RICOS MAIS RICOS E ACHATAMENTO DOS SALÁRIOS NO BRASIL: OS NEFASTOS EFEITOS DA PANDEMIA NA RENDA DOS TRABALHADORES
A pandemia da Covid-19 aumentou a desigualdade social para um nível recorde, diminuiu a renda dos trabalhadores e deixou os brasileiros mais infelizes e com sentimentos negativos superiores às da média global, afirma um estudo do FGV Social. O índice de Gini, medida para a desigualdade, cresceu para 0,674 no primeiro trimestre, contra 0,642 de um ano antes, renovando o recorde histórico. A renda média per capita recuou pela primeira vez abaixo de mil reais mensais, para R$ 995 nos três primeiros meses de 2021. O dado representa uma queda de 11,3% ante um ano antes, quando estava em R$ 1.122, o maior nível da série iniciada em 2012. Esses dados estatísticos são uma pequena amostra dos efeitos econômicos, sociais e psicológicos da crise capitalista imposta com a pandemia aos trabalhadores brasileiros.
A renda do trabalho na população em idade ativa,
considerando os desocupados, caiu 10,89% entre os primeiros trimestres do ano
passado e deste ano. Entre a fatia dos 50% mais pobres, o recuo foi o dobro, de
20,81%. A queda na taxa de participação no mercado de trabalho respondeu por
mais de 80% do recuo na renda da população em geral. Entre os mais pobres, o
aumento do desemprego teve peso maior.
A crise gerou uma onda de emoções negativas entre os
brasileiros. Também de 2019 a 2020, aumentou de 19% para 24% a fatia de
brasileiros que disseram ter tido raiva, enquanto a média de 40 países aumentou
só 0,8 ponto, de 19,2% para 20%. Os brasileiros também estão mais preocupados
(62% ante 56%), estressados (47% ante 43%), tristes (31%, de 26%). Em todas as
análises, a piora de bem-estar foi superior à dos demais países.
Esse balanço aponta que os capitalistas ligados ao rentismo
do cassino financeiro, aos grandes laboratórios farmacêuticos, ao setor
armamentista e de novas tecnologias de comércio-informação foram os mais
beneficiados no período. Ao mesmo tempo, o surto fabricado de covid-19 acentua
drasticamente as desigualdades sociais e aumenta a pobreza no mundo capitalista,
seja nas metrópoles ou nas semicolônias, como o Brasil.