45 ANOS DA “LIBELU”: TENDÊNCIA JUVENIL TROTSKISTA QUE “ENVELHECEU” COM A POLÍTCA SOCIAL DEMOCRATA DA CORRENTE LAMBERTISTA (“O TRABALHO”)
O ano era 1976. Foi quando se organizou a tendência estudantil de orientação trotskista, responsável por retomar as palavras de ordem “Abaixo a ditadura” nas ruas, a Liberdade e Lula (Libelu). Para comemorar os 45 anos da Libelu, fundada em agosto de 1976, está sendo divulgado novamente nas redes sociais o documentário “Libelu - Abaixo a Ditadura” dirigido por Diógenes Muniz e co-produzido pela Boulevard Filmes, Globo Filmes e Globo News. Ele expõe onde estão e o que pensam agora, os jovens dirigentes e militantes trotskistas que foram às ruas contra o regime militar na década de 70. A “Libelu” foi a corrente estudantil impulsionada no Brasil pela Organização Socialista Internacionalista (OSI), secão política da "IV Internacional refundada" então ligada ao falecido dirigente revisionista do trotskismo Pierre Lambert (ex-OCI francesa).
Chegou a obter uma significativa influência no final dos anos 70, já que foi a primeira tendência política no movimento de massas a defender a palavra de ordem “Abaixo a Ditadura!” de forma pública e aberta. Tinha uma atuação que começou a se tornar mais influente no meio estudantil quando sua chapa disputou e venceu as eleições para o DCE da USP.
A orientação política da OSI (hoje a tendência petista "O Trabalho") no final dos anos 70 foi marcada por um zigue-zague político da corrente Lambertista que vinha de uma posição correta nas eleições de 78, convocando a construção de um partido operário independente ao mesmo tempo em que lançava a campanha do voto nulo nas eleições parlamentares e a denúncia do Colégio Eleitoral que “elegeu” presidente o general Figueiredo.
No curso desse processo a OSI chegou a postular a política sectária e antitrotsquista de “sindicatos livres” que virava as costas para os sindicatos controlados pelos agentes da ditadura e os pelegos, como Lula.
Concomitante ao apoio da OCI ao governo de Mitterrand na França, a OSI, a segunda maior seção Lambertista, realiza um giro de 360º e a “Libelu” substitui uma oposição sectária à formação do PT até então tido como uma “articulação burguesa” montada pelos militares por um adesismo sem princípios, desembocando grande parte de sua influência na corrente de Lula, a “Articulação”, que seria agora uma “direção classista de um partido operário independente”.
Desgraçadamente, OT dava seus primeiros grandes sinais de degeneração, primeiro caracterizando o PT como mais um partido da transição golberyana para depois capitular vergonhosamente ao lulismo, identificando este fenômeno político como sendo a “materialização possível” de sua palavra de ordem em defesa de um partido operário independente.
São quase 40 anos de entrismo no PT, partido que serviu de manjedoura para acolher todos os quadros oportunistas formados na OSI, como Gushiken, Palocci, Clara Ant, Arlete Sampaio, Luiz Favre... A maioria dos dirigentes da OSI, após um breve período de vacilação, integra-se a direção do PT e a “Articulação”. Um dos quadros da "Libelu" foi Palocci, o rato delator da Lava Jato.
A trajetória do canalha vem de longe. Lembramos que 1983 no Congresso da UNE de São Bernardo do Campo Palocci então dirigente da tendência "Liberdade e Luta" já dedurava os militantes da esquerda revolucionária petista (CS, OQI, MEP, ORMDS, etc...) para que a “Articulação dos 113” (atual campo majoritário do PT) não aceitasse o ingresso destas organizações nas plenárias do partido.
Até pouco tempo atrás, o ex-ministro "chave" dos governos petistas ainda cotizava regularmente com a corrente "O Trabalho". Assim como o outro ex-"Libelu" Demétrio Magnoli (cara de cavalo), Palocci foi outro porta voz da Famiglia Marinho na cruzada da reação contra a esquerda...
Palocci não foi o primeiro "dedo duro" a ser gestado no ventre de "O Trabalho", uma corrente decomposta moralmente que costuma entregar para a repressão da burguesia militantes considerados "indesejáveis", como Pedro Carrasquedo ativista basco preso pelo então governo "socialista" da França com a colaboração dos Lambertistas.
No documentário tem relatos de Josimar Melo, Ricardo Melo, Júlio Turra, Cleusa Turra, Paulo Moreira Leite, José Arbex Jr, Markus Sokol, Clayton Avelar, Evando Aureliano Peixoto, Eliezer Szturm, Everly Szturm, Ricardo Miranda, Altino Antônio de Barros Neto.
Vale a pena assisitir o documentário para ver criticamente o que dizem e relaram sobre essa organização muitos dos que militaram na Libelu, alguns poucos que ainda permanecem em OT, além de muitos que traíram nossa classe e se passaram de malas e bagagens para o campo da burguesia...