróleo e gás, Adriano Pires, para presidir a Petrobras, e do atual presidente do derrotado Flamengo, Rodolfo Landim, para a chefia do conselho da estatal. Ambos desistiram de seus cargos na estatal, após revelada suas vinculações diretas com o mercado de combustíveis e energia.
O lobista Adriano Pires desistiu de assumir o cargo após denúncias de “conflito de interesses” ao favorecer o cartel do petróleo através de empresa que preside CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), como a multinacional Chevron, e não abrir sua lista de clientes. Além disso, Pires tem ligação com Carlos Suarez, um dos principais beneficiados na medida provisória sobre a privatização da Eletrobrás. Pires teria trabalhado ativamente, e com êxito, para defender os interesses de Suarez no texto da MP sobre a estatal do setor elétrico. Já Landim, vendo a crise aberta no Flamengo, teria que optar entre largar o clube ou assumir o Conselho da estatal, optou por se manter dirigindo o Rubro-negro. Para o “mercado” não há diferença alguma na recente troca dos nomes, que somente serve para a especulação das ações da Petrobras na Bolsa de Valores.