domingo, 13 de junho de 2021

CÚPULA DO G7: BIDEN COSTURA ALIANÇA POLÍTICA, ECONÔMICA E MILITAR CONTRA CHINA E RÚSSIA

Na reunião do G7 que está em curso na Inglaterra, os EUA estão buscando reforçar seus laços políticos, econômicos e militares contra a China. Os aliados capitalistas devem usar a iniciativa para mobilizar capital do setor privado em áreas como clima, segurança sanitária, tecnologia digital, como determinou o Fórum Econômico de Davos, que orquestrou a pandemia para impor uma nova ordem mundial. É uma tentativa desesperado do imperialismo ianque de construir uma alternativa a chamada Nova Rota da Seda da China (Belt and Road Initiative, ou BRI, na sigla em inglês), que o governo do PCC lançou em 2013, envolvendo iniciativas de desenvolvimento e investimento que se estenderiam da Ásia à Europa e além. Por sua vez, este período também viu a Rússia tornar-se uma componente fulcral da iniciativa da “Nova Rota da Seda”, permitindo que o investimento chinês ligasse a Eurásia a desenvolvimentos infra-estruturais ambiciosos, incluindo a construção de estradas e caminhos-de estradas-de-ferro através do território russo que permitiram à China estabelecer rotas terrestres diretas para as nações europeias. Na medida que esta relação econômica se intensificou, o mesmo aconteceu com a relação militar entre os dois países.

Mas que impacto político teria o estreitamento da aliança entre Putin e o PCC no Ocidente? Um acordo formal militar acabaria por colocar grandes problemas aos EUA, somado ao seu bloco de aliados, principalmente ao Japão e Europa. Em primeiro lugar, no nordeste asiático em torno da península coreana e do Japão, uma parceria Rússia-China alteraria o equilíbrio de forças de forma abrangente, especialmente em termos de poder aéreo e naval. A inclusão da Rússia nas disputas do Mar da China Meridional iria também expandir o domínio de Pequim em toda a região, particularmente no ar, caso a China oferecesse acesso às bases nesta região. Da mesma forma, a adição de capacidades chinesas na Europa também colocaria novos desafios à OTAN. O emparelhamento poderia também virar o equilíbrio das forças nucleares no mundo contra os EUA, que isoladamente ainda detém o maior número de ogivas.

É claro que um possível acordo sólido e estável ainda é hipotético, mas o horizonte de tensão e crise mundial empurram objetivamente os dois regimes para uma unidade. Os dois países têm interesses crescentes, sendo provável que primeiro intensifiquem a sua cooperação econômica e tecnológica. A Rússia está fornecendo um bastião para Huawei enquanto os EUA tentam forçá-la a sair dos mercados ocidentais. A possibilidade de um envolvimento da China na frente militar da OTAN, na Europa iria “azedar” ainda mais as suas tentativas de melhorar as relações comerciais e de investimento com a União Europeia. Outro problema bem delicado na relação entre Rússia e China é como lidar com a questão da Índia, que tem sido o principal ponto de fricção militar chinesa no momento, é notório o apoio logístico de Putin aos hindus.

Enfim muito além das questões geopolíticas, que envolvem um conjunto de elementos da guerra híbrida impulsionada pelo imperialismo ianque (comum as duas cabeças da hidra) contra os povos, reside os fortes vínculos econômicos da burocracia chinesa com as corporações industriais e financeiras da governança global do império do capital. Estaria aberta uma janela de possibilidades do Partido Comunista chinês, sob a liderança de Xi Jing, realizar uma guinada à esquerda e sob pressão romper com as corporações financeiras imperialistas?

A história da luta de classes já demonstrou todos os limites das direções nacionalistas e restauracionistas em avançar na direção de um genuíno programa socialista, entretanto a mesma história já revelou que sob intensa pressão da luta de classes mundial, estas mesmas direções podem ir mais além do que se propõe programaticamente. 

Como nos ensinou Trotsky, deixemos que a classe operária se imponha na crise mundial capitalista, dando a última palavra na história!