terça-feira, 15 de junho de 2021

OTAN AMEAÇA A CHINA: A ALIANÇA IMPERIALISTA BUSCA POR UM FREIO AOS PLANOS DA BUROCRACIA RESTAURACIONISTA

A primeira cúpula da OTAN na era do carniceiro “democrata” Joe Biden situou a China na lista de seus principais desafios, ao lado do rival tradicional, a Rússia que de fato leva a cabo enfrentamentos militares com a Casa Branca, como na Síria. Aliança Atlântica imperialista também estabeleceu uma nova linha de defesa contra o risco de ataques cibernéticos, cinicamente acusando a Rússia por supostos incidentes e agressões. Os 30 aliados ocidentais capitalistas entram assim em uma nova etapa marcada pelo impulso belicista do novo presidente ianque e pela necessidade de enfrentar um cenário geoestratégico muito instável e infestado de guerras em meio a pandemia que vão além da estratégia militar tradicional.  Na China, poucos resquícios políticos do Maoísmo existem no regime híbrido vigente, porém vários e profundos traços da economia planificada do antigo Estado Operário ainda estão presentes nos dias atuais do gigante asiático, que atravessa sérias contradições internas diante da abertura de uma nova conjuntura mundial. Seguir os vínculos econômicos com as corporações financeiras dos EUA, que sem dúvida alguma permitiram um impulso ao seu espetacular crescimento econômico nos últimos 30 anos, ou assumir uma linha anti-imperialista, realizando uma inflexão a Moscou e Irã? Essa parece ser a atual grande disjuntiva do governo do Partido Comunista Chinês que está sendo analisado pela OTAN, por isso a chantagem contra os planos expansionistas da burocracia restauracionista do PCCh.

Os tambores da guerra apontam principalmente para a Rússia, mencionada 61 vezes no comunicado final da cúpula e que continua a ser a principal ameaça para a Aliança. Mas os 30 membros da OTAN também sublinham o “desafio sistémico” representado pela China, citada 10 vezes no comunicado. Apontam, o risco de que ambos os países unam forças para desafiar o que cinicamente chamam de “democracias ocidentais” porque a China “também está cooperando militarmente com a Rússia, incluindo sua participação em manobras russas na zona euro-atlântica.

A Aliança já está começando a fazer exigências concretas a Pequim e a adotar medidas que visam tanto a Rússia quanto o Governo de Xi Jinping. “Pedimos à China que respeite seus compromissos internacionais e atue com responsabilidade no sistema internacional, incluindo espaço, ciberespaço e os territórios marítimos, em conformidade com seu papel como uma grande potência”, assinala a declaração final da cúpula da OTAN. A OTAN coloca a China no novo campo de batalha do século 21 caracterizado por “um número crescente de ameaças cibernéticas, híbridas e assimétricas, incluindo campanhas de desinformação e o uso malicioso e cada vez mais sofisticado de tecnologias emergentes e disruptivas”.

Em tom de ameaça, a OTAN reafirma sua intenção de julgar esses ataques caso a caso e se reserva a possibilidade de classificá-los como agressão e ativar o artigo 5º de seu tratado, que estabelece a ajuda mútua entre os aliados. O comunicado da cúpula observa que “os aliados reconhecem que o impacto cumulativo de atividades cibernéticas maliciosas significativas pode, em certas circunstâncias, ser considerado equivalente a um ataque armado”.

A cúpula da OTAN concordou, por ora, em lançar uma ampla política de defesa cibernética, baseada na dissuasão e no desenvolvimento de novas capacidades. E se declara disposta a “usar todos os nossos recursos a qualquer momento para evitar, se defender de ou se contrapor a todo o espectro de ameaças cibernéticas, incluindo aquelas que fazem parte de campanhas híbridas”.

A aliança também alerta: “Se for necessário, imporemos custos a quem nos atingir”. E avisam que a resposta “não precisa se restringir ao terreno cibernético”. Uma ameaça de retaliação assimétrica que provavelmente chamará a atenção em Moscou ou Pequim.

A cúpula da OTAN não chegou a qualificar a China como “inimiga” ou “rival”, mas a linguagem do comunicado final deixa clara a tensão crescente com o gigante asiático. “As ambições declaradas da China e sua conduta assertiva apresentam desafios sistêmicos para a ordem internacional e em áreas relevantes para a segurança da Aliança”, diz o texto aprovado por unanimidade. Os primeiros-ministros ou chefes de Estado desses países aliados acrescentam que estão “preocupados com as políticas de coerção [de Pequim]” e lembram que “a China está expandindo rapidamente seu arsenal nuclear” e mantém “opacidade sobre o desenvolvimento de sua modernização militar”.

Apesar da relutância europeia, a Aliança endurece progressivamente o seu tom em relação à China. A China vem se convertendo lentamente em um grande obstáculo militar e econômico para os EUA. Possui o maior exército do mundo (quase 3 milhões de soldados), um poderio bélico poderoso que inclui a bomba de nêutrons e mísseis de longo alcance com capacidade de carregar ogivas nucleares. 

Diferente do que ocorreu no processo de restauração capitalista na ex-URSS, onde a casta burocrática se dividiu em várias frações que disputavam o que restou do antigo Estado operário (processo hoje parcialmente revertido por Putin), o objetivo da burocracia chinesa é estabelecer uma lenta e ordenada transição da economia planificada para o capitalismo, sendo ela mesma convertida em proprietária dos meios de produção. Precisamente por isto a burocracia chinesa pretende realizar uma transição a mais ordenada possível, não podendo destruir de imediato o Estado operário. O atual ritmo da restauração do capitalismo na China não interessa aos EUA, por isso procuram de todas as formas debilitar a China.