domingo, 29 de agosto de 2021

“LAVA JATO” NO PERU: SEDES DO "PERU LIBRE" SOFREM BATIDA POLICIAL QUANDO GOVERNO DA CENTRO-ESQUERDA BURGUESA DE CASTILLO COMPLETA 1 MÊS

Promotores peruanos ligados a "Lava Jato" peruana e a polícia revistaram os escritórios do partido Peru Livre neste sábado, 28, em uma investigação sobre o financiamento da campanha eleitoral que levou Pedro Castillo à Presidência. As buscas em sete imóveis, incluindo a casa do líder do partido, Vladimir Cerrón, foram autorizadas pelo juiz Carlos Sánchez a pedido do Ministério Público. O MP iniciou uma investigação preliminar contra o Peru Livre por suposta lavagem de dinheiro, que inclui o novo chefe de gabinete de Castillo, Guido Bellido. Trata-se de uma clara operação politico-judicial para colocar ainda mais na defensiva o governo Castillo, qua já capitulou em todo linha ao imperialismo e aos ditames da burguesia nativa.

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O juiz autorizou a "entrada, busca domiciliar, apreensão de bens e destravamento (que deve incluir a quebra de fechaduras, guarda-roupas, armários, escritórios particulares, cofres de metal, madeira e outros)" nas setes propriedades, segundo um documento judicial.

O promotor Richard Rojas comandou as operações em três imóveis em Lima e quatro na cidade andina de Huancayo, onde mora Cerrón, condenado em 2019 a quatro anos de prisão com suspensão por corrupção enquanto era governador da região (Junín). A sentença o impediu de ser candidato a vice-presidente de Castillo.

A investigação preliminar tem como alvos Bellido e Cerrón, um médico formado em Cuba, além do partido Peru Livre, como pessoa jurídica, em um claro processo de perseguição política.

Fundado por Cerrón em 2008 como movimento político com sede em Huancayo, o Peru Livre é a base do governo da centro-esquerda burguesa de Castillo.

O partido chegou ao governo com a vitória de Castillo, um professor rural de Cajamarca (norte), sobre a candidata de direita Keiko Fujimori na votação de 6 de junho.

Em abril, conquistou a maior bancada do fragmentado Congresso peruano, 37 de um total de 130, o que o  fez buscar alianças com a direita.

As batidas se estenderam por várias horas sem contratempos, mas o partido governista expressou em um comunicado seu "estranhamento" com a medida.

Acrescentou estar disposto a "colaborar" com as investigações de financiamento de campanha, mas repudiou "qualquer tentativa de amedrontamento das forças de ordem, Ministério Público e Poder Judiciário, de pretender violar o devido processo".

As batidas foram realizadas no dia em que Castillo completou um mês no governo, período marcado pelo cerco da oposição burguesa e apelos para sua destituição, e no dia seguinte à concessão do voto de confiança do Congresso ao gabinete chefiado por Bellido, que lhe permitiu permanecer no cargo.

A votação no Congresso foi o primeiro teste para o governo de Castillo, que assumiu o cargo em 28 de julho após um confronto de cinco anos entre Executivo e Legislativo, enquanto a incerteza levanta nuvens sobre a economia peruana, que tenta deixar para trás os efeitos nocivos da pandemia.

Disputas entre o novo governo e a oposição custaram o cargo do ministro das Relações Exteriores, Héctor Béjar, em 17 de agosto. Os opositores esperavam novas mudanças de ministros, mas Castillo recusou. Em meio à tensão, o Congresso aprovou um voto de confiança ao gabinete por 73 votos a 50. 

Acusações de corrupção e lavagem de dinheiro assombram políticos peruanos há cinco anos, quando estourou o escândalo de pagamentos ilegais pela Odebrecht, que afetou quatro ex-presidentes e Keiko Fujimori. Ela nega as acusações, mas passou 16 meses em prisão preventiva e deve ir a julgamento em breve.