AS OLIMPÍADAS DE TOKYO E O LEILÃO DOS “CAMPEÕES”: CUBA DENUNCIA POTÊNCIAS CAPITALISTAS POR ASSEDIAREM ATLETAS PARA COMPRAR OS “MEDALHAS DE OURO”
Seu caso é um exemplo do modelo esportivo capitalista e mercenário que se impõe no mundo, onde países imperialistas com mais recursos arrecadam o esforço e o investimento público nas nações atrasadas, ex-repúblicas soviéticas ou estados operários como Cuba.
Os grandes meios de comunicação espanhóis fornecem a justificativa ideológica para esta "política de importação" de atletas. Assim explica o conhecido comentarista Ramón Trecet: “O outro modelo é o importado. Os atletas são importados. Praticamente todos os países do mundo fazem isso, inclusive os EUA”). Curiosa mentalidade neocolonial deste jornalista, para quem "praticamente todos os países do mundo" seriam um punhado de estados imperialsitas. com dinheiro. Certamente não para a grande maioria das nações da América Latina ou da África, por exemplo.
Com base nesta política, o governo espanhol trata
convenientemente suas próprias leis de imigração. Enquanto milhares de pessoas
esperam anos e anos para obter a nacionalidade espanhola, alguns atletas a
obtêm em poucos dias, graças à chamada “carta da natureza” (5). Só em 2015
foram dez atletas de elite, incluindo o próprio Orlando Ortega. Enquanto nos
últimos três anos a nacionalização de migrantes por meios ordinários foi
reduzida pela metade, a de atletas por “cartão da natureza” se multiplicou por
dez.
Mas a imprensa do regime espanhol nos conta a história
exatamente o contrário. "Uma medalha cheia de cercas
administrativas", intitulou o jornal "El Mundo" (8). O "El
País" narrou que "o caminho para o Rio foi uma maratona de obstáculos
e incertezas" para o atleta Orlando Ortega, já que seus advogados
"tiveram que insistir muito para que seu recorde chegasse ao Conselho
Superior de Esportes". Para finalizar, um toque do nacionalismo espanhol
mais velho: o atleta “tinha propostas de outros países, mas Orlando queria
representar a Espanha”
No ano passado, um grupo de atletas espanhóis assinou uma
carta contra esta política de aquisição de figuras esportivas “É uma forma de
comprar medalhas baratas que está muito na moda, mas não se engane: o atletismo
espanhol não vale mais por essa prata (medalha)”, declarou um dos signatários,
que defendeu o atletismo de base e um maior investimento em bolsas e
instalações.
Mas ai daqueles que se atrevem a questionar este sistema de
interesses! Escritores e membros dos principais meios de comunicação espanhóis
lincham há dias - sem a menor oportunidade de se defender - o ator Willie
Toledo, por suas opiniões críticas sobre a medalha de Orlando Ortega pela Espanha.
O apresentador de televisão cubano Randy Alonso também foi linchado pela mídia, no caso, da mídia de Miami, pelo “pecado” de qualificar o atleta Orlando Ortega de “ex-cubano”. Termo, sem dúvida, discutível, mas não incorreto, uma vez que foi o próprio atleta quem renunciou - não apenas de forma estrita legal - à sua origem e aos seus símbolos.
Lembremos como, no Rio
de Janeiro, ele se recusou a posar com uma bandeira cubana e - palavras do
texto - saiu em busca de "a (bandeira) da Espanha como um louco" .
Atitude que contrasta com a de outros atletas cubanos que já
competiram em outras seleções. O boxeador Lorenzo Sotomayor, após obter uma
medalha para o Azerbaijão, país em que vive, garantiu que "devo todo o meu
sucesso a Cuba Lá aprendi tudo e amo
isso de todo o coração".
Joan Lino Martínez, atleta aposentado que também competiu
pela Espanha, explicou que "em Cuba (...) trabalhamos para que haja um
pool de atletas constantemente", enquanto "aqui (em território
espanhol) essa estrutura não se cria". Uma explicação precisa para
entender porque um estado operário cercado pelo imperialismo como Cuba, apesar
da emigração de alguns de seus atletas, ocupa o 14º lugar entre os estados do
mundo em medalhas por habitante (22). Os Estados Unidos - por falar nisso -
estão em 37º lugar, e a Espanha ... em 57º.
Mas tampouco os inquisidores da mídia e os propagandistas do
nacionalismo esportivo espanhol dirão uma palavra sobre isso.
No sentido inverso, Mijaín López foi o primeiro a ganhar quatro medalhas de ouro em quatro Olimpíadas consecutivas na modalidade luta greco-romana, e cinco campeonatos mundiais, considerado o maior medalhista da história do esporte. O atleta cubano, de 38 anos, há 29 pratica o esporte, e disputou pela primeira vez uma Olímpiada em Atenas, em 2004, onde obteve a quarta colocação.
Considerado "invencível", tanto no Rio, em 2016,
como agora em Tóquio, seus adversários não puderam marcar sequer um ponto
contra ele durante a luta greco-romana, na categoria de 130 kg.
"Estamos mostrando que nada nos vence. Eu estou apenas cumprindo com meu trabalho, com o que prometi ao sair da Praça da Revolução", declarou López.
Considerado o "maior lutador da história", Mijain honrou o legado do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro. "Tenho que agradecer e dedicar esse resultado ao nosso comandante invicto que foi quem se preocupou pelo esporte em Cuba. Creio que nós merecemos esse resultado graças a ele e ao esforço que a nossa Revolução fez", afirmou, logo após a final olímpica.
Em uma ligação telefônica, o presidente Miguel Díaz Canel felicitou o atleta "campeão, você é uma inspiração para Cuba, é dignidade! Um cubano como você nos enche de orgulho", disse.
O feito
da pequena ilha do Caribe ganha uma dimensão extraordinária se levarmos em
consideração a conjuntura vivida pela ilha. A verdade é que o Estado operário
cubano está atravessando um período de total isolamento, certamente o maior de
sua história após a revolução socialista de 1959, aprofundado com a “reação
democrática” que ocorreu nos países árabes e, em decorrência disto, o incremento
criminoso do embargo econômico por parte da Casa Branca.
A explicação para o fenômeno do bom desempenho de Cuba nas
grandes competições esportivas como os jogos Olímpicos e o Pan-americano, mesmo
com todas as dificuldades provocadas pelo bloqueio econômico a que está
submetida, reside na existência das bases de sua economia socializada (saúde,
educação, moradia etc.) assentadas a partir da revolução socialista que
derrubou o Estado burguês em 1959.
Portanto, mesmo com todo o limite burocrático imposto pela direção Castrista, Cuba tem um resultado que demonstra a superioridade do Estado operário sobre as semicolonias como o Brasil, chamados sofisticamente pelos amos imperialistas de países “emergentes”.
Neste contexto, da ofensiva mundial do imperialismo ianque, torna mais do que nunca uma necessidade vital para o proletariado cubano e internacional defender incondicionalmente o Estado operário e as conquistas históricas da revolução cubana, as quais permanecem com sua plena vigência, cujos resultados em Tókio são a demonstração cabal de toda a sua superioridade diante do modo de produção capitalista decadente.