sexta-feira, 3 de setembro de 2021

CRISE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA: PRODUÇÃO VOLTA A CAIR EM JULHO, RETROCEDENDO AOS NÍVEIS DA PRÉ-PANDEMIA 

O nível de produção da indústria voltou a ficar abaixo do patamar da pré-pandemia: -2,1% aquém de fev/20. A produção fabril brasileira caiu 1,3% em julho, na comparação com junho. Os dados foram divulgados nesta última quinta-feira (02/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na véspera, o instituto havia anunciado que o Produto Interno Bruto (PIB) do país retraiu 0,1% no segundo trimestre do ano. A soma destes elementos, agregada com o fato do setor produtivo ter dado uma “engasgada” no terceiro trimestre com queda significativa, antecipa que 2021 será mais um ano desastroso para a economia capitalista brasileira, totalmente dependente do rentismo financeiro que “despeja” bilhões de Reais no Estado (governos, prefeituras e demais órgãos estatais) forçando o endividamento público como único vetor para que a economia não entre em colapso.

O volume de produção da indústria recuou 0,2% em junho ante maio, mostrando que esse movimento não é sazonal e não pode ser inteiramente explicado pela crise energética recente, como sugere o governo Bolsonaro. A política neoliberal de Paulo Guedes e a submissão da gerência neofascista tupiniquim aos ditames da governança global do capital financeiro, estão na raiz da atual crise da indústria nacional.

A pesquisa do IBGE enfatiza a gravidade das perdas do mês: “considerando apenas os meses de julho, essa queda de 1,3% foi a mais intensa desde julho de 2015”. Os dados também apontam que o resultado deixa o setor industrial em patamar ainda mais baixo do que julho do ano passado, quando o governo começava o pagamento do auxílio emergencial. Assim, a indústria atualmente está, em termos de volume de produção, 18,5% abaixo do pico histórico, alcançado em 2011, no ciclo de expansão capitalista internacional, e em patamar equivalente ao que produzia em 2009, ou seja, 12 anos atrás.

Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) “A segunda metade de 2021 começou como havia terminado o semestre anterior, isto é, com grande dificuldade para crescer”, destacando que, dos sete meses de 2021, cinco são negativos, um mês de virtual estabilidade e apenas uma pequena taxa positiva de crescimento na série com ajuste. O PIB divulgado ontem também pelo IBGE sinaliza igualmente para uma fase adversa, sendo que o PIB da indústria total variou -0,2% no 2º trim/21 e o PIB da indústria de transformação acumulou dois trimestres no vermelho.

A produção de alimentos e bebidas foi a principal responsável pela queda em julho, um reflexo, segundo o IBGE, da baixa demanda, que por sua vez é arrefecida pelo desemprego e disparada da inflação. O resultado da produção industrial está no escopo dos resultados de renda, emprego e inflação.