VITÓRIA DE PEDRO CASTILLO NAS ELEIÇÕES PERUANAS: CASA BRANCA DA “OK” PARA A ESQUERDA BURGUESA ESTABILIZAR UM REGIME POLÍTICO MERGULHADO EM PROFUNDA CRISE
A vitória apertadíssima de Pedro Castillo demonstra que a burguesia e o imperialismo deram seu “Ok” para que o candidato da coligação da esquerda burguesa Perú Libre ocupasse a cadeira presidencial. A pergunta que se faz é porque Castillo foi “aprovado” pelos grandes capitalistas e pela Casa Branca mesmo se declarando “Marxista-Leninista” em uma disputa que poderia tranquilamente ser declarada como vitoriosa a direita fascista representada por Keiko Fujimori. A resposta dos Marxistas a esta questão tem como pano de fundo o fato de a governança global do capital financeiro desejar estabilizar politicamente o país mergulhado em uma grave crise política, que já levou a queda consecutiva de três presidentes em meio as disputas interburguesas. A pequena margem de votos servirá como elemento de chantagem permanente sobre Castillo, uma diferença fraudada que potencia a oposição de direita ao futuro governo de conciliação de classes, deixando totalmente refém das ordens do grande capital, além de ser uma frágil marionete que poder ser derrubado ao sabor dos interesses burgueses.
Castillo veio durante a campanha se adequando as exigências do “Deus Mercado”, como fez Lula em 2002 e depois Evo Morales na Bolívia. Ele foi a grande surpresa da disputa eleitoral, embora já tenha retroagido, desde que iniciou sua campanha ao segundo turno, em quase todas as propostas consideradas pela mídia corporativa como “radicais” ou “socialistas”. Ele representa o “novo” em um país castigado pela crise econômica, mas não tem tradição política, portanto é facilmente manipulado e tem um base de apoio volátil.
Sem dúvida a polarização eleitoral fraudada é um elemento que vai servir de freio para a luta de classes ascendente no Peru. A candidata derrotada, Keiko Fujimori é velha conhecida dos peruanos, tanto pelo sobrenome, como por sua própria trajetória, ela chegou a ser detida sob acusação de ter recebido US$ 1,2 milhão irregularmente da empreiteira brasileira Odebrecht no Peru, como pelo fato de ser filha do ex-presidente golpista Alberto Fujimori (1990-2000), atualmente preso por abusos de direitos humanos. Keiko defende a velha plataforma do capital financeiro, ou seja, a manutenção das regras econômicas atuais, como o livre comércio e medidas que facilitem os investimentos especulativos externos, incluindo a liberação da mineração para as grandes corporações imperialistas.
No primeiro ano da pandemia, em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou queda de quase 13%, o pior desempenho da América do Sul. A profunda crise capitalista se soma a convulsão política. Em novembro do ano passado, em meio a processos de impeachment, protestos e renúncias, o Peru chegou a ter três presidentes no intervalo de uma semana. Neste contexto, um amplo setor da população oprimida do país demonstrou "cansaço" com as políticas neoliberais em vigor, o que contribuiu para que Castillo ganhasse a eleição no segundo turno da eleição, galvanizando a revolta popular com um discurso de “reformas capitalistas”.
Keiko buscou associar, com os torpes métodos neofascistas, a imagem de Castillo ao “comunismo”, alardeando ridiculamente que uma vitória de Pedro levaria o país a “ditadura do proletariado”. Porém o que assistimos em cada ofensiva reacionária da Fujimori, foi um recuo cada vez mais vergonhoso de Castillo em sua tênue plataforma reformista, que as vésperas da eleição já se confundiram até com o programa neoliberal da candidata da extrema direita.
Com Trump rifado da Casa Branca, Bolsonaro nas cordas no Brasil, tem todo sentio sentido o aval da Casa Branca a Castilho e não ao clã direitista dos Fujimori.
O governo de Pedro Castillo será marcado por crises permanentes, diante das
profundas ilusões das massas que ele irá enfrentar o grande capital, o que
obviamente não ocorrerá. Como ocorreu com o retorno do MAS a presidência da Bolívia com Arce e na volta de Lula (PT) a corrida presidencial no Brasil com chances de vitória em 2022, a esquerda burguesa no
continente latino-americano irá ocupar a cadeira presidencial no Peru, mas seguirá a risca as
ordens de seu verdadeiros chefes, os amos imperialitas. Cabe ao movimento de
massas partir para a ofensiva e impor com seus próprio métodos de luta uma
alternativa de poder dos trabalhadores.