quinta-feira, 19 de agosto de 2021

ABDUL GHANI, DE PRISIONEIRO HUMILHADO E TORTURADO EM GUANTÁNAMO A LÍDER DO GOVERNO TALIBÃ NA RETOMADA DE CABUL: MAS AFINAL QUEM SÃO OS TERRORISTAS?

Depois de ter sido Ministro do Interior, de 1997 a 1998, no governo Talibã, Khairullah Khairkhwa foi preso pelo exército paquistanês, entregue à CIA e enviado em 2002 para a prisão ilegal que os Estados Unidos abriram na base naval de Guantánamo em Cuba, outra ocupação imperialista ianque sobre um país soberano. Durante 12 anos, esse dirigente talibã foi submetido a torturas em Guantánamo, sistematizadas pelo professor norte-americano Martin Seligman, segundo o modelo idealizado após a Guerra da Coréia nos anos 50 pelo médico, também estadunidense Albert D. Biderman. O objetivo dessas torturas bárbaras não era simplesmente obter informações, mas "formatar" a mente dos torturados, inculcando certos comportamentos padronizados pela CIA.

Khairullah Khairkhwa foi libertado por ordem do presidente Barack Obama, junto com três outros prisioneiros, durante um intercâmbio organizado em troca do sargento norte-americano Bowe Bergdahl, uma troca de prisioneiros que o então presidente afegão Hamid Karzai saudou como um “gesto de paz”. Acontece que o sargento Bergdahl foi capturado pelo Talibã enquanto tentava desertar do próprio Exército dos EUA. Consequentemente, Bergdahl foi condenado a uma pena de prisão por uma corte marcial americana, sendo encarcerado pelos seus patrícios imperialistas.

No início de 2021, Khairullah Khairkhwa estava entre os membros da delegação do Talibã que participou das negociações de paz entre o movimento islâmico e os Estados Unidos, Rússia e China. Durante essa reunião, o ex-Ministro do Interior do Talibã afirmou categoricamente que sua intenção era continuar a jihad até que a vitória fosse alcançada.

Em 15 de agosto de 2021, depois que o presidente afegão Ashraf Ghani fugiu covardemente diante do avanço das forças do Talibã em direção a Cabul, Khairullah Khairkhwa estava entre os membros dirigentes do movimento de resistência à ocupação estrangeira que assumiram o colegiado da presidência do país. A história da luta de classes parece ser impiedosa com os opressores, ainda que tenha seu próprio ritmo, muitas vezes lento demais. Agora podemos lançar a pergunta, quem são realmente os torturadores e terroristas deste conflito?