quarta-feira, 23 de junho de 2021

ESCÂNDALO DA COVAXIN: APENAS A "PONTA DO ICEBERG" DO NEGÓCIO TRILIONÁRIO DA VACINA QUE PODE DESEMBOCAR NO IMPEACHMENT DE BOLSONARO

As denúncias em entrevista à CNN do deputado Luis Miranda (DEM-DF) sobre o esquema de compra milionária da vacina Covaxin era a “prova” que faltava para que a CPI da Covid-19 peça até o fim do ano (a comissão vai ser prorrogada por mais 90 dias) o impeachment de Bolsonaro. Trata-se de graves denúncias amplamente documentadas pelo irmão do parlamentar (que é da própria base de apoio ao governo), um “homem-bomba” que aprovava a compra de vacinas no Departamento de Logística do Ministério da Saúde (DELOG), um negócio trilionário que envolveu os grandes laboratórios da Big Phama mas que na denúncia apenas atinge uma empresa marginal do esquema que envolve os grandes laboratórios. Era tudo que o PT e a oposição burguesa (PSDB, Ciro) queria para implodir o governo, tanto que a CPI já convocou os “Irmãos Miranda” para depor, inclusive pedindo proteção da PF para os dois denunciantes. Parece ser o começo do fim do governo Bolsonaro e a abertura do caminho que passa pela posse futura do mandato-tampão de Mourão (entrevistado ontem pela Globo News) e que desemboca nas eleições presidenciais de 2022, onde a Famiglia Marinho costura um alternativa eleitoral a Lula. A questão é saber como Bolsonaro e sua base direitista vai reagir a ofensiva do chamado “Centro Civilizatório" que une da Rede Globo ao PT que vai emparendando o Planalto.

Documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo comprou a vacina indiana Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante. Telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Délhi de agosto do ano passado, ao qual o Estadão teve acesso, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose). 

Em dezembro, outro comunicado diplomático dizia que o produto fabricado na Índia "custaria menos do que uma garrafa de água". Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cotação da época) — a mais cara das seis vacinas compradas até agora. 

Estamos vendo nesse dia a estratégia de rifar Bolsonaro avançando rumo a sua substituição por um governo plenamento alinhado com a governança global do capital financeiro.