ABDUL GHANI, DE PRISIONEIRO HUMILHADO E TORTURADO EM
GUANTÁNAMO A LÍDER DO GOVERNO TALIBÃ NA RETOMADA DE CABUL: MAS AFINAL QUEM SÃO
OS TERRORISTAS?
Depois de ter sido Ministro do Interior, de 1997 a 1998, no governo Talibã, Khairullah Khairkhwa foi preso pelo exército paquistanês, entregue à CIA e enviado em 2002 para a prisão ilegal que os Estados Unidos abriram na base naval de Guantánamo em Cuba, outra ocupação imperialista ianque sobre um país soberano. Durante 12 anos, esse dirigente talibã foi submetido a torturas em Guantánamo, sistematizadas pelo professor norte-americano Martin Seligman, segundo o modelo idealizado após a Guerra da Coréia nos anos 50 pelo médico, também estadunidense Albert D. Biderman. O objetivo dessas torturas bárbaras não era simplesmente obter informações, mas "formatar" a mente dos torturados, inculcando certos comportamentos padronizados pela CIA.
Khairullah Khairkhwa foi libertado por ordem do presidente
Barack Obama, junto com três outros prisioneiros, durante um intercâmbio
organizado em troca do sargento norte-americano Bowe Bergdahl, uma troca de
prisioneiros que o então presidente afegão Hamid Karzai saudou como um “gesto
de paz”. Acontece que o sargento Bergdahl foi capturado pelo Talibã enquanto
tentava desertar do próprio Exército dos EUA. Consequentemente, Bergdahl foi
condenado a uma pena de prisão por uma corte marcial americana, sendo
encarcerado pelos seus patrícios imperialistas.
No início de 2021, Khairullah Khairkhwa estava entre os
membros da delegação do Talibã que participou das negociações de paz entre o
movimento islâmico e os Estados Unidos, Rússia e China. Durante essa reunião, o
ex-Ministro do Interior do Talibã afirmou categoricamente que sua intenção era
continuar a jihad até que a vitória fosse alcançada.
Em 15 de agosto de 2021, depois que o presidente afegão Ashraf Ghani fugiu covardemente diante do avanço das forças do Talibã em direção a Cabul, Khairullah Khairkhwa estava entre os membros dirigentes do movimento de resistência à ocupação estrangeira que assumiram o colegiado da presidência do país. A história da luta de classes parece ser impiedosa com os opressores, ainda que tenha seu próprio ritmo, muitas vezes lento demais. Agora podemos lançar a pergunta, quem são realmente os torturadores e terroristas deste conflito?