5G: BRASIL NO CENTRO DA DISPUTA ENTRE EUA E CHINA DA TECNOLOGIA DE PONTA VITAL PARA O CONTROLE GEOPOLÍTICO DO MERCADO MUNDIAL
O Conselheiro de Segurança Nacional do governo dos Estados Unidos, Jake Sullivan, vem ao Brasil na próxima quinta-feira para uma série de reuniões com representantes do governo brasileiro, em uma agenda em que o leilão de 5G deve ser um tema principal. Apesar do novo governo ianque, Joe Biden, não ter Bolsonaro como um aliado, a posição norte-americana de evitar a entrada de equipamentos chineses 5G na América Latina (especialmente no Brasil) se mantém como na gestão Trump e, com a proximidade do leilão da tecnologia no Brasil, a janela para ditar a influência ianque se aproxima. Biden tem atacado violentamente a tecnologia chinesa, da Huawei, para que não seja utilizada no desenvolvimento das redes de 5G sob o argumento de que ela representaria um risco de segurança aos países sob sua área de influência. Em resumo, caberia ao imperialismo ianque ter o papel de hegemonia do 5G e não a China.
Pressionado pelas operadoras, que já usam os equipamentos chineses, o governo não impôs restrições ao uso de material da Huawei nas redes regulares de 5G, mas criou no edital do leilão uma rede privada para o governo federal e serviços de segurança, a ser financiada pelas empresas, que não poderá usar os equipamentos chineses.
A decisão, no entanto, não responde à intenção
norte-americana que, como no governo Trump, é de ver os chineses banidos do
sistema.
Lembremos que em outubro de 2020, Bolsonaro e o então Conselheiro
de Segurança dos EUA, Robert O’Brien fecharam um acordo de vassalagem a serviço
do imperialismo ianque. Em troca do Banco de Exportação e Importação dos
Estados Unidos (EximBank) assinar um memorando de entendimentos que prevê a
oferta de até US$ 1 bilhão em crédito do governo norte-americano para financiar
projetos no Brasil, o Planalto anunciou que o governo dos EUA e Brasil
trabalharão em conjunto no desenvolvimento de negócios nas áreas de energia
(nuclear, gás e óleo), infraestrutura, logística e mineração. Está previsto
financiamento para a área de telecomunicações, incluindo a implantação das
redes de internet móvel de quinta geração, o chamado 5G, que é alvo de disputas
envolvendo a Casa Branca e Pequim.
Muita gente pensa que a disputa pelo controle da tecnologia 5G é apenas mais uma questão da guerra comercial travada entre os EUA e a China. Entretanto esta nova tecnologia vai bem mais além de novos “smartphones” de última geração. O domínio do 5G diz respeito a hegemonia de transmissão mundial de quase todos os dados da humanidade, vai desde o controle dos fluxos do capital financeiro em todos os mercados mundiais, até a engenharia militar da indústria bélica.
Não por acaso, Robert O’Brien declarou na época “O Brasil é um país ‘high tech’, como Israel, Cingapura, países com indústria aeroespacial, de defesa, de mineração e tecnologia. Estamos preocupados que a China vai se voltar mais e mais para países como o Brasil”, disse o representante ianque. “Especialmente se vocês tiverem a Huawei na sua rede 5G, haverá ‘backdoors’ [portas de acesso a sistemas] e a capacidade de decifrar quase todos os dados que são gerados em qualquer lugar do Brasil, seja pelo governo, na frente de segurança nacional, seja por empresas privadas em suas habilidades de inovar e desenvolver novos produtos, técnicas e práticas”, afirmou O’Brien. “Estamos recomendando fortemente que nossos parceiros, incluindo o Brasil, usem apenas fornecedores confiáveis em sua rede de 5G.”
Um documento do Serviço de Pesquisa do Congresso norte americano explica que a tecnologia de transmissão de dados móvel de 5G pode ter “muitas aplicações militares”. Um deles refere-se a “veículos militares autônomos”, ou seja, veículos robóticos aéreos, terrestres e navais capazes de realizar autonomamente missões de ataque sem sequer serem controlados remotamente. A técnica requer o armazenamento e o processamento de uma enorme quantidade de dados que não podem ser executados apenas a bordo do veículo autônomo.
As redes 5G permitem que esses tipos de veículos usem um sistema externo de armazenamento e processamento de dados, semelhante à atual “nuvem” para armazenamento de arquivos pessoais.
O sistema permite "novos conceitos de operação militar", como "enxame", nos quais cada veículo se conecta automaticamente aos outros para realizar uma missão (por exemplo, um ataque aéreo a uma cidade ou um ataque naval a um porto). As redes 5G poderão tornar todo o sistema de comando e controle das Forças Armadas dos Estados Unidos o mais poderoso em todo o mundo: atualmente, o documento explica, ele usa comunicações via satélite, mas, devido à distância, o sinal leva tempo para chegar, que causa atrasos na execução de operações militares. Esses atrasos serão praticamente eliminados pelas redes 5G.
É compreensível que a disputa pelas redes 5G, especialmente entre os Estados Unidos e a China, não seja apenas parte da guerra comercial, mas bancária e militar, além do controle da informação. Por essa razão quem se reuniu com Bolsonaro foi o conselheiro de Segurança dos EUA.
As redes 5G criam um novo terreno para a corrida armamentista, que se desenvolve menos em termos de quantidade do que de qualidade. A mídia corporativa não aborda a questão militar, sendo amplamente ignorada até pelos críticos de tecnologia, que concentram sua atenção nos possíveis efeitos nocivos à saúde, apenas uma das facetas do 5G.
Os Marxistas sabem muito bem que o controle da tecnologia 5g é uma questão estratégica para imperialismo ianque, que usa seu vassalo neofascista Bolsonaro para ter o controle político e militar na América Latina. Por essa razão, o cerco a China por parte de Trump que deve ser repudiado pelo proletariado mundial como parte da ofensiva da Casa Branca contra os povos.