FRENTE AMPLA EM 2022: LULA NEGOCIA PARA PT APOIAR PARTIDOS DE CENTRO E DA DIREITA BURGUESA NAS ELEIÇÕES PARA OS GOVERNOS ESTADUAIS
Nas conversas com caciques burgueses dos partidos de centro e da direita como Gilberto Kassab (PSD), Rodrigo Maia (em transição do DEM para o PSD), José Sarney (MDB), Eunício Oliveira (CE) e outros, Lula acenou com o que interessa: o PT vai abrir mão de candidaturas a governos estaduais onde seus futuros parceiros tiverem nomes fortes, em troca de seu apoio nacional. Isso deve acontecer em dois dos três principais colégios eleitorais do país, o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Lula aponta que o mesmo caminho norte-americano de uma Frente Ampla com Biden contra a direita deveria ser seguido aqui no Brasil. Para quem governou o país por mais de uma década consecutiva, com uma base de apoio que incluía quase todos os partidos fisiológicos da direita (até o do então deputado Bolsonaro), somado ao chamado “Centrão”, não vai haver problemas em costurar essa aliança burguesa ultra-fisiologista.
O petista tem conversado tambpem como o PSOL, PCdoB e o PSB, que tendem a se aglutinar em torno de Marcelo Freixo para governador do Rio. Em Minas, o candidato deverá ser o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Em Pernambuco, o acordo é com o PSB, podendo até expulsar Marília Arraes do PT. Em outros estados do Nordeste e Norte, com o MDB como Pará e Alagoas.
O PT foi golpeado pela burguesia em 2016, mas nem por isso perdeu seu caráter de partido burguês, como também não perdeu o PTB/PDT quando sofreu o golpe militar em 1964. A ação da substituição drástica de gerência estatal ocorrida em 2016, não partiu como reação da burguesia a nenhuma medida anticapitalista tomada por Dilma, pelo contrário a presidenta petista estava impulsionando uma agressiva plataforma neoliberal de eliminação de direitos sociais dos trabalhadores.
Ao perceber que o governo da Frente Popular poderia
“patinar” na aprovação das (contra)reformas exigidas pelos rentistas com muita
celeridade, a burguesia operou abruptamente a substituição da gerência servil
do PT, que logo renunciou a qualquer tipo de resistência ao golpe parlamentar
sofrido por Dilma. Era o fim de um ciclo econômico de “boom” capitalista, e o
PT deveria esperar pacífica e pacientemente por uma nova “janela” da história,
para voltar a ocupar a gerência estatal a serviço das classes dominantes.
É exatamente o que Lula visualiza neste momento, o regresso do PT a função de governo de Frente Popular de colaboração de classes em 2022. Afinal o MAS retornou ao papel de gestor na Bolívia, Trump foi derrotado e o governo Bolsonaro (isolado pelo conjunto da burguesia) dá claro sinais de “fadiga de material”.
Entretanto todos estes elementos políticos não conduzirão automaticamente Lula a retornar ao Palácio do Planalto, apesar de suas posições a favor do mercado e do imperialismo ianque, agora sob nova direção.
O elemento central da conjuntura ainda é a economia capitalista mundial, e não há sinais de um novo “boom econômico” no horizonte, que permita a opção da burguesia por um “modelo” de pacto social no país.
Lula, como um dos melhores quadros políticos que o Brasil já criou em toda sua história, vai tecendo sua rede social com os possíveis aliados da esquerda burguesa para 2022, consciente que neste mesmo campo já existe uma outra alternativa em gestação, a chamada terceira via, que inclui nomes como Ciro Gomes, Hulk e Mandetta.
A única certeza é que Casa Branca e o "Deus Mercado" darão a última palavra nesse leilão para ocupar a vaga burguesa no Palácio do Panalto!