CHANCELER DO PERU RENUNCIA POR PRESSÃO DE BIDEN: CAPITULAÇÃO VERGONHOSA DO GOVERNO CASTILLO, APRESENTADO PELA ESQUERDA REFORMISTA COMO ANTIIMPERIALISTA
O Ministro das Relações Exteriores do Peru, Héctor Béjar, apresentou sua renúncia irrevogável de seu cargo na terça-feira, após pressão da Casa Branca e da CIA que orquestrou uma intensa campanha contra um dos nomes mais à esquerda do gabinete por ele denunciar o papel do imperialismo ianque contra o povo peruano. O presidente Castillo "aceitou" o pedido. Como o Blog da LBI alertou, o governo de Pedro Castillo de colaboração de classes, cercado pela burguesia e sempre capitaluando ao grande capital, será marcado por crises permanentes, diante das profundas ilusões das massas que ele irá enfrentar o imperialismo, o que obviamente não ocorrerá.
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Como ocorreu com o retorno do MAS a presidência da Bolívia
com Arce e na volta de Lula (PT) a corrida presidencial no Brasil com chances
de vitória em 2022, a esquerda burguesa no continente latino-americano ocupa a
cadeira presidencial no Peru, mas seguirá a risca as ordens de seu verdadeiros
chefes, os amos imperialistas.
A renúncia de Béjar teve origem depois que a mídia venal revelou
alguns depoimentos que ele deu, quando ainda não era chanceler, onde expôs a
participação da CIA e da inteligência peruana para dividir a esquerda, bem como
a participação da Marinha no terrorismo no Peru.
Após a publicação das declarações e do apelo de setores da oposição burguesa no Congresso para convocar uma moção de censura, o canceler decidiu na segunda-feira, afirmando que a ação se deve a uma campanha de manipulação e descrédito contra Héctor Béjar.
“Os mesmos que foram manipulados, editados, recortados e descontextualizados com o propósito de desacreditá-lo e obter a censura do Ministro dos Negócios Estrangeiros (...) Esta campanha sistemática de edição de antigos enunciados, tirando-os do contexto tem como objetivo confundir a opinião pública e apresentar o chanceler ofendendo as Forças Armadas e a Marinha do Peru”.
Em nota enviada à imprensa, a Secretaria de Imprensa e Comunicação Estratégica da Presidência da República informou que Béjar, com apenas 18 dias de mandato, renunciou ao presidente Pedro Castillo, que "aceitou".
Mais cedo, por meio de sua conta no Twitter, o presidente do Conselho de Ministros, Guido Bellido, anunciou que haveria mudanças "para a marcha do país" .
Esta semana uma nova polêmica política se gerou no Peru, depois que no domingo passado o médium Panorama publicou algumas declarações antigas de Béjar, quando ainda não era ministro, nas quais se referia à origem do Sendero Luminoso.
A afirmação data de fevereiro passado, quando Béjar foi convidado para um evento, no qual disse: “Estou convencido, não posso provar, de duas coisas: uma, que Sendero (Luminoso) foi em grande parte usado pela CIA e os serviços de inteligência, e dois, muitas das operações de divisão da esquerda têm algo a ver com os serviços de inteligência inimigos. "
Afirmou também, em outro momento, de acordo com o material audiovisual que foi apresentado no referido meio, que "o terrorismo no Peru foi iniciado pela Marinha" e que "pode ser demonstrado historicamente".
A partir dessas antigas declarações, que foram rejeitadas pela Marinha do país, alguns partidos políticos costumavam promover uma moção de censura contra eles no Congresso.
Béjar tem estado na mira da mídia e da oposição peruana, principalmente Fujimori, após a virada que a política externa de seu país tomou com sua chegada, especialmente na posição sobre a Venezuela.
Assim que assumiu a pasta, o governante disse que a sua função como chanceler é "melhorar as relações bilaterais" . Ele também levantou uma possível saída do Grupo Lima, grupo criado em agosto de 2017 em seu país e formado por várias nações da Organização dos Estados Americanos (OEA) para tentar isolar o governo venezuelano.
Essa saída do Peru do Grupo Lima foi o principal motivo para a apresentação do pedido de interpelação contra o chanceler no Congresso, na semana passada, pelo grupo de partidos da oposição, liderado pela Força Popular de Fujimori.
Cabe ao movimento de massas partir para a ofensiva e impor com seus próprios métodos de luta uma alternativa de poder dos trabalhadores.