LUCRO DA BIG PHARMA ACIMA DA VIDA: EUA APROVAM USO EMERGENCIAL DE REMÉDIO DA ROCHE PARA CASOS GRAVES DE COVID-19 E MEDICAMENTO DOBRA DE PREÇO ATINGINDO R$ 8,7 MIL POR DOSE!
A agência reguladora de saúde dos Estados Unidos aprovou o
Actemra, um remédio para artrite da Roche, para uso de emergência no tratamento
de pacientes hospitalizados com Covid-19, dando um impulso adicional a um
medicamento que já era permitido como uso compassivo em casos graves. A Agência
de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) disse na quinta-feira que emitiu uma
autorização de uso de emergência para o Actemra para o tratamento de pacientes
adultos e infantis hospitalizados com Covid-19.
Há meses o remédio é administrado em pacientes com casos
graves da doença como uso compassivo, o que gera milhões de dólares de vendas à
Roche. O medicamento pode ser usado para tratar pacientes que estão recebendo
corticosteroides sistêmicos e precisam de oxigênio suplementar, ventilação
mecânica não-invasiva e invasiva ou oxigenação por membrana extracorpórea,
disse a FDA, acrescentando que estudos mostraram que o Actemra ajuda a diminuir
o risco de morte e a acelerar a recuperação.
A autorização de uso de emergência se baseia em resultados
de quatro estudos aleatórios controlados que avaliaram o Actemra para o
tratamento de Covid-19 em mais de 5.500 pacientes hospitalizados, disse a
Roche. No primeiro trimestre, as vendas do Actemra aumentaram 22%, chegando a
779 milhões de francos suíços, depois de dispararem quase um terço e chegarem a
2,9 bilhões de francos suíços em 2020, devido sobretudo ao tratamento de
pacientes com pneumonia grave associada à Covid-19.
A partir do momento em que passou a ser testado com algum sucesso no tratamento dos casos graves de Covid-19 – com a respectiva repercussão em diversas mídias – o medicamento viu sua demanda explodir e ele desapareceu do mercado. Isso abriu brecha para atravessadores ganharem dinheiro. Pessoas desesperadas chegam a pagar até R$ 8,7 mil por apenas uma dose, apurou o Cáceres Notícias.
Desde março de 2020, a Universidade de Oxford, no Reino
Unido, vem pesquisando o Tocilizumabe para o tratamento da Covid-19. O estudo
com mais de 4 mil voluntários diagnosticados com a doença – sendo que metade
deles teve tratamento padrão e a outra parte teve o Tocilizumabe prescrito –
concluiu que a droga respondeu na redução de mortes nos casos mais graves e
evitou ou diminuiu o risco de intubação para outros internados. A tese é do
ensaio Recovery.
No Brasil, o Hospital Igesp, de São Paulo, testou o
medicamento em 14 pacientes com comorbidades diversas internados em estado
grave na unidade, sendo 11 deles já intubados e três em fase de pré-intubação,
todos sem perspectivas de melhora. Segundo o hospital, a resposta do estudo
entre os intubados foi a recuperação de dez pacientes e a morte de um deles. Já
o segundo grupo teve uma evolução de melhora considerável e não foi necessária
a intubação de nenhum paciente.
De acordo com o infectologista Tiago Rodrigues, o
Tocilizumabe não é um antiviral e sim um imunobiológico, ou seja, trabalha no
organismo diminuindo a imunidade e, consequentemente, as inflamações causadas
por diversas moléstias. Por isso é uma droga muito utilizada no tratamento de
doenças reumatológicas.
Embora o estudo da Recovery tenha mostrado indícios de
benefícios no tratamento de pacientes com Covid-19, que geralmente são vítimas
de diversas inflamações, nas quais o Tocilizumabe age, o médico explicou ao
portal que não há estudos concretos da eficácia e do momento em que se deveria
administrar essa medicação.
“A evidência de que o Tocilizumabe traga melhoras ao
paciente ainda é muito fraca e controversa. Às custas da redução das
inflamações há a redução da imunidade e isso é perigoso. O paciente geralmente
é crítico, está na UTI e se pegar uma infecção bacteriana qual a defesa que ele
vai ter? Tem que ser muito bem avaliado os benefícios para a utilização deste
medicamento”, revelou o infectologista.