DECLARAÇÃO COLÔMBIA: CONTRA O TERRORISMO DE ESTADO E AS
FALSAS PROMESSAS DE DIÁLOGO, ORGANIZAR A PARALISAÇÃO DA PRODUÇÃO*
Ontem, 17 de junho, após 51 dias de rebelião popular em Cali, voltamos a testemunhar o verdadeiro caráter do Estado e de suas instituições. Apesar de que nos diferentes pontos de bloqueio os jovens lutadores optaram por confiar nas "intenções de diálogo" do prefeito Jorge Iván Ospina e assinaram o Decreto 0304, que supostamente garantiria segurança, vida e respeito ao protesto e aos jovens revolucionários, desde o os primeiros dias da assinatura desse decreto, o que tem prevalecido é o perfilamento, a perseguição, as prisões, a repressão e o homicídio do Estado.
No dia 17 de junho, desde o início da manhã e ao longo do dia, testemunhamos as ações violentas das forças repressivas contra Paso del Aguante, Puerto Resistencia e outros pontos onde os lutadores persistem em tomar as ruas, especialmente quando começaram a diluir falsas promessas como taxa zero. A força militar esteve presente, deteve dezenas de jovens combatentes(incluindo menores) invadiu casas, prendeu dirigentes sindicais como Francisco Velasco e assassinou o jovem Juan David Muñoz, como tantos outros nos dias anteriores.
Este terror contra o povo é realizado sob a proteção da lei burguesa, dentro da qual o alardeado Decreto 0304, assinado pelo prefeito de Cali em 31 de maio, acabou por não ter validade, pois, segundo a advogada María del Mar Machado Jiménez , que exigia a anulação do mesmo, impediu “o trabalho da Força Pública, ao contrário do Decreto Presidencial de Assistência Militar de 28 de maio”, é “evidente a violação de normas superiores”.
A suspensão do decreto também se baseia no fato de que com o Decreto 003 de 2020, sobre “o tratamento antes e depois dos protestos”, o governo nacional já instituiu uma ação do Estado, em que prevalece o poder de polícia do presidente, assim, o juiz lembra que “embora o prefeito possa expedir medidas policiais nessas matérias, elas devem estar em estrita conformidade e coordenação com as diretrizes presidenciais, já que em matéria de ordem pública ele é um agente subordinado do chefe de governo”.
Consequentemente, dado que a lei vigente é a da repressão e do tratamento militar do protesto, as alegadas intenções de diálogo do prefeito são inúteis. Por isso, é evidente que o mecanismo não pode continuar a ser reuniões e "diálogos" com as instituições do Estado, em mesas que nos têm permitido dividir-nos para "negociar" separadamente, além de querer amarrar as mãos do povo para impedi-lo de realizar ações de fato e dirigir a luta.
Diálogos e encontros não servem para fazer pacto com o inimigo, são adequados para buscar a unidade e superar as contradições entre nós como povo, daí a importância das assembléias em bairros, comunas, fábricas e calçadas. A União de Resistência de Cali deve recuperar seu espírito de unificação e coordenação de todos os pontos de bloqueio, luta e resistência. Deve promover, junto com as organizações operárias e populares que estão realmente no caminho da luta, uma ampla Assembleia Popular de Cali para que possa ser realizada aberta e massivamente em alguns dos setores que ainda resistem.
Uma assembleia que pretende unir os trabalhadores da indústria e dos serviços para que parem a produção das fábricas, garantam o fortalecimento da luta e assim conduzam as nossas forças ao fim da máfia e do regime paramilitar de Duque-Uribe.
Devemos agora preparar uma paralisação da produção regional para comemorar dois meses de luta no dia 28 de junho.Devemos convocar todos os lutadores a nível nacional para que se juntem a esta façanha e que durante esse dia nem uma única porca se mova e as máquinas sejam silenciadas. Devemos demonstrar ao regime o poder da classe trabalhadora.
Apelamos a todos os combatentes para que preparem a Assembleia Nacional do Povo no dia 17 de julho, na cidade de Cali, uma reunião em que, com a participação dos delegados de todas as assembleias operárias, camponesas e populares de todo o país, especificamos a plataforma, as forças e as tarefas para enfrentar com força todo o poder do regime narco-paramilitar e conquistar as demandas da população.
* UNIÃO OPERÁRIA COMUNISTA/UOC (18/08/2021)