terça-feira, 31 de agosto de 2021

NO CORAÇÃO DO PODER NEOLIBERAL: BRASÍLIA LIDERA AUMENTO DA POBREZA NO PAÍS 

A crise estrutural do capitalismo não dá trégua, mesmo com rentismo financeiro “inundando” (endividando) de dinheiro os estados sob a justificativa da pandemia. Porém um dado do “mapa econômico” nacional chama a atenção. Dentre todos os estados brasileiros cuja população sofre com a pobreza, o Distrito Federal foi a unidade da federação onde o percentual de pessoas em situação de miséria mais cresceu. A pobreza na capital federal, Brasília, sede dos “Três Poderes” da República dos Barões do capital registrou aumento de 7,9 pontos percentuais do primeiro trimestre de 2019 até janeiro de 2021, passando de 12,9% para 20,8% da população. A pobreza extrema cresceu 4,1 pontos percentuais no período, subindo de 3,2% para 7,3% dos habitantes.

Os dados são de pesquisa realizada pelo economista Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV). No DF, o índice de crescimento da pobreza foi bem superior ao de outros Estados, embora em outras regiões o percentual da população pobre seja maior. A nível nacional, o estudo observou aumento da pobreza em 24 das 27 unidades da federação, com o percentual da população geral nessa situação tendo crescido de 25,2% em 2019 para 29,5% em janeiro de 2021.Os critérios da pesquisa são os mesmos do Banco Mundial, que considera pobre quem tem renda compatível com US$ 5,50 por dia – R$ 28,60 em reais. A pobreza extrema considera quem vive com US$ 1,90 por dia, ou R$ 10,45.

Resultado de uma economia capitalista em crise, o empobrecimento da população acelerou durante a pandemia de Covid-19. Foi um grande choque no emprego e na renda das famílias, que foi mitigado(mascarado), em grande parte de 2020, pelo auxílio emergencial. Mas, como não tivemos o auxílio no primeiro trimestre de 2021, com a economia ainda em frangalhos houve esse aumento da pobreza.

Na pandemia, todos os grandes centros urbanos mais ricos, como o DF, sofreram um grande impacto no mercado de trabalho. Nesses locais, um “colchão de renda”, como o do Bolsa Família, tem menor importância. A renda do trabalho é mais importante para os estados mais ricos do que para os mais pobres. Dessa forma, eles acabaram absorvendo quase que a totalidade do choque econômico da pandemia. Mesmo abrigando a capital e o centro político do Brasil, o DF é uma das unidades da federação mais desiguais. Historicamente, o DF atrai pessoas que enfrentam dificuldades em seus Estados e que querem tentar a vida no “centro do poder” político do país.

O aumento da pobreza no DF tem sido causado por uma série de fatores, mas, principalmente, pela incapacidade da economia brasileira de crescer produtivamente e de gerar empregos. O rentismo financeiro, hegemônico na atual etapa histórica do capitalismo, gera uma elite burguesa parasitária, que concentra renda investindo somente em setores não produtivos da economia e que, portanto, absorvem cada vez menos a força de trabalho do proletariado. O resultado desta vertente do capital é o surgimento de uma economia marginal baseada em “lavagem do dinheiro” que escoa dos fundos bilionários estatais, além é claro do crescimento do narcotráfico e afins. Brasília é hoje o melhor retrato da desgraça do modelo neoliberal do capitalismo parasitário, e que ao contrário do que afirma a esquerda reformista e a Social Democrata (PT), é a única via para dar uma sobrevida ao modo de produção do capital.