quarta-feira, 30 de junho de 2021

APÓS GREVE DE FOME, CESARE BATTISTI É TRANSFERIDO DE PRISÃO: LUTEMOS POR SUA LIBERDADE IMEDIATA DAS MASMORAS DO NEOFASCISMO ITALIANO

Cesare Battisti foi transferido neste sábado (26) do presídio de Rossano, na Calábria, para o de Ferrara, na Emilia-Romagna. Com o agravamento das suas condições de saúde, em greve de fome desde 2 de junho houve a transferência da prisão de Rossano Calabro (destinada a terroristas islâmicos) para a prisão de segurança média em Ferrara. A transferência era um dos objetivos da greve de fome iniciada por Battisti em 2 de junho. O local onde estava tinha apenas jihadistas e ele não tinha socialização nenhuma. Ao chegar na nova prisão, o italiano informou que estava suspendendo seu protesto. 


Depois de sua prisão na Bolívia, em janeiro de 2019, entregue ao governo do MAS, Evo Morales, ele foi extraditado para a Itália e levado para o presídio de Massama, na Sardenha.  No entanto, também nesse centro de detenção ele fez protestos por estar em um regime de isolamento diurno e foi transferido, em setembro do ano passado, para a instituição em Rossano. Battisti ainda denuncia que não tem seu direito de receber familiares ou desenvolver atividades no presídio. Segundo os advogados, esse sistema mais duro deveria ter durado seis meses, mas é mantido até hoje, um verdadeiro preso político que está em prisão perpétua.

Cesare Battisti iniciou sua greve de fome para protestar contra seu isolamento em uma prisão na Calábria (sul), informou sua filha Valentine. "Iniciei, a partir de 2 de junho, uma greve de fome e médica", escreveu Cesare Battisti, de 66 anos, que descreveu sua ala de segurança máxima na prisão de Rossano como um "túmulo", em um texto enviado através de sua filha. Em 8 de setembro de 2020, ele anunciou, por meio de seu advogado, que faria uma greve de fome para se aproximar de sua família. Quatro dias depois, foi transferido para a prisão de Rossano, na Calábria, onde estão presos condenados por terrorismo islâmico.

Sua filha Valentine ressaltou que todas as suas tentativas de transferência para impedir um isolamento, que já dura 28 meses, foram sistematicamente rejeitadas. “Passei 40 anos no exílio levando uma vida de contribuinte, totalmente integrado à sociedade civil à custa de uma atividade profissional incessante, de um envolvimento pacífico em iniciativas culturais e beneficentes, em todos os lugares onde recebi refúgio”, afirma Cesare Battisti em sua carta. Cesare Battisti continuou a escrever e publicar. Segundo seus parentes, ele terminou um novo romance que esperam poder publicar na França e no Brasil. "Ele só tem escrita", apontam.

A pressão internacional também foi importante, em particular a campanha de solidariedade  que a LBI participou, com vários artigo no Blog. Registre-se o silêncio covarde das organizações da esquerda italiana

Nesses dois anos e meio, a detenção de Battisti tornou-se uma verdadeira odisseia: o isolamento, que deveria ter durado seis meses, afinal, com a aplicação do regime de alta vigilância, estendeu-se por todo o período, tanto assim que a passagem da prisão de Oristano (onde, sendo o único subordinado ao regime de alta vigilância, permaneceu isolado até setembro de 2020) para a de Rossano Calabro (prisão de segurança máxima reservada a presos ligados ao terrorismo) não produziu qualquer melhoria na condição de isolamento.

Daí o pedido de Battisti para sair do isolamento de fato, no qual se encontra detido, em total contraste com as próprias regras hipócritas do direito italiano que preveem, de fato, um isolamento máximo de seis meses.

Para quem nunca confiou no poder judiciário burguês, seja ele italiano, brasileiro ou francês, está nítido como a luz do sol, negada a Cesare Battisti desde 2019, que por décadas, enfrentamos uma manifestação irrefutável de ódio de classe, não só e não tanto por Battisti, mas sobretudo por aquilo que as lutas operárias e estudantis dos anos setenta representaram na história da Itália.

A burguesia italiana (e não só!) não se contenta em ter conseguido, com a cumplicidade do PCI (Partido Comunista Italiano) das burocracias sindicais, encerrar os protestos daqueles anos dentro do perímetro do sistema capitalista, nunca deixou de buscar obstinadamente a vingança contra um período de lutas que abalou o pulso de toda a classe dominante do país.

Por ocasião da chegada de Battisti à Itália em janeiro de 2019, denunciamos a covarde “acolhida” dos então ministros Salvini (Interior) e Bonafede (Justiça) que, com babas na boca, exibiam todo o seu orgulho mesquinho ao mostrar o seu “prisioneiro comunista”, mostrando plasticamente seu ódio, não por um único homem, mas por todos os comunistas e, consequentemente, por toda a classe que eles representam.

Cesare ainda está vivo, é tarefa da esquerda revolucionária mundial lutar até às últimas consequências por sua integridade, impulsionado o combate internacionalista pela sua imediata libertação da masmorra secular do fascismo italiano, a mesma que aprisionou o gigante Antônio Gramsci! Perseguido por mais de 40 anos para os interesses políticos das hordas fascistas, eles conseguiram levá-lo para Itália, graças ação do governo de extrema direita de Bolsonaro e com a covardia e traição de Evo Morales. Na Itália vem crescendo a campanha pela sua anistia, encabeçada por diversos grupos e ativistas políticos.

Neste momento é necessário desenvolver em todo o mundo uma forte luta pela liberdade imediata de Battisti. O Blog da LBI conclama o conjunto da esquerda revolucionária que até agora não entrou com firmeza nesta luta, além dos agrupamentos que se reclamam democráticos e anti-imperialistas a desenvolvermos no Brasil e na nível internacional uma campanha pela liberdade do ex-militante do PAC dos cárceres do fascismo, apoiando as iniciativas que vem sendo tomadas na Itália! 

Cesare Battisti está vivo, lutemos pela sua imediata libertação!