PCO “PERGUNTA” SE LULA É O CANDIDATO DA BURGUESIA OU DOS
TRABALHADORES: O QUE LEVOU RUI PIMENTA A “ESQUECER” QUE DENUNCIAVA O PETISTA
COMO “PRESIDENTE DOS BANQUEIROS”?
O PCO acaba de lançar o artigo “Lula, candidato da burguesia ou candidato dos trabalhadores?” (12.05) em que tenta responder a esse sofisma político. No texto afirma “O ‘apoio’ da burguesia a Lula não aconteceria simplesmente pela deterioração econômica mas sim diante da necessidade de conter um movimento radical das massas, como aconteceu em 2002 quando a direita tradicional deixou Lula chegar ao poder por não ter condições de segurar a explosão social. No momento o que a burguesia sem um nome próprio, demonstra não um interesse em permitir que o PT volte à presidência, mas sim em manobrar para que Bolsonaro entre na linha e aceite a vontade da direita tradicional sob a chantagem de apoiarem Lula em seu lugar”. Para o PCO o Lula de 2022 é o candidato dos trabalhadores contra Bolsonaro, não importando que o petista esteja costurando uma frente ampla com o centro e a direita burguesa para gerenciar o Estado sob as ordens do grande capital! Rui Pimenta “esqueceu” que em 2002 acusou Lula de ser o “presidente dos banqueiros”, mas agora ele seria o “presidente dos trabalhadores”. Essa metamorfose “radical” de Lula teria ocorrido depois de 13 anos de governo da Frente Popular baseado no pacto com os empresários e o imperialismo.
Rui Pimenta deseja nos fazer crer que “A única forma de
garantir que a candidatura de Lula seja vitoriosa e de interesse dos
trabalhadores é fazendo dele um candidato dos trabalhadores contra a burguesia,
através de uma mobilização classista que imponha a vontade do povo diante da
crise”. Em que mundo vive o PCO? Se em
2022 Lula pactuou com os empresários e banqueiros contra os trabalhadores
porque agora sem qualquer radicalização de massas faria o contrário?
A razão de fundo para um giro tão abrupto de 360 graus na política do PCO, que passou de uma caracterização sobre o governo Lula como um “Presidente dos banqueiros” para o radicalmente oposto “Governo dos trabalhadores”, obviamente não está em alguma mudança substancial na essência do governo da Frente Popular de colaboração de classes.
O motivo da profunda
alteração na política do PCO reside na própria relação que passou a estabelecer
com o Estado Burguês, tendo é claro como “mediador” deste novo “relacionamento”
estabelecido com a burguesia o Partido dos Trabalhadores.
Para os Marxistas as bases materiais de sustentação de uma
organização revolucionária devem ser absolutamente independentes do Estado e da
classe dominante capitalista (e seus agentes políticos), desgraçadamente a
cúpula revisionista do PCO desconsiderou este princípio, o “ABC” de um genuíno
Partido Leninista.
O PCO tem essa conduta venal porque suas “ilusões” não estão
lastreadas apenas na “confusão mental” (apesar de todos os delirium tremens do
Sr. Pimenta e seu séquito familiar) mas pela sua adaptação ideológica ao PT,
são produto das benesses materiais que Causa Operária foi agraciada na gestão
de Dilma, seus dirigentes foram recebidos como fieis aliados no Palácio do
Planalto por defender a democracia burguesa, com a legenda nacional fantasma
sendo premiada com verbas do Fundo Partidário que somaram mais de 1 milhão e
quinhentos mil reais em 2020.
Da “noite para o dia”, ou melhor, antes e depois de receber
“ajuda” financeira do PT, o PCO passou a ver o mundo divido entre “golpistas e
não golpistas”, a luta entre as classes simplesmente desapareceu da pauta
programática do Sr. Pimenta, tudo se reduzia ao melhor estilo do velho
“Partidão”, ao confronto entre “esquerda versus direita”, sem considerar o
caráter de classe desta “esquerda”, mesmo que esteja na gerência do Estado
burguês, descarregando o ônus da crise capitalista nas costas dos
trabalhadores.
Não por acaso, Causa Operária que antes lançava candidaturas
próprias a presidente e atacava duramente o PT, chegando a denunciar Lula como
o “presidente dos banqueiros” atolado em um mar de lama de corrupção agora é
parte integrante e orgânica da Frente Popular, apresentando com um símbolo de
honestidade.
Como o PCO anda lançando perguntas ao vento, fazemos um desafio a seu oráculo reformista: o que teria levado Rui Pimenta a “esquecer” que antes denunciava Lula como “presidente dos banqueiros”?