DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA ORDENA QUE ALTO-COMANDO DAS FFAA ACEITE A VITÓRIA DA ESQUERDA BURGUESA, PEDRO CASTILLO: “ELEIÇÕES NO PERU FORAM JUSTAS E SÃO MODELO PARA DEMOCRACIA”
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos Ned Price disse nesta terça-feira, 22.06, que as eleições presidenciais peruanas foram justas e um modelo de democracia na região, em uma demonstração de apoio a vitória de Pedro Castillo. “Felicitamos as autoridades peruanas por administrar de maneira segura outra rodada de eleições livres, justas, acessíveis e pacíficas, inclusive em meio aos importantes desafios da pandemia de Covid-19”, disse Price em nota. "As eleições recentes são um modelo de democracia na região. Apoiamos que as autoridades eleitorais tenham tempo para processar e publicar os resultados de acordo com as leis peruanas", acrescentou o porta-voz. O Peru realizou suas eleições de segundo turno para a Presidência do país no dia 6 de junho, e o tribunal eleitoral do país ainda avalia algumas impugnações antes de declarar oficialmente o ganhador da disputa, que segundo a contagem de votos foi o candidato da esquerda burguesa Pedro Castillo, com uma estreita vantagem sobre a candidata de direita Keiko Fujimori, que alega a fraude para impedir a proclamação oficial do nome da centro-esquerda Perú Libre. As impugnações e pedidos de anulação de votos foram apresentadas em grande maioria por Keiko, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, que foi descartada pela Casa Branca. Tanto que o representante ianque alertou “Os Estados Unidos esperam continuar essa importante aliança com o candidato devidamente eleito pelo povo peruano, como será confirmado pelas autoridades eleitorais peruanas”, afirmou.
Como o Blog da LBI afirmou Pedro Castillo foi “aprovado” pelos grandes capitalistas e pela Casa Branca mesmo se declarando “Marxista-Leninista” em uma disputa que poderia tranquilamente ser declarada como vitoriosa a direita fascista representada por Keiko Fujimori. Essa escolha tem como pano de fundo o fato de a governança global do capital financeiro desejar estabilizar politicamente o país mergulhado em uma grave crise política, que já levou a queda consecutiva de três presidentes em meio as disputas interburguesas, através da gerência domesticada da esquerda burguesa representada pela coligação Perú Libre de Pedro Castillo.
Castillo veio durante a campanha se adequando as exigências do “Deus Mercado”, como fez Lula em 2002 e depois Evo Morales na Bolívia. Ele foi a grande surpresa da disputa eleitoral, embora já tenha retroagido, desde que iniciou sua campanha ao segundo turno, em quase todas as propostas consideradas pela mídia corporativa como “radicais” ou “socialistas”. Ele representa o “novo” em um país castigado pela crise econômica, mas não tem tradição política, portanto é facilmente manipulado e tem um base de apoio volátil.
Sem dúvida a polarização eleitoral fraudada é um elemento que vai servir de freio para a luta de classes ascendente no Peru. A candidata derrotada, Keiko Fujimori é velha conhecida dos peruanos, tanto pelo sobrenome, como por sua própria trajetória, ela chegou a ser detida sob acusação de ter recebido US$ 1,2 milhão irregularmente da empreiteira brasileira Odebrecht no Peru, como pelo fato de ser filha do ex-presidente golpista Alberto Fujimori (1990-2000), atualmente preso por abusos de direitos humanos. Keiko defende a velha plataforma do capital financeiro, ou seja, a manutenção das regras econômicas atuais, como o livre comércio e medidas que facilitem os investimentos especulativos externos, incluindo a liberação da mineração para as grandes corporações imperialistas.
No primeiro ano da pandemia, em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou queda de quase 13%, o pior desempenho da América do Sul. A profunda crise capitalista se soma a convulsão política. Em novembro do ano passado, em meio a processos de impeachment, protestos e renúncias, o Peru chegou a ter três presidentes no intervalo de uma semana. Neste contexto, um amplo setor da população oprimida do país demonstrou "cansaço" com as políticas neoliberais em vigor, o que contribuiu para que Castillo ganhasse a eleição no segundo turno da eleição, galvanizando a revolta popular com um discurso de “reformas capitalistas”.
Keiko buscou associar, com os torpes métodos neofascistas, a imagem de Castillo ao “comunismo”, alardeando ridiculamente que uma vitória de Pedro levaria o país a “ditadura do proletariado”. Porém o que assistimos em cada ofensiva reacionária da Fujimori, foi um recuo cada vez mais vergonhoso de Castillo em sua tênue plataforma reformista, que as vésperas da eleição já se confundiram até com o programa neoliberal da candidata da extrema direita.
Com Trump rifado da Casa Branca, Bolsonaro nas cordas no Brasil, tem todo sentid o aval da Casa Branca a Castilho e não ao clã direitista dos Fujimori.
O governo de Pedro Castillo será marcado por crises permanentes, diante das profundas ilusões das massas que ele irá enfrentar o grande capital, o que obviamente não ocorrerá. Como ocorreu com o retorno do MAS a presidência da Bolívia com Arce e na volta de Lula (PT) a corrida presidencial no Brasil com chances de vitória em 2022, a esquerda burguesa no continente latino-americano irá ocupar a cadeira presidencial no Peru, mas seguirá a risca as ordens de seu verdadeiros chefes, os amos imperialistas. Cabe ao movimento de massas partir para a ofensiva e impor com seus próprios métodos de luta uma alternativa de poder dos trabalhadores.