segunda-feira, 17 de maio de 2021

MARIGHELLA, O FILME: NÃO A “DILUIÇÃO” PELO “OLHAR” DEMOCRATIZANTE DA TROJETÓRIA DO COMANDANTE COMUNISTA QUE COMBATEU EM ARMAS PELA DITADURA DO PROLETARAIDO! 

O filme dirigido por Wagner Moura sobre Carlos Marighella finalmente pôde ser assistido nesse mês de maio através da liberação via internet em plataformas digitais, com a propria equipe de direção-produção quebrando o cerco, a censura e ódio fascista ao longa-metragem. Durante meses hordas reacionárias tentaram manchar a honra revolucionária do dirigente do PCB e depois da ALN, acusando-o de terrorista, um “reles” assaltante de banco e assassino “profissional”, na verdade um herói do povo brasileiro que tombou em luta contra a ditadura militar representante dos interesses do grande capital no Brasil. Toda essa circunstância deu ao filme um caráter de acontecimento político.

 Como Marxistas somos pela maior ampliação de acesso à cultura e consideramos ser um bom caminho o “furo” que a própria direção do filme deu ao “liberar” sua visualização pela internet. Entretanto, o vigoroso combate contra as calúnias ultrajantes desferidas pela extrema-direita não impede os Revolucionários de fazerem uma crítica programática a toda uma franja socialdemocrata de “intelectuais”, “artistas” e mesmo militantes da esquerda domesticada que ao comemorarem o filme sobre a vida de Marighella dirigido por Moura diluem o passado de dirigente comunista, deputado do PCB e posteriormente comandante político-militar da ALN, como faz o próprio longa, cuja narrativa aborda apenas o período entre 1964 e 1969. 

Marighella não foi simplesmente um “progressista” ou “democrata”, ao contrário do “senso comum” amplamente difundido pela mídia capitalista e em parte legitimado pela esquerda palatável, Marighella e nossos combatentes não foram mortos “lutando pelo restabelecimento da democracia”, tombaram no confronto direto com as forças da repressão pela causa da Revolução Socialista, mais além dos desvios políticos das direções reformistas e etapistas que hegemonizavam o momento. A concepção da “democracia como valor universal” não permeava as mentes de nenhum dos nossos heróis que deram suas vidas na luta revolucionária pelo Comunismo.

Neste ponto reside a contradição fundamental entre o regime de “exceção” imposto ao país pelas classes dominantes e o conjunto da militância socialista naquela etapa da luta de classes. Salvo alguns setores do “Partidão” que já flertavam com uma “flexibilização” do leninismo em direção à social democracia, o que anos depois daria origem ao chamado “eurocomunismo”, as organizações de esquerda (como a ALN de Marighella) que se levantaram em armas contra os facínoras adotavam a estratégia da defesa da ditadura do proletariado versus ditadura capitalista, sob a forma concreta assumida em 64 de um regime político militar. 

Somente após décadas, justamente na transição da ditadura militar à democracia burguesa, regime por excelência do modo de produção capitalista segundo Marx, irá acontecer a “metamorfose” da esquerda reformista assumindo as teses do “triunfo” da democracia sobre o “autoritarismo leninista”. Com a queda do Muro de Berlim em 1989, esta mesma esquerda, já formatada a “Nova República”, se transfere definitivamente de “malas e bagagens” para o campo “republicano” das instituições representativas do capitalismo. 

Semear falsas ilusões de que este regime democratizante, seja qual for a tonalidade de sua gerência política, possa fazer um resgate histórico dos combatentes socialistas que morreram lutando contra a dominação capitalista em nosso país é uma trágica armadilha que serve para embotar a consciência das novas gerações de lutadores, ou no pior dos casos, um “trambique” para amealhar algum trocado no balcão de negócios das indenizações pagas pelo Estado burguês às vítimas da ditadura.

 A verdadeira punição aos torturadores e seus “patronos” capitalistas não poderá ser efetivada por nenhum governo “democrático” no marco de um Estado burguês, pelo simples fato de que a burguesia jamais se “autopunirá” de seus monstruosos crimes históricos.

Somente a revolução socialista será capaz de “vingar” nossos heróis e combatentes mortos e torturados por um regime militar posto a serviço das grandes multinacionais imperialistas!