terça-feira, 5 de abril de 2022

BUCHA, A “GUERNICA” UCRANIANA?: ASSIM COMO FRANCO ACUSOU CINICAMENTE “LOS ROJOS” NA ESPANHA... HOJE ZELENSKY E A MÍDIA OTANISTA CULPAM CALUNIOSAMENTE AS TROPAS RUSSAS

O presidente fantoche da OTAN na Ucrânia, Zelenski, referiu-se Guernica durante seu discurso telemático ao Congresso dos Deputados: “Estamos em abril de 2022, mas parece abril de 1937”. A imprensa franquista então não hesitou em seguir a estratégia que agora está sendo copiada pela mídia otanista em relação à guerra na Ucrânia, na época acusando os “vermelhos” (rojos) pela destruição massiva em Guernica. Agora acusam cinicamente as tropas russas pelas mortes na cidade ucraniana de Bucha, quando na verdade tudo foi provocado por uma ação do bandos neonazistas ou mesmo uma encenação para acusar a Rússia.


O jornalista da EiTB, Dani Álvarez, reproduziu recortes de imprensa da época em seu perfil no Twitter. Alguns, relacionados a Franco: "Não houve bombardeio de Guernica e houve destruição pelos vermelhos", dizia uma manchete em La Nueva España. O telegrama que o jornalista George Steer enviou ao The New York Times descrevia os invólucros das bombas alemãs (com símbolos militares e a inscrição Rheindorf 1936), bem como o uso de uma substância incendiária chamada 'thermite' que provocou uma onda de fogo permanente durante vários dias na cidade. 

Em 2010, um trabalho de Javier Ortiz Echagüe compilou textos e recortes de imprensa com a versão oficial em um trabalho para a Universidade Complutense. Esse estudo cita como Víctor de la Serna, por exemplo, do jornal ABC de Sevilha, afirmou: “são os separatistas que incendiaram Guernica, com uma perversidade preguiçosa e sacrílega”.

A prática de culpar os adversários pela destruição era comum no lado golpista de Franco durante a Guerra Civil e especificamente durante a chamada 'Batalha do Norte' e nos casos dos combates em Irún, Eibar ou o bombardeio de Durango, antes de Guernica. Agora se repete na guerra da Ucrânia com a midia otanista acusando a Rússia.

Lehendakari José Antonio Aguirre também esteve na mira da propaganda fascista: “Aguirre mente! mentiras vis! [...] Não há aviação alemã ou estrangeira na Espanha nacional. Existe a aviação espanhola. Nobre e heroica aviação espanhola, que luta constantemente com aviões vermelhos, russos e franceses e conduzidos por aviadores estrangeiros”, lê-se no Heraldo de Aragón de 28 de abril de 1937.

Como lembra o Museu da Paz de Guernica, durante o bombardeio foram lançadas “no mínimo 31 toneladas de bombas”. As autoridades registraram 1.654 mortes. O prefeito de Guernika, José Labauria, afirmou que mais de mil pessoas perderam a vida, incluindo 450 no abrigo de rua Andra Mari. O padre Eusebio Arronategi, que, como Labauria, esteve em Guernica durante o bombardeio e nos dias que se seguiram, colaborando no trabalho de resgate e identificação dos corpos, disse ter visto “milhares de seus concidadãos sufocados, mortos e feridos”.

“O centro urbano da cidade (…) foi completamente destruído. 85,22% dos edifícios - um total de 271 - foram totalmente destruídos e o restante parcialmente afetado. As bombas incendiárias causaram um incêndio que não pôde ser apagado por vários dias. De acordo com o conceito de bombardeio terrorista, as fábricas de armas e a ponte Errenteria, únicos objetivos estratégicos da cidade, não foram bombardeadas”, acrescenta.