ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO IRÃ: EBRAHIM RAISI, ELEITO COM 60% DOS VOTOS E PROMETENDO “COMBATER O OCIDENTE”
O Ministério do Interior do Irã confirmou neste sábado (19/06) que o chefe do Judiciário da República Islâmica, Ebrahim Raisi, homem de extrema confiança do regime dos aiatolás, venceu a eleição presidencial no país com 61.95% dos votos. O principal magistrado do Irã garantiu a maioria dos votos na eleição presidencial da última sexta-feira (18/06), o que lhe permitirá assumir o segundo posto mais importante do país, somente abaixo do próprio aiatolá Ali Khamenei. Ebrahim Raisi é considerado um “linha-dura” quando se trata de relações com países imperialistas ou seus apêndices como Israel.
Ebrahim Raisi passou a maior parte de sua carreira no judiciário do Irã e atualmente ocupa o cargo mais alto neste setor do poder estatal. Considerado ultraconservador quando se trata da Sharia (lei religiosa islâmica), acredita-se que Raisi tenha laços estreitos com o clero iraniano e que recebeu o apoio do líder supremo do Irã, o aiatolá Khamenei, e poderia até assumir esse posição após a morte de Ali. Dessa forma, a vitória de Ebrahim Raisi na eleição presidencial pode ser vista como um passo nesse caminho, já que o atual líder supremo foi também presidente iraniano por dois mandatos, de 1981 a 1989.
Em 2016, Ebrahim foi nomeado para liderar a fundação Astan Quds Razavi, uma instituição de caridade que administra uma ampla gama de negócios no Irã e desempenha um papel econômico e político significativo no país. Por ser um conservador, Raisi provavelmente promoverá o conceito de desenvolvimento econômico liderado pelo Estado. Entretanto, deve recusar tornar o país mais aberto aos investimentos capitalistas estrangeiros, principalmente depois que estes fugiram ao primeiro sinal das sanções norte-americanas em 2018.
Os países europeus provavelmente serão os que terão mais dificuldade para se comunicar com Raisi por vários motivos. O presidente eleito é um oponente linha-dura do Ocidente e das políticas multilaterais. Raisi também está sujeito a sanções que foram introduzidas pelos EUA em 2019 por causa de seu apoio ao líder supremo aiatolá Khamenei, o que pode complicar as tentativas do Ocidente de negociar com o novo presidente. Ao mesmo tempo, Ebrahim está enfrentando acusações internacionais de fazer parte de um "comitê da morte" de quatro homens que supostamente ordenou a execução de milhares de prisioneiros no Irã em 1988. O regime de Teerã nega veementemente ter ordenado tais assassinatos.
Uma das questões mais agudas sobre a futura política externa do Irã envolve as negociações em andamento sobre a restauração do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês). Embora Teerã tenha informado que algum progresso foi alcançado nas negociações recentes em Genebra, sob a nova administração Biden, os EUA e o Irã ainda não chegaram a um acordo sobre os termos de retorno ao acordo nuclear anterior, firmado por Barack Obama. O Democrata Biden está pondo sua política imperialista demagógica em marcha, encena “diálogos e alguns progressos”, para depois descarregar sua ofensiva militar brutal, balizada em suas supostas “iniciativas civilizatórias”.